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Palavra do leitor

Ordem de prisão!

Vou narrar hoje mais uma história interessante, lá das Minas Gerais [Juiz de Fora], no final da década de 60; saíra eu para visitar um cliente do Banco e, na volta, passei em frente ao Fórum antigo; subi alguns degraus, estiquei o pescoço e vi, lá no hall, uma rodinha de bate-papo de alguns oficiais de justiça.

Adentrei e com um aperto de mão e um "boa tarde" cumprimentei cada um deles e convidei-os para um cafezinho, em um Café próximo, após o que agradeci despedindo-me, mas solicitei a um deles que atravessasse a rua comigo.

Esse oficial vinha alegando não encontrar o devedor em uma Ação Executiva; entramos em uma loja de calçados, na qual eu sabia que trabalhava o "Executado" de suposto "paradeiro incerto e não sabido".

Disse eu, então, ao Oficial de Justiça: "eis aí o homem, por obséquio, notifique-o" e recebi como resposta do Servidor Público, meio assustado, a alegação de que não poderia fazê-lo pois a notificação judicial estava em sua pasta, no Fórum.

Prontamente, disse eu: "Levemo-lo, pois, ao Fórum", com o que concordou o Oficial de Justiça; como Advogado do "Exequente", embora desnecessário, os acompanhei; diante do Juiz o servidor comunicou-lhe o ocorrido e disse ao devedor: "Teje preso!", e o meritíssimo Juiz, pondo-se de pé, acatou dizendo: "Preso está!"

[Aliás, não cabia prisão].

Finalmente, cumprida a formalidade legal, notificação do executado, o processo pôde retornar à Pauta do Cartório para execução; essa é uma das razões da morosidade da Justiça: procrastinação!

Decorridas muitas décadas, essa lembrança remete meus pensamentos para um fato, o qual muitos não conseguem discernir, que todos somos devedores, diante de Deus, por causa do pecado, e pecado é tudo o que contraria a vontade de Deus, até um simples mau pensamento.

É muito clara a Palavra de Deus definindo que "todos pecaram e carecem da glória de Deus" (Romanos 3 23); há, todavia, uma diferença em relação a essa história, eis que Deus não nos envia um Oficial de Justiça [Anjo] cada vez que nos tornamos devedores [pecadores] para nos cobrar ou para que entreguemos algum bem em garantia [penhora] da nossa dívida com Ele.

Deus é Amor e nos ama tanto, mas tanto mesmo, "que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (João 3 16), vida eterna na presença dele.

Ele não necessita que alguém diga, em nome dele: "Teje preso" [esteja preso] para que Ele declare: "Preso está!"; Ele já nos perdoou, na cruz do Calvário, todos os nossos pecados passados, presentes e futuros.

Agora, tão somente, compete a cada um de nós, individual e presencialmente [em vida], receber o Senhor Jesus no coração, e o perdão é tão certo e imediato, que adquirimos o direito, a partir disso, de passarmos à condição de filhos de Deus, família de Deus [antes éramos apenas criaturas].

"Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus" (João 1 12-13).

É importante que saibamos que até "os demônios creem e tremem" (Tiago 2 19b); é necessário, no entanto, crer e obedecer [seguir] ao Senhor Jesus, eis que Ele "se tornou o Autor da salvação daqueles que lhe obedecem" (Hebreus 5 9).

Também nos esclarece a Palavra de Deus que isso não representa dizer que, a partir dessa aceitação pessoal, não mais pecamos:

"Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós. Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo" (I João 1.10, 2.1).

O Senhor Jesus já fez, em nosso lugar, o único e suficiente sacrifício; não há sacrifícios, pois, a serem feitos por nós, não somos devedores de obras, pois a salvação é pela graça mediante a fé no Senhor Jesus:

"Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie" (Efésios 2 8-9).

Se a salvação é pela graça, mediante a fé, podemos, e devemos, praticar boas obras como resultado [como fruto] dessa graça já recebida e não [obras] para alcançar tão grande salvação.

Respeitosamente, reitero que Deus não nos enviou o Seu Filho unigênito para nos levarem diante d’Ele dizendo "Teje preso!" para que Ele possa declarar: "Preso está!"

O nosso único e suficiente Salvador, o Senhor Jesus, veio, da parte do Pai, para que saibamos que não veio nos julgar, nem condenar, pois Ele já se entregou à morte, e morte de cruz, em nosso lugar, para nos livrar da condenação eterna.

"Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus" (João 3 17-18).
São Paulo - SP
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