Palavra do leitor
- 30 de outubro de 2014
- Visualizações: 2375
- comente!
- +A
- -A
- compartilhar
O Tumulto de Wittemberg
O monge atravessa a praça apressado em direção à porta da capela de Wittemberg (Alemanha). Lembra dos últimos anos e das situações que lhe encheram o coração de reflexão e... indignação! A extrema riqueza do clero, em contraste com a extrema pobreza do povo alemão. A ocultação do conhecimento pela Igreja, enquanto o povo iletrado não tinha acesso às Escrituras e era manipulado pelo medo, na mais completa ignorância intelectual e espiritual. A promiscuidade do clero, principalmente em Roma, na qual, diziam, havia bordéis específicos para padres. O podre comércio das relíquias e peregrinações aos lugares “santos”, nos quais se vendiam ossos de “santos” e pedaços da “legítima cruz de Cristo”. Quem visse uma relíquia ganhava milhares de anos a menos no Purgatório. Uma piada corrente dizia que, dos 12 apóstolos, 18 estavam enterrados na Espanha. E cada ”túmulo” de “santos” e “apóstolos” era lugar de peregrinação, desde que você pagasse para ver ou tocar.
Mas a gota d’água foi o escandaloso comércio das indulgências, doutrina com a qual se obtinha o perdão de qualquer pecado por meio de pagamento à Igreja. O Papa Leão X precisava construir a Basílica de São Pedro em Roma e, para arrecadar dinheiro, reacendeu a doutrina das indulgências, ou como dizem os historiadores, “colocou o céu à venda”. Esta doutrina tinha no famigerado Tetzel o seu maior mercador, o qual tinha até uma tabela de preços: bruxaria = 2 ducados, poligamia = 6 ducados, assassinato = 8 ducados, sacrilégio = 9 ducados, perjúrio = 9 ducados. Bastava pagar e se estaria “livre” da culpa do pecado.
O monge lembrou da visita que fez à Roma, com o intuído de resgatar um parente do Purgatório. Deveria pagar certo preço, subir longa escadaria de joelhos rezando um Pai Nosso em cada degrau, no fim da escadaria essa “graça” seria obtida. O monge fez isso e, no fim da escadaria, sentiu-se decepcionado, ridículo... e revoltado! Algo o incomodava. Para quê esse sacrifício se Cristo já se sacrificou? Pra quê pagar se Cristo já pagou tudo?
Passou a buscar intensamente a Deus e estudar a sua Palavra, pois não tinha paz interior e sentia-se atormentado pela culpa. Um dia, leu nas Escrituras: “...visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: o justo viverá por fé” (Rm 1:17), não por indulgências, nem sacrifícios, nem peregrinações, nem boas obras, e muito menos... dinheiro! A partir deste evento seus olhos abriram-se e conseguiu achar a tão sonhada paz de espírito que buscava. Somente as Escrituras, agora, dirigiam a sua vida.
O estudo e reflexão nas Escrituras levaram o monge a escrever 95 questionamentos, principalmente contra o comércio das indulgências. O monge não tinha ideia dos eventos que suas 95 teses iriam desencadear. Em poucos dias essas teses estariam impressas e espalhadas em toda a Europa, desencadeando o nascimento do Protestantismo Reformado. O monge não tinha certeza do que suas teses fariam, mas tinha certeza que a verdade das Escrituras jamais deveria ser negada, ao contrário, deveria ser pregada, mesmo que isso custasse seu corpo na fogueira. Por isso mesmo, começa as suas teses assim: “Por amor à Verdade...”
O monge atravessa a praça, pega o martelo e prega as suas teses na porta da capela de Wittemberg. Um tumulto começa a se formar ali na porta. E o Soberano Deus das Escrituras, faria com que esse tumulto se espalhasse pela história e suas marteladas ecoassem até nos dias de hoje.
E era 31 de outubro de 1517.
