Os cães, o governo e nós

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Muitas vezes já fui acordado á noite, ou impedido de dormir, por cães que cismam de latir exatamente no momento em que estou conciliando o sono.

Pior do que isto é quando o governo cisma me mexer em nosso bolso fazendo aumentar mais a nossa crise particular - tirando o sono de muita gente.

Voltando aos cães, os mesmos se unem para impedir o sono de um trabalhador que está descansando após um longo dia de trabalho. E ás vezes conseguem estragar uma noite de um merecido descanso.

Sem poder dormir, fico ouvindo a orquestra desafinada dos cães e admiro a comunicação perfeita que há entre eles. Um late aqui, outro late ali, outro responde acolá e, de repente, centenas de cães ouvem e participam do improvisado show.

Todos se unem contra o trabalhador que pede apenas um pouco de silêncio para poder finalmente dormir um pouco e descansar.Os cães deveriam ser proibidos de latir certas horas da noite.

Na minha forçada divagação noturna, sem querer, chego a algumas conclusões. Os cães, sem saber, me dão a oportunidade de refletir sobre os desencontros e os meandros da vida.

O governo sempre inventa alguma coisa, algum jeitinho de penalizar o trabalhador. Sem falar na corrupção que mina a economia do país com tantos desvios, o governo sempre cria alguma forma usando suas fórmulas com a finalidade de onerar ainda mais o setor produtivo com impostos, taxas e afins.O trabalhador, em geral, é o mais penalizado.

Para os lados de Brasilia é tudo muito simples: é só aumentar os impostos ou criar outros e tudo se resolve. O trabalhador vai continuar sonhando (e tendo pesadelos) ainda por muito tempo

Á moda dos cães da minha rua, o ser humano ás vezes também se une para tirar o sono do seu semelhante. Com uma diferença: os cães o fazem de forma irracional e inconsciente. O ser humano, de forma consciente e premeditada, muitas vezes em luxuosos gabinetes. Quantas vezes somos vítimas de conluios armados afim de nos prejudicar!

Diz um ditado: "enquanto os cães ladram, a caravana passa". Eu diria que a caravana passa e até consegue dormir, apesar dos cães e do Governo.

Depois de refletir por um tempo, enfim consigo conciliar o sono. Os cães continuam latindo, mas agora parecem distantes, cansados e vão sumindo pouco a pouco na bruma e até desaparecem por completo na distância sem fim da cidade. Então durmo, e sonho com cães e pessoas, que sorriem e zombam de mim, mas elas são inofensivas e até amáveis.

Acordo com o despertador me chamando com sua voz peculiar. Vou enfrentar mais um dia com fé e coragem - e cheio da graça de Deus.

Á noite, os cães vão letir de novo, mas eu já estou acostumado com esta orquestra inconveniente - e certamente vou dormir o sono dos justos.

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Opinião do leitor