Palavra do leitor
- 02 de agosto de 2011
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O vocabulário do Novo Testamento para a salvação
O vocabulário do apóstolo Paulo com respeito a salvação é muito rico e nos ajuda muito neste assunto. Se observarmos as palavras que o apóstolo usam, vamos entender como compreendia a salvação, se ele defendia o livre-arbítrio do ser humano ou se ele defendia a soberania de Deus.
a) Προγνοσις (prognosis), At.2:23; 1Pd.1:2). É um substantivo derivativo de προγνοσκω (prognoskô), At. 26:5; Rm.8:29; 11:2, que significa:conhecer antes, saber, eleger de antemão. Prognosis significa: pré-ciência, pré-conhecimento.[1] Para alguns arminianos esta palavra apenas quer dizer que Deus conhece tudo antecipadamente, mas que ele não escolheu, só conhece. Devemos então observar o que C.E.B. Cranfield escreve:
"...egno (de gnosis) deve ser compreendido à luz do uso de Yada, em passagens como Gn 18.19, Jr 1:5, Am 3:2, onde o termo denota aquele conhecimento de uma pessoa de modo especial, que é a graça eletiva de Deus. A idéia expresssa por pro- é não apenas que a escolha graciosa de Deus, com relação àqueles que são mencionados, precedeu o conhecimento que eles têm dEle, mas que ela [ a escolha] teve lugar antes que o mundo fosse criado (cf. Ef. 1.4; 2Tm. 1.9; [e, dentro da mesma linha, 1Pe 1.20]".[2]
E Berkhof também observa:
"O significado das palavras prognoskein e prognosis no Novo Testamento não está determinado por seu uso nos autores clássicos, mas pelo significado especial de Yada’. Estes termos não denotam uma presciência ou previsão simplesmente intelectual, a mera informação antecipada acerca de algo, mas um conhecimento seletivo que considera a alguém com simpatia e o faz objetivo de seu amor, e deste modo chega perto da idéia de preordenação, At. 2:23; (compare-se com 4:28); Rm. 8:29; 11:2; 1Pd. 1:2."[3]
a) Λίρέομαι (aireomai), Fp. 1:22; 2Ts. 2:13; Hb. 11:25. Este é o verbo que significa: escolher, preferir alguém ou algo.[4] Quando o N.T. usa esta palavra com respeito aos salvos, está com isso declarando que a salvação só ocorreu porque Deus escolheu os santos de entre os perdidos.
b) Καλεω (kaleô), Gl. 1:15; Ef. 4:1; 1Ts. 2:12; 2Tm. 1:9; Hb. 5:4. Este é o verbo chamar, convidar. Tendo também o significado de selecionar alguém para assumir um cargo ou ofício.[5]
c) Έκλέγω (éklégô), Rm. 9:11; 11:5; Ef. 1:5. Este termo significa: escolher, eleger.[6] O uso desta expressão e suas declinações serve para acentuar o fato de que Deus seleciona um número determinado de entre a raça humana e os coloca em relação com Ele. [7]
O uso destes termos pelos autores bíblicos mostra que na visão deles os que são agraciados com a salvação, são sempre escolhidos por Deus em primeiro lugar. Os escritores da Bíblia sempre tratam os salvo como: “eleitos, escolhidos, chamados” (Rm. 1:6,7; 8:28; 11:5,7; 1Co. 1:24; Ef. 4-5; Mc. 13:20,22; Hb. 9:15; 1Pd. 1:1-2; 2Jo.13; Ap. 17:14). A idéia de um grupo escolhido, selecionado se sobressai (Mt. 13:10; Mc. 4:10; At. 13:48; Tt. 2:14; Lc. 2:14. É para estes que Cristo veio se revelar (Mt. 11:27; 16: 13-17; Jo. 5:21).
