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Palavra do leitor

Os animais da Bíblia e o circo das ideias malucas

Animais povoam a bíblia. Estão por todos os lugares. Começou no Gênesis. Um belo dia Deus chama Adão e pede para 'dar nome aos bichos'. Mais tarde chamou-se a isso de taxionomia. Aquele negócio em biologia que estuda os princípios, métodos e fins da classificação dos seres vivos.

Lineu foi um dos grandes nessa área, talvez seja dele o maior 'listão' taxionômico com regras e princípios a serem usados para nomear, delimitar e classificar os organismos.

Outro nome, quase uma explicação, é chamar taxionomia de ciência da identificação biológica. Deus pediu a Adão que fizesse isso, mas por outras razões, segundo o livro de Gênesis.

Noé mais tarde não deu nome, mas escolheu pares daquele mundão de bichos que Adão tinha dado. Acho que existia um número reduzido de animais nos tempos dele, mas o certo é que Noé fez o que era possível.

Contei para meu neto de 5 anos como é que deveria ter sido! Ao final da historieta que fantasiei, ele perguntou, “mas vô, também era fedido, né?”. Claro, entre animais há sons e sons!

A Bíblia fala de animais marinhos como ‘o grande peixe’ em Jonas; há em Jó o ‘leviatã’ de couraça impenetrável. A palavra ‘besta’, por exemplo, aparece em diversos textos e a mais famosa é a ‘besta’ ou ‘mula’ de Balaão. Essa ‘besta’ falava!

Mais comum, também, são animais, como ‘leões’, ‘cordeiros’, ‘águias’, ‘corvos’, ‘gafanhotos’ e répteis como a ‘cobra’. Essa última, muito famosa, foi o instrumento para a autoria de toda a desgraça da humanidade.

Os antigos, e coloque antigo nisso, tinha o ‘cachorro’ como um animal sujo. Menos no Egito. Até certa rainha, mulher de Acabe, os ‘cachorros’ acabaram com ela.

O livro do Apocalipse então, nem se fala! A quantidade de bichos de todos os tipos, especialmente os ‘gafanhotos’, fazem o estrago na seara! ‘Dinossauros’ não aparecem no texto bíblico. Tem ‘lagarto’, ‘grande lagarto’. Isso tem.

Em o Novo Testamento a entrada triunfal em Jerusalém foi sobre um ‘burrico’, um ‘jumentinho’. Aqui no Nordeste é o animal do homem simples do interior: come pouco, não paga IPVA nem taxa de estacionamento, e não reclama!

Não consigo imaginar a razão pela qual a bíblia se encanta em mencionar tantos bichos. Claro, alguns fazem até sentido, por exemplo, o ‘lobo’.

Uma leitura harmoniosa da bíblia, porém, pode-se imaginar os homens e os animais servindo uns aos outros; como o ‘leão’, que queda-se com o ‘cordeiro’ sem devorá-lo; ou sua prima, a ‘ovelha’.

E, claro, essas e seus primos, como o ‘cordeiro’, servem até como parte em um dos dramas da redenção do povo do cativeiro.

Meu filho, que gosta churrasco, como ele mesmo diz, ‘mal passado’, quer dizer, ‘boi berrando’, não tem muita simpatia para com os ‘vegans’.

A Wikipédia diz que ‘vegan’ --- The Vegan Society --- foi o termo adotado por um grupo que decidiu que não comeria mais carne. ‘Vegan’ vem da palavra ‘veg[etari]an’.

Diz ele que os vegetarianos são aqueles que não sabem ou não aprenderam a caçar e perderam até o DNA!

Evidentemente que a menção de um universo de animais na bíblia não quer dizer que eles estão ali para ensinar zoologia e quejandos a crente. Isso é coisa de circo.

É verdade que Paulo usa o ‘lobo’, para advertir os presbíteros que há pessoas que se vestem de ‘cordeiros’, mas na verdade são ‘lobos’!

O filósofo inglês Thomas Hobbes (século XVIII), transformou uma expressão latina, "lupus est homo homini non homo" em um aforismo para pespegar essa ideia de que o homem é a presa do próprio homem: ‘o homem é o ‘lobo’ do homem’, dizia. É ‘cobra’ comendo ‘cobra’!

Daí que certos textos bíblicos têm sido usados para tudo quanto é sorte de maledicências e escamoteação; e para a pobreza mental e limitações morais é só um pulo.

Seria esse o sentido ou a razão no texto de Paulo? Não creio.

O Salmo 23, por exemplo, tem em mente pastor e ‘ovelha’. Aliás, o Livro de Salmos está recheado disso, da boa relação de pastor com ‘ovelhas’.

Nunca criei ‘ovelhas’, mas posso lhe assegurar que o bicho fede! Diferente do lobo, um animal limpo. A ovelha é o animal que tem cara de bobo, olhos abobalhados, opacos; e olha com jeitão de gente que não sabe se o bicho comeu e não gostou; ou se não gostou, mas de qualquer maneira comeu.

Guardada as proporções, ‘porco’ deveria ser chamado de ‘ovelha’ e ‘ovelha’ de ‘porco’. Na minha propriedade em Goiás, ‘ovelha’ não entra.

Qual seria o sentido, então, do uso de animais na Bíblia? São os animais ou os sons que emitem o objeto de lição ou aviso?

Acho que tem a ver com algo assemelhado a ‘som incerto’ (I Cor. 14: 8).
O ‘Flautista de Hamelin’ dos irmãos Grimm se encaixa com perfeição aqui (AQUI).

Como um ‘som certo’ na boca de ‘flautista errado’ estraga a festa, não? Pior quando o ‘som incerto’, como na fábula, fica por conta de maus devedores!

Se o ‘Flautista de Hamelin’ aparecesse hoje, ele seria capaz de transformar até rato gordo em turista sorridente! Com a ajuda de Paulo Coelho e Dan Brown, claro!
P - RN
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