Palavra do leitor
- 22 de agosto de 2007
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O texto fora do contexto
Meu inesquecível professor de exegese bíblica do Novo Testamento no Seminário do Norte, doutor Flávio Germano, costumava dizer aos seus alunos: "O texto fora do seu contexto é um pretexto para a heresia". O que meu criterioso professor estava dizendo com isso é que não podemos formular uma tese, uma afirmação ou elaborar um corpo de doutrina com textos isolados, fora do seu contexto. Na exegese clássica, isto é chamado de "assassinato do texto". Cada texto, por mais simples que pareça, precisa ser analisado em seu todo, senão teremos problemas e nos tornaremos grandes hereges em nossas afirmações equivocadas da Bíblia.
Em se tratando de questões como "usos e costumes" a partir de textos bíblicos, como por exemplo vestuário masculino e feminino (Dt 22.5), dieta alimentar (1Co 10.14-31), uso de cabelo comprido ou curto (1 Co 11.13-15), a estética das mulheres cristãs (1 Tm 2.9-10), e sobre o silêncio das mulheres cristãs nas igrejas (1 Co 14.34-35) e em casa com seus maridos (1 Tm 2.11-15), é necessário se levar em conta os aspectos histórico, teológico e cultural do texto em questão. Não basta analisar o texto puro e simplesmente de forma literal, é preciso interpretá-lo à luz da hermenêutica e contextualizá-lo à luz da exegese aplicando-o às necessidades de nosso tempo.
Em relação ao funcionamento da igreja, o texto predileto fora do contexto, usado por membros faltosos, que se ausentam da sua comunhão de forma deliberada por algum motivo, e que geralmente querem comprometer a figura pastoral para justificar a sua falta, é o de Lucas 15.1-7, a conhecida Parábola das Cem Ovelhas. O uso indevido deste texto, serve tão-somente para dar respaldo ao errante na alegação de que o pastor não saiu à sua procura e, que, portanto, magoado e cheio de razões, não voltará ao aprisco de onde saiu. Só que o referido texto dentro do seu contexto não está fazendo referência à igreja local e movimento de membros, mas, tanto as parábolas da Ovelha Perdida, da Moeda Perdida e do Filho Perdido, e que encontrados expressaram muita alegria, e que fazem parte de um mesmo contexto, tratam, na verdade, da preocupação de Deus de, através do Seu amor eterno e de Sua graça ilimitada, em querer salvar aquele perdido, que em Sua presciência já sabia que seria encontrado, como no dizer de Jesus em Lucas 19.10: "Pois o Filho do homem veio buscar e salvar o que estava perdido". Portanto, a aplicação deste contexto tem a ver com a salvação do perdido e não com a manutenção do crente na igreja. O perdido necessita ser encontrado; o crente, se o é de fato, precisa manter a sua perseverança.
Entretanto, há um texto que realmente se aplica à igreja e ao caráter de seus membros, o também conhecido "Jesus o Bom Pastor" de João 10. Esta passagem apresenta Jesus como o Supremo Pastor que "dá a sua vida pelas ovelhas" (Jo 10.11-18) e que "conhece as suas ovelhas e é conhecido por elas" (Jo 10.14). Neste assunto, Jesus nos apresenta, de forma categórica, as atitudes das suas ovelhas e das que não são suas ovelhas. Das que não são suas ovelhas, Jesus afirmou: "Mas vocês não crêem, porque não são minhas ovelhas" (Jo 10.26); das que são suas ovelhas, Jesus concluiu: "As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem" (Jo 10.27). O que podemos concluir com isto, é que ser ovelha de Jesus é algo definitivo, não se levando em conta as falhas, erros e imperfeições do pastor. Só o Supremo Pastor, Jesus, é que foi perfeito em tudo o que falou e fez; os seus pastores, vocacionados e chamados, por mais preparados que sejam, sempre terão falhas, mas não são razões suficientes para se abandonar o aprisco: "Tenho outras ovelhas que não são deste aprisco. É necessário que eu as conduza também. Elas ouvirão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor" (Jo 10.16).
Analisar um texto dentro do seu contexto é isto. É acima de tudo, ser honesto e fiel com a Palavra. É examiná-la, sobretudo, debaixo da iluminação do Espírito com a finalidade, sempre, de colocá-la no coração.
