Palavra do leitor
- 16 de dezembro de 2008
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Oração e onipotência
A realidade está em constante conflito com o desejo. Realidade é tudo que reporta aos limites, a impossibilidade de ter todos os anseios realizados, ao fato de termos uma origem, às vicissitudes do desenvolvimento e, em última análise, à morte. A criança tenta, a todo custo, não enfrentá-la. Para tal, supervaloriza suas próprias idéias, sentimentos e afetos. Nesta perspectiva, adulto é aquele que abriu mão dos seus sentimentos de onipotência infantis.
Esta necessidade de onipotência, do ponto de vista do nosso aparelho inconsciente, é transferida para o pai e para a figura da deidade. Deus é aquele que existe, em algum lugar, com a imortalidade, com o todo-poder e com o todo-saber. O diálogo com ela, então, garante a quem ora o contato com aquele que encarna o desejo da criança por afastar-se da realidade. E mais, a capacidade de influenciá-la a ponto de ter os desejos satisfeitos. A oração se torna um recurso mágico frente às imprevisibilidades, tanto do mundo exterior, quanto dos próprios sentimentos enterrados nas profundezas da alma.
A crítica freudiana é aplicável a todos os fiéis? Pouco provável, sejam estes cristãos ou não. Não é inútil repetir o preconceito subjacente desta crítica desde o seu nascedouro. Contudo, mesmo não sendo verdadeira para todos os crentes, o é para muitos. E pode ser tomada como crítica ou como alvos do crescimento espiritual.
Mas o Deus bíblico é aquele que não permite a fuga da realidade, mas faz questão que seus filhos a encarem e a vivam em plenitude. A realidade da perseguição, da solidão, das dificuldades ordinárias do cotidiano é ofertada a todos, e o autor de Hebreus, no capítulo 11, faz um longo discurso a respeito da "certeza das coisas que se esperam, e da convicção dos fatos que não são vistos" e daqueles que viveram a fé dentro desta realidade. São chamados de "homens dos quais o mundo não era digno".
"Agrada-te do Senhor e Ele satisfará aos desejos do seu coração" não é uma promessa de inviolabilidade, de onipotência ou conforto permanente, mas de refrigério ocasional. E Jesus, que foi torturado e morto, ao qual adotamos como Senhor, viveu esta promessa na sua integralidade. Assim como nós devemos fazer...
(Texto produzido a partir do livro "Orar depois de Freud", de Carlos Domínguez Morano, Edições Loyola 1994).
Crer é Pensar!
Esta necessidade de onipotência, do ponto de vista do nosso aparelho inconsciente, é transferida para o pai e para a figura da deidade. Deus é aquele que existe, em algum lugar, com a imortalidade, com o todo-poder e com o todo-saber. O diálogo com ela, então, garante a quem ora o contato com aquele que encarna o desejo da criança por afastar-se da realidade. E mais, a capacidade de influenciá-la a ponto de ter os desejos satisfeitos. A oração se torna um recurso mágico frente às imprevisibilidades, tanto do mundo exterior, quanto dos próprios sentimentos enterrados nas profundezas da alma.
A crítica freudiana é aplicável a todos os fiéis? Pouco provável, sejam estes cristãos ou não. Não é inútil repetir o preconceito subjacente desta crítica desde o seu nascedouro. Contudo, mesmo não sendo verdadeira para todos os crentes, o é para muitos. E pode ser tomada como crítica ou como alvos do crescimento espiritual.
Mas o Deus bíblico é aquele que não permite a fuga da realidade, mas faz questão que seus filhos a encarem e a vivam em plenitude. A realidade da perseguição, da solidão, das dificuldades ordinárias do cotidiano é ofertada a todos, e o autor de Hebreus, no capítulo 11, faz um longo discurso a respeito da "certeza das coisas que se esperam, e da convicção dos fatos que não são vistos" e daqueles que viveram a fé dentro desta realidade. São chamados de "homens dos quais o mundo não era digno".
"Agrada-te do Senhor e Ele satisfará aos desejos do seu coração" não é uma promessa de inviolabilidade, de onipotência ou conforto permanente, mas de refrigério ocasional. E Jesus, que foi torturado e morto, ao qual adotamos como Senhor, viveu esta promessa na sua integralidade. Assim como nós devemos fazer...
(Texto produzido a partir do livro "Orar depois de Freud", de Carlos Domínguez Morano, Edições Loyola 1994).
Crer é Pensar!
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