Algo que se deve prestar muita atenção é no tempo em que a Bíblia diz que aconteceu esta escolha: “antes da fundação do mundo” (Ef. 1:4), ou “de antemão” (Rm. 8:29) Se Deus escolhesse alguém pelo que viu que este alguém seria no futuro, pela Sua presciência, esta escolha não poderia ser antes da fundação do mundo. Se fosse por algo que a pessoa fez, como “aceitar Cristo”, a escolha não seria antes da fundação do mundo. E isto segundo Paulo, não aconteceu de uma maneira aleatória, mas aconteceu “segundo o conselho Sua vontade” (Ef. 1:11). Não algo contra os planos de Deus, mas algo que Ele idealizou. Francis Folkes diz o seguinte:
“As palavras aqui usadas (Ef. 1:11) possuem esta força: primeiro da ação de Deus “ impulsar” (energountos), ou seja, “energizar” todas as coisas; portanto seu plano determinado (boulê, At. 2:23; 4:38; 13:36; 20:27); portanto seu querer ou vontade (thelema; vs. 5 e 9)".[8]
E hendriksen:
"O que determina o nosso destino não é nem a sorte e nem o mérito humano. O benevolente propósito - para que fôssemos santos e irrepreensíveis (v.4), filhos de Deus (v.5), destinados a glorificá-lo eternamente (v.6; cf. vv.12 e 14)- está estabelecido, sendo parte de um plano, que inclui absolutamente todas as coisas que sempre existiram e têm lugar no céu, na terra e no inferno; as do passado, as do presente e ainda as do futuro; que têm relação tanto com crentes como com descrentes, com anjos e com demônios, com atividades tanto físicas quanto espirituais, e com unidades de existência tanto grandes quanto pequenas; Deus não é só o autor, mas também o executor de tudo. A sua providência no curso do tempo é tão ampla como o é seu decreto desde a eternidade. O que Paulo declara literalmente é que Deus opera (opera com sua energia em) todas as coisas. A mesma palavra ocorre também nos vv. 19 e 20, a qual se refere à obra (=operação energética) do poder infinito do Pai de glória, que operou (=exerceu energeticamente) em Cristo quando o ressuscitou dos mortos".[9]
Assim, Paulo afirma que Deus opera (gr. Ένεργουντος = energountos, particípio presente do verbo ένεργέω (énergéô = operar, atuar, ser eficaz, cumprir, realizar))[10] em todas as coisas segundo os seus propósitos que não podem ser frustrados (Ef. 1:11, comp. Jó 42:2). Falando sobre esta palavra e outras da mesma família o Dr. William Barclay diz o seguinte:
"Lembremo-nos de que este grupo inteiro de palavras descreve não somente o poder, como também o poder eficaz, o poder que atinge o alvo e o objetivo que visa desde o inicio. Ora, é principalmente a Deus que estas palavras são aplicadas; transmitem, portanto, a mensagem da eficácia do poder de Deus... O poder de Deus é eficaz no mundo. Este não é um mundo que está fora de controle, mas um mundo onde Deus está operando as coisas (Ef. 1:11). Por detrás do enredo movimentado das coisas há desígnios; o caleidoscópio da experiência tem um padrão, e o criador daquele padrão é Deus".[11]
Notas
[1] RUSCONI, Carlo. Dicionário do Grego do Novo Testamento ( São Paulo: Paulus, 203), p. 388.
[2] Citado em MUELLER, Ênio R. 1 Pedro-Introdução e Comentário (São Paulo: Vida Nova, 1991), pp. 70-71.
[3] Teologia Sistematica (Grand Rapids T.E.E.L., 1976), p. 131 (Tradução minha). “A presciência de Deus é muito mais que saber o que vai acontecer no futuro, inclui... Sua escolha efetiva.” RIENECKER, Fritz; ROGERS, Cleon. Chave Lingüistica do Novo Testamento (São Paulo: Vida Nova, 2006), p.551.
[4] RUSCONI, Carlo. p. 25.
[5] Para uma boa discussão do emprego deste verbo veja: HOEKEMA, Anthony. Salvos pela Graça (São Paulo: Cultura Cristã, 2002), pp. 88-93.
[6] RUSCONI, Carlo. p. 157.
[7] RIENECKER, Fritz; ROGERS, Cleon. p. 386; BERKHOF, L. p. 132.
[8] Efésios- Introdução e Comentário (São Paulo: Vida Nova, 1981), p. 47. Para um comentário adicional sobre este versículo veja: FEINBERG, John, etc. Predestinação e Livre-Arbítrio, 3ª ed. (São Paulo: Mundo Cristão, 2000), pp.45-48.
[9] Efésios, pp. 112-113.
[10] Vd. RIENECKER, Fritz; ROGERS, Cleon. p. 387; RUSCONI, Carlo. p. 170.
