Palavra do leitor
- 12 de novembro de 2013
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Onde estava Deus quando tudo deu certo?
Normalmente as pessoas perguntam o oposto: "onde está Deus quando tudo dá errado?". E se esmeram na busca de um sentido para o sofrimento, afinal, como pode Deus ser bom e todo poderoso se o mal está presente?
Essa pergunta é que é universal.
E este é justamente o nosso problema, se grande parte ou a maioria da população vive uma tragédia, por que será que pra mim tudo vai bem?
Em meu trabalho costumo saudar um colega, um alemão grisalho que já avista a aposentadoria, com o tradicional “Wie geht’s” – como vai – pelo que ele sempre responde: Tudo bem! E explica: Pra gente má sempre vai tudo muito bem…
Irônico não? Mas até mesmo um salmista, na Bíblia, diz que enquanto o justo sofre, os maus prosperam e nem por isso devem ser invejados, pois o fim deles será a perdição.
Mas se você tem aquela convicção de que pessoa categoricamente má, você não é… Fica ainda aquela sensação então de que as coisas não deveriam estar indo assim tão bem, e será só uma questão de tempo, e uma hora, a bomba relógio explodirá. Ou seja, as coisas vão bem, mas não porque sou mau, mas porque é momentâneo e uma hora chegará o dia mau. Basta esperar.
E isso também não está longe do inconsciente coletivo e nem dos ensinos contidos na Bíblia. Jesus mesmo disse “ai daqueles que riem, pois em breve vão chorar” ou qualquer coisa nesse sentido; e disse “bem aventurados os que choram”. O estado normal do justo é algo que beiraria o martírio…
Por isso não é incomum a uma pessoa que prospera seja no campo familiar, financeiro, social, profissional (e normalmente essas coisas estão todas atreladas umas às outras), essa pessoa, logo trata de minimizar sua prosperidade e achar um revés aqui e ali para justificar e calar sua consciência. É o típico caso do magnata que se queixa e resmunga, como o mais miseráveis dos homens, pois teve que pagar uma fortuna para fazer o concerto do iate ou do jatinho. E coisas do gênero.
Não é raro que as pessoas se sintam culpadas quando as coisas vão bem, e Paul Tournier, famoso psiquiatra suíço, trata com muita propriedade do assunto em seu livro “Culpa e Graça”.
No fundo, o que me ocorre tem a ver com o que postou esses dias outro amigo, o Gidiel@gidielcamara, em seu twitter :
"O simples fato de viver (se é que eu posso dizer que viver é simples), já nos expõe aos perigos, às tempestades, às dores, aos sofrimentos."
Estamos todos expostos. Uns em maior grau outros em menor. E acrescento, seremos atingidos. Uns em maior grau e outros em menor. E o grau de exposição nem sempre tem uma relação direta com o grau do impacto do perigo, das tempestades, das dores, dos sofrimentos, quando eles nos atingem.
A verdade é que nunca “tudo” dará certo.
Todos nós conhecemos o fracasso. Somos participantes do drama humano, quer queiramos ou não. Quer sintamos ou não. A tragédia alheia, se já não é, deveria ser também minha. Para isso há pouco espaço para fuga.
O curioso é que a tendência geral é procurarmos logo uma relação de causa e efeito, não poucas vezes carregada de preconceitos e espírito condenatório: Ele está sofrendo porque pecou, logo se eu não pecar não sofrerei. A tragédia lhe atingiu porque Deus tinha um plano, ele está sofrendo mas Deus sabe que é um santo passando pela provação; logo se eu for santo, o sofrimento fatalmente virá.
Um dos excelentes teólogos que nossa geração tem produzido no Brasil, Ricardo Gondim, tem sofrido por apresentar uma outra perspectiva de relação sofrimento x vida espiritual, na qual uma coisa pouco tem a ver com a outra no patamar de causas e efeitos. Para ele muito do sofrimento (e eu acrescentaria do sucesso) que experimentamos é por meras razões contingenciais. Deus não estaria por trás controlando e engendrando um plano pelo qual o sofrer (ou o sucesso) faria parte. A contingência, o acaso, é um elemento proposto pela vida, o qual capacita os seres humanos a serem, simplesmente, humanos.
Philip Yancey, outro teólogo fenomenal de nosso tempo, se esforçou em diversos de seus livros para demonstrar que no sofrimento, não há espaço para se perguntar onde estaria Deus quando a tragédia aconteceu. Pois o Deus, revelado em Jesus se mostrou presente ao lado das pessoas que sofriam, e sofreu com elas. Nem sempre Deus estava evitando o sofrimento, nem sempre ele estava solucionando os sofrimentos. Mas Ele estava sempre presente no sofrimento, como força consoladora, como ombro amigo. Como alguém que sofria junto.
Não tenho nenhum medo de transportar essa mesma lógica para a questão do sucesso, ou, “quando tudo dá certo”. Afinal de contas Jesus também estava presente com os que festejavam, nos banquetes, “comendo e bebendo” com os “pecadores”, as “pessoas más”.Uma das características marcantes do Reino inaugurado pelo Rei dos Judeus é a alegria.