Presb. Aldair Ribeiro dos Santos
aldairrr@hotmail.com
Mas a gota d’água foi o escandaloso comércio das indulgências, doutrina com a qual se obtinha o perdão de qualquer pecado por meio de pagamento à Igreja. O Papa Leão X precisava construir a Basílica de São Pedro em Roma e, para arrecadar dinheiro, reacendeu a doutrina das indulgências, ou como dizem os historiadores, “colocou o céu à venda”. Esta doutrina tinha no famigerado Tetzel o seu maior mercador, o qual tinha até uma tabela de preços: bruxaria = 2 ducados, poligamia = 6 ducados, assassinato = 8 ducados, sacrilégio = 9 ducados, perjúrio = 9 ducados. Bastava pagar e se estaria “livre” da culpa do pecado.
O monge lembrou da visita que fez à Roma, com o intuído de resgatar um parente do Purgatório. Deveria pagar certo preço, subir longa escadaria de joelhos rezando um Pai Nosso em cada degrau, no fim da escadaria essa “graça” seria obtida. O monge fez isso e, no fim da escadaria, sentiu-se decepcionado, ridículo... e revoltado! Algo o incomodava. Para quê esse sacrifício se Cristo já se sacrificou? Pra quê pagar se Cristo já pagou tudo?
Passou a buscar intensamente a Deus e estudar a sua Palavra, pois não tinha paz interior e sentia-se atormentado pela culpa. Um dia, leu nas Escrituras: “...visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: o justo viverá por fé” (Rm 1:17), não por indulgências, nem sacrifícios, nem peregrinações, nem boas obras, e muito menos... dinheiro! A partir deste evento seus olhos abriram-se e conseguiu achar a tão sonhada paz de espírito que buscava. Somente as Escrituras, agora, dirigiam a sua vida.
O estudo e reflexão nas Escrituras levaram o monge a escrever 95 questionamentos, principalmente contra o comércio das indulgências. O monge não tinha ideia dos eventos que suas 95 teses iriam desencadear. Em poucos dias essas teses estariam impressas e espalhadas em toda a Europa, desencadeando o nascimento do Protestantismo Reformado. O monge não tinha certeza do que suas teses fariam, mas tinha certeza que a verdade das Escrituras jamais deveria ser negada, ao contrário, deveria ser pregada, mesmo que isso custasse seu corpo na fogueira. Por isso mesmo, começa as suas teses assim: “Por amor à Verdade...”
O monge atravessa a praça, pega o martelo e prega as suas teses na porta da capela de Wittemberg. Um tumulto começa a se formar ali na porta. E o Soberano Deus das Escrituras, faria com que esse tumulto se espalhasse pela história e suas marteladas ecoassem até nos dias de hoje.
E era 31 de outubro de 1517.
Presb. Aldair Ribeiro dos Santos
aldairrr@hotmail.com
Os artigos e comentários publicados na seção Palavra do Leitor são de única e exclusiva responsabilidade
dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.
dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.
- 30 de outubro de 2014
- Visualizações: 2375
- comente!
- +A
- -A
- compartilhar
QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI.
Ultimato quer falar com você.
A cada dia, mais de dez mil usuários navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, além do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bíblicos, devocionais diárias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, além de artigos, notícias e serviços que são atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.
PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.
Opinião do leitor
Para comentar é necessário estar logado no site. Clique aqui para fazer o login ou o seu cadastro.
Ainda não há comentários sobre este texto. Seja o primeiro a comentar!
Escreva um artigo em resposta
Para escrever uma resposta é necessário estar cadastrado no site. Clique aqui para fazer o login ou seu cadastro.
Ainda não há artigos publicados na seção "Palavra do leitor" em resposta a este texto.
Revista Ultimato
- +lidos
- +comentados
- O cristão morre?
- A democracia [geográfica] da dor!
- Só a Fé, sim (só a Escolha, não)
- O soldado rendido
- Mergulhados na cultura, mas batizados na santidade (parte 2)
- Não nos iludamos, animal é animal!
- Amor, compaixão, perdas, respeito!
- Até aqui ele não me deixou
- A marca de Deus 777 e a marca da besta 666
- O verdadeiro "salto da fé"!