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Palavra do leitor

O tempero da vida

Assim como a água ou o ar sem os quais não vivemos, o sal é um elemento fundamental para nossas vidas. Sem ele, a alimentação fica sem graça, quase insuportável. Passe uns dias num hospital e você verá o significado de uma comida insossa. Paradoxalmente, é o componente mais barato de nossa lista de compras, chega a ficar quase escondido nas prateleiras dos supermercados. Porém, quando misturado a um prato favorito, descobre-se seu valor único.

Certa feita, Jesus, numa caminhada pela Galileia, ao pronunciar aquele que seria conhecido como um dos seus mais profundos sermões, o do Monte, (Mt 5 a 8) falou sobre o sal. Conta-nos o escritor Mateus, aquele que havia sido coletor de impostos e decidiu largar sua profissão vergonhosa (cobrava dinheiro de um povo sofrido para manter o luxo de um Império que o dominava), que Jesus subiu num monte e passou a ensinar seus discípulos mais próximos. Suas palavras seriam duras mostrando o peso que seus seguidores deveriam carregar, mas também o privilégio que teriam em conhecer e espalhar os valores do reino que ele estava inaugurando. Claro, eles ainda não tinham ideia do tamanho, da profundidade e das implicações da decisão de seguir o Messias que já havia sido identificado e reconhecido por Batista ainda no ventre de sua mãe, Isabel (Lc 1.41).

Numa parte do seu discurso, o Mestre declara: "Vós sois o sal da terra; se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens" (Mt 5.13). Acompanhado por uma multidão que vinha de todas as bandas, o primo de João Batista usou a figura do sal para ensinar grandes verdades aos que lhe ouviam. Ele era um "expert" em metaforizar enquanto ensinava, sempre se utilizando de figuras comuns àquele povo e àquela cultura, o que facilitava a absorção da mensagem pela multidão analfabeta, na sua maioria. Mas por que o sal desta vez?

O cloreto de sódio era muito abundante na Palestina e parte da produção insípida que não era vendida era guardada no templo sob ordem dos sacerdotes para ser usada durante o curto período de frio quando chegava a nevar em Jerusalém. Durante esse tempo, o piso do templo ficava muito escorregadio e, portanto, perigoso para os fiéis. Então os líderes do templo mandavam espalhar o sal que havia sido guardado sobre a neve para que esta se dissipasse. Assim sendo, as pessoas "pisavam" no sal insípido enquanto andavam pelo templo. Por isso Jesus disse no versículo citado qual seria o fim do sal que não serve para salgar: ser pisado pelos homens, somente. Interessante observar que tal prática, usar sal para derreter a neve, ainda é usada até os dias de hoje em várias partes do mundo.

Ao meditar nas palavras do Cristo registradas pela pena de Levi, fico pensando como está minha vida como discípulo de Jesus. Será se tenho, como o sal, cumprido minha função de salgar, de levar sabor, tempero, deleite aos que me cercam fazendo-lhes enxergar a vida sob a ótica da Palavra de Deus? Pergunto a mesma coisa sobre a igreja atual. Estamos contribuindo em levar o "bom perfume de Cristo" a um mundo mal cheiroso, defeituoso, para usar outra metáfora bíblica, desta vez retirada de Paulo? (2Co 2). Ou até mesmo se nós não estamos "exagerando na dose", julgando e condenando as pessoas, antes do tempo, com nossa própria régua ou padrão ético (e não o padrão da justiça de Deus), e assim como o mar morto, cujo teor de salinidade é dez vezes maior que o normal, matando vidas impossibilitando que haja peixes em suas águas. Enfim, sal de menos ou sal demais são dois extremos os quais devemos evitar.

Este mineral atua ainda como condimento e antisséptico. No primeiro caso ele dá sabor aos alimentos, aumentando seu valor e propiciando deleite aos seus usuários. No segundo, permite que se evite a proliferação de fungos e bactérias evitando a decomposição de alimentos e possíveis infecções, ou seja, um verdadeiro remédio para o corpo. Mas, infelizmente, a vida de muitos cristãos hoje tem mais a ver com mel do que com sal. Procura-se mais "adoçar a própria vida do que salgar o mundo".

Assim como o sal muda a química dos alimentos e superfícies por onde passa, o cristão maduro e comprometido com os princípios e ditames do reino de Deus deve atuar, proposital e deliberadamente, para mudar estruturas e ideologias que denigrem a imagem do homem feito à semelhança do Criador, que tentam ofuscar a presença e a luz do Evangelho, o único que tem poder para transformar de verdade corações e mentes, corpo e alma.

Que não sejamos como o mar morto, cuja existência é egoísta e autocentrada, mas como um oceano vivo, salgado na medida certa e próprio para receber e manter vidas em suas águas. Que nossa existência seja um banquete suprido pelo "Pão que desceu do céu" onde muitos possam usufruir conosco do maná que sacia nossa fome e sede de justiça e de uma vida temperada com o sal que traz cura para nossas enfermidades e deleite para nossa alma.

Tony - https://pingosdagraca.wordpress.com
Brasília - DF
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