Portanto a vida será composta de instantes, uns de intensa vitória, outros de intenso abismo. A sabedoria reside em saber diferenciá-los, avaliá-los e vivenciá-los integralmente.
Essa pergunta é que é universal.
E este é justamente o nosso problema, se grande parte ou a maioria da população vive uma tragédia, por que será que pra mim tudo vai bem?
Em meu trabalho costumo saudar um colega, um alemão grisalho que já avista a aposentadoria, com o tradicional “Wie geht’s” – como vai – pelo que ele sempre responde: Tudo bem! E explica: Pra gente má sempre vai tudo muito bem…
Irônico não? Mas até mesmo um salmista, na Bíblia, diz que enquanto o justo sofre, os maus prosperam e nem por isso devem ser invejados, pois o fim deles será a perdição.
Mas se você tem aquela convicção de que pessoa categoricamente má, você não é… Fica ainda aquela sensação então de que as coisas não deveriam estar indo assim tão bem, e será só uma questão de tempo, e uma hora, a bomba relógio explodirá. Ou seja, as coisas vão bem, mas não porque sou mau, mas porque é momentâneo e uma hora chegará o dia mau. Basta esperar.
E isso também não está longe do inconsciente coletivo e nem dos ensinos contidos na Bíblia. Jesus mesmo disse “ai daqueles que riem, pois em breve vão chorar” ou qualquer coisa nesse sentido; e disse “bem aventurados os que choram”. O estado normal do justo é algo que beiraria o martírio…
Por isso não é incomum a uma pessoa que prospera seja no campo familiar, financeiro, social, profissional (e normalmente essas coisas estão todas atreladas umas às outras), essa pessoa, logo trata de minimizar sua prosperidade e achar um revés aqui e ali para justificar e calar sua consciência. É o típico caso do magnata que se queixa e resmunga, como o mais miseráveis dos homens, pois teve que pagar uma fortuna para fazer o concerto do iate ou do jatinho. E coisas do gênero.
Não é raro que as pessoas se sintam culpadas quando as coisas vão bem, e Paul Tournier, famoso psiquiatra suíço, trata com muita propriedade do assunto em seu livro “Culpa e Graça”.
No fundo, o que me ocorre tem a ver com o que postou esses dias outro amigo, o Gidiel@gidielcamara, em seu twitter :
"O simples fato de viver (se é que eu posso dizer que viver é simples), já nos expõe aos perigos, às tempestades, às dores, aos sofrimentos."
Estamos todos expostos. Uns em maior grau outros em menor. E acrescento, seremos atingidos. Uns em maior grau e outros em menor. E o grau de exposição nem sempre tem uma relação direta com o grau do impacto do perigo, das tempestades, das dores, dos sofrimentos, quando eles nos atingem.
A verdade é que nunca “tudo” dará certo.
Todos nós conhecemos o fracasso. Somos participantes do drama humano, quer queiramos ou não. Quer sintamos ou não. A tragédia alheia, se já não é, deveria ser também minha. Para isso há pouco espaço para fuga.
O curioso é que a tendência geral é procurarmos logo uma relação de causa e efeito, não poucas vezes carregada de preconceitos e espírito condenatório: Ele está sofrendo porque pecou, logo se eu não pecar não sofrerei. A tragédia lhe atingiu porque Deus tinha um plano, ele está sofrendo mas Deus sabe que é um santo passando pela provação; logo se eu for santo, o sofrimento fatalmente virá.
Um dos excelentes teólogos que nossa geração tem produzido no Brasil, Ricardo Gondim, tem sofrido por apresentar uma outra perspectiva de relação sofrimento x vida espiritual, na qual uma coisa pouco tem a ver com a outra no patamar de causas e efeitos. Para ele muito do sofrimento (e eu acrescentaria do sucesso) que experimentamos é por meras razões contingenciais. Deus não estaria por trás controlando e engendrando um plano pelo qual o sofrer (ou o sucesso) faria parte. A contingência, o acaso, é um elemento proposto pela vida, o qual capacita os seres humanos a serem, simplesmente, humanos.
Philip Yancey, outro teólogo fenomenal de nosso tempo, se esforçou em diversos de seus livros para demonstrar que no sofrimento, não há espaço para se perguntar onde estaria Deus quando a tragédia aconteceu. Pois o Deus, revelado em Jesus se mostrou presente ao lado das pessoas que sofriam, e sofreu com elas. Nem sempre Deus estava evitando o sofrimento, nem sempre ele estava solucionando os sofrimentos. Mas Ele estava sempre presente no sofrimento, como força consoladora, como ombro amigo. Como alguém que sofria junto.
Não tenho nenhum medo de transportar essa mesma lógica para a questão do sucesso, ou, “quando tudo dá certo”. Afinal de contas Jesus também estava presente com os que festejavam, nos banquetes, “comendo e bebendo” com os “pecadores”, as “pessoas más”.Uma das características marcantes do Reino inaugurado pelo Rei dos Judeus é a alegria.
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