Que Deus nos ajude a compreender, de maneira correta, a Sua Palavra. Que sejamos intérpretes verdadeiros e não por conveniências. Sejamos responsáveis por nossas atitudes e coerentes com nossas ações entendendo o significado de ser ovelha do Aprisco do Reino. Sola Gratia!
Em se tratando de questões como "usos e costumes" a partir de textos bíblicos, como por exemplo vestuário masculino e feminino (Dt 22.5), dieta alimentar (1Co 10.14-31), uso de cabelo comprido ou curto (1 Co 11.13-15), a estética das mulheres cristãs (1 Tm 2.9-10), e sobre o silêncio das mulheres cristãs nas igrejas (1 Co 14.34-35) e em casa com seus maridos (1 Tm 2.11-15), é necessário se levar em conta os aspectos histórico, teológico e cultural do texto em questão. Não basta analisar o texto puro e simplesmente de forma literal, é preciso interpretá-lo à luz da hermenêutica e contextualizá-lo à luz da exegese aplicando-o às necessidades de nosso tempo.
Em relação ao funcionamento da igreja, o texto predileto fora do contexto, usado por membros faltosos, que se ausentam da sua comunhão de forma deliberada por algum motivo, e que geralmente querem comprometer a figura pastoral para justificar a sua falta, é o de Lucas 15.1-7, a conhecida Parábola das Cem Ovelhas. O uso indevido deste texto, serve tão-somente para dar respaldo ao errante na alegação de que o pastor não saiu à sua procura e, que, portanto, magoado e cheio de razões, não voltará ao aprisco de onde saiu. Só que o referido texto dentro do seu contexto não está fazendo referência à igreja local e movimento de membros, mas, tanto as parábolas da Ovelha Perdida, da Moeda Perdida e do Filho Perdido, e que encontrados expressaram muita alegria, e que fazem parte de um mesmo contexto, tratam, na verdade, da preocupação de Deus de, através do Seu amor eterno e de Sua graça ilimitada, em querer salvar aquele perdido, que em Sua presciência já sabia que seria encontrado, como no dizer de Jesus em Lucas 19.10: "Pois o Filho do homem veio buscar e salvar o que estava perdido". Portanto, a aplicação deste contexto tem a ver com a salvação do perdido e não com a manutenção do crente na igreja. O perdido necessita ser encontrado; o crente, se o é de fato, precisa manter a sua perseverança.
Entretanto, há um texto que realmente se aplica à igreja e ao caráter de seus membros, o também conhecido "Jesus o Bom Pastor" de João 10. Esta passagem apresenta Jesus como o Supremo Pastor que "dá a sua vida pelas ovelhas" (Jo 10.11-18) e que "conhece as suas ovelhas e é conhecido por elas" (Jo 10.14). Neste assunto, Jesus nos apresenta, de forma categórica, as atitudes das suas ovelhas e das que não são suas ovelhas. Das que não são suas ovelhas, Jesus afirmou: "Mas vocês não crêem, porque não são minhas ovelhas" (Jo 10.26); das que são suas ovelhas, Jesus concluiu: "As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem" (Jo 10.27). O que podemos concluir com isto, é que ser ovelha de Jesus é algo definitivo, não se levando em conta as falhas, erros e imperfeições do pastor. Só o Supremo Pastor, Jesus, é que foi perfeito em tudo o que falou e fez; os seus pastores, vocacionados e chamados, por mais preparados que sejam, sempre terão falhas, mas não são razões suficientes para se abandonar o aprisco: "Tenho outras ovelhas que não são deste aprisco. É necessário que eu as conduza também. Elas ouvirão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor" (Jo 10.16).
Analisar um texto dentro do seu contexto é isto. É acima de tudo, ser honesto e fiel com a Palavra. É examiná-la, sobretudo, debaixo da iluminação do Espírito com a finalidade, sempre, de colocá-la no coração.
Que Deus nos ajude a compreender, de maneira correta, a Sua Palavra. Que sejamos intérpretes verdadeiros e não por conveniências. Sejamos responsáveis por nossas atitudes e coerentes com nossas ações entendendo o significado de ser ovelha do Aprisco do Reino. Sola Gratia!
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