[11] Palavras Chaves do Novo Testamento, 2ª ed. (São Paulo: Vida Nova, 2000), pp. 55,56.
a) Προγνοσις (prognosis), At.2:23; 1Pd.1:2). É um substantivo derivativo de προγνοσκω (prognoskô), At. 26:5; Rm.8:29; 11:2, que significa:conhecer antes, saber, eleger de antemão. Prognosis significa: pré-ciência, pré-conhecimento.[1] Para alguns arminianos esta palavra apenas quer dizer que Deus conhece tudo antecipadamente, mas que ele não escolheu, só conhece. Devemos então observar o que C.E.B. Cranfield escreve:
"...egno (de gnosis) deve ser compreendido à luz do uso de Yada, em passagens como Gn 18.19, Jr 1:5, Am 3:2, onde o termo denota aquele conhecimento de uma pessoa de modo especial, que é a graça eletiva de Deus. A idéia expresssa por pro- é não apenas que a escolha graciosa de Deus, com relação àqueles que são mencionados, precedeu o conhecimento que eles têm dEle, mas que ela [ a escolha] teve lugar antes que o mundo fosse criado (cf. Ef. 1.4; 2Tm. 1.9; [e, dentro da mesma linha, 1Pe 1.20]".[2]
E Berkhof também observa:
"O significado das palavras prognoskein e prognosis no Novo Testamento não está determinado por seu uso nos autores clássicos, mas pelo significado especial de Yada’. Estes termos não denotam uma presciência ou previsão simplesmente intelectual, a mera informação antecipada acerca de algo, mas um conhecimento seletivo que considera a alguém com simpatia e o faz objetivo de seu amor, e deste modo chega perto da idéia de preordenação, At. 2:23; (compare-se com 4:28); Rm. 8:29; 11:2; 1Pd. 1:2."[3]
a) Λίρέομαι (aireomai), Fp. 1:22; 2Ts. 2:13; Hb. 11:25. Este é o verbo que significa: escolher, preferir alguém ou algo.[4] Quando o N.T. usa esta palavra com respeito aos salvos, está com isso declarando que a salvação só ocorreu porque Deus escolheu os santos de entre os perdidos.
b) Καλεω (kaleô), Gl. 1:15; Ef. 4:1; 1Ts. 2:12; 2Tm. 1:9; Hb. 5:4. Este é o verbo chamar, convidar. Tendo também o significado de selecionar alguém para assumir um cargo ou ofício.[5]
c) Έκλέγω (éklégô), Rm. 9:11; 11:5; Ef. 1:5. Este termo significa: escolher, eleger.[6] O uso desta expressão e suas declinações serve para acentuar o fato de que Deus seleciona um número determinado de entre a raça humana e os coloca em relação com Ele. [7]
O uso destes termos pelos autores bíblicos mostra que na visão deles os que são agraciados com a salvação, são sempre escolhidos por Deus em primeiro lugar. Os escritores da Bíblia sempre tratam os salvo como: “eleitos, escolhidos, chamados” (Rm. 1:6,7; 8:28; 11:5,7; 1Co. 1:24; Ef. 4-5; Mc. 13:20,22; Hb. 9:15; 1Pd. 1:1-2; 2Jo.13; Ap. 17:14). A idéia de um grupo escolhido, selecionado se sobressai (Mt. 13:10; Mc. 4:10; At. 13:48; Tt. 2:14; Lc. 2:14. É para estes que Cristo veio se revelar (Mt. 11:27; 16: 13-17; Jo. 5:21).
Algo que se deve prestar muita atenção é no tempo em que a Bíblia diz que aconteceu esta escolha: “antes da fundação do mundo” (Ef. 1:4), ou “de antemão” (Rm. 8:29) Se Deus escolhesse alguém pelo que viu que este alguém seria no futuro, pela Sua presciência, esta escolha não poderia ser antes da fundação do mundo. Se fosse por algo que a pessoa fez, como “aceitar Cristo”, a escolha não seria antes da fundação do mundo. E isto segundo Paulo, não aconteceu de uma maneira aleatória, mas aconteceu “segundo o conselho Sua vontade” (Ef. 1:11). Não algo contra os planos de Deus, mas algo que Ele idealizou. Francis Folkes diz o seguinte:
“As palavras aqui usadas (Ef. 1:11) possuem esta força: primeiro da ação de Deus “ impulsar” (energountos), ou seja, “energizar” todas as coisas; portanto seu plano determinado (boulê, At. 2:23; 4:38; 13:36; 20:27); portanto seu querer ou vontade (thelema; vs. 5 e 9)".[8]
E hendriksen:
"O que determina o nosso destino não é nem a sorte e nem o mérito humano. O benevolente propósito - para que fôssemos santos e irrepreensíveis (v.4), filhos de Deus (v.5), destinados a glorificá-lo eternamente (v.6; cf. vv.12 e 14)- está estabelecido, sendo parte de um plano, que inclui absolutamente todas as coisas que sempre existiram e têm lugar no céu, na terra e no inferno; as do passado, as do presente e ainda as do futuro; que têm relação tanto com crentes como com descrentes, com anjos e com demônios, com atividades tanto físicas quanto espirituais, e com unidades de existência tanto grandes quanto pequenas; Deus não é só o autor, mas também o executor de tudo. A sua providência no curso do tempo é tão ampla como o é seu decreto desde a eternidade. O que Paulo declara literalmente é que Deus opera (opera com sua energia em) todas as coisas. A mesma palavra ocorre também nos vv. 19 e 20, a qual se refere à obra (=operação energética) do poder infinito do Pai de glória, que operou (=exerceu energeticamente) em Cristo quando o ressuscitou dos mortos".[9]
Assim, Paulo afirma que Deus opera (gr. Ένεργουντος = energountos, particípio presente do verbo ένεργέω (énergéô = operar, atuar, ser eficaz, cumprir, realizar))[10] em todas as coisas segundo os seus propósitos que não podem ser frustrados (Ef. 1:11, comp. Jó 42:2). Falando sobre esta palavra e outras da mesma família o Dr. William Barclay diz o seguinte:
"Lembremo-nos de que este grupo inteiro de palavras descreve não somente o poder, como também o poder eficaz, o poder que atinge o alvo e o objetivo que visa desde o inicio. Ora, é principalmente a Deus que estas palavras são aplicadas; transmitem, portanto, a mensagem da eficácia do poder de Deus... O poder de Deus é eficaz no mundo. Este não é um mundo que está fora de controle, mas um mundo onde Deus está operando as coisas (Ef. 1:11). Por detrás do enredo movimentado das coisas há desígnios; o caleidoscópio da experiência tem um padrão, e o criador daquele padrão é Deus".[11]
Notas
[1] RUSCONI, Carlo. Dicionário do Grego do Novo Testamento ( São Paulo: Paulus, 203), p. 388.
[2] Citado em MUELLER, Ênio R. 1 Pedro-Introdução e Comentário (São Paulo: Vida Nova, 1991), pp. 70-71.
[3] Teologia Sistematica (Grand Rapids T.E.E.L., 1976), p. 131 (Tradução minha). “A presciência de Deus é muito mais que saber o que vai acontecer no futuro, inclui... Sua escolha efetiva.” RIENECKER, Fritz; ROGERS, Cleon. Chave Lingüistica do Novo Testamento (São Paulo: Vida Nova, 2006), p.551.
[4] RUSCONI, Carlo. p. 25.
[5] Para uma boa discussão do emprego deste verbo veja: HOEKEMA, Anthony. Salvos pela Graça (São Paulo: Cultura Cristã, 2002), pp. 88-93.
[6] RUSCONI, Carlo. p. 157.
[7] RIENECKER, Fritz; ROGERS, Cleon. p. 386; BERKHOF, L. p. 132.
[8] Efésios- Introdução e Comentário (São Paulo: Vida Nova, 1981), p. 47. Para um comentário adicional sobre este versículo veja: FEINBERG, John, etc. Predestinação e Livre-Arbítrio, 3ª ed. (São Paulo: Mundo Cristão, 2000), pp.45-48.
[9] Efésios, pp. 112-113.
[10] Vd. RIENECKER, Fritz; ROGERS, Cleon. p. 387; RUSCONI, Carlo. p. 170.
[11] Palavras Chaves do Novo Testamento, 2ª ed. (São Paulo: Vida Nova, 2000), pp. 55,56.
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dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.
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