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Palavra do leitor

O suicídio do Escorpião

Nestes dias, no entorno do Ministério da Educação, a discussão é liberar ou não um novo livro já enviado para milhares de escolas em todo o País.

O livro propõe que a nossa língua seja falada com erros gramaticais, quando o que devemos promover, nos ambientes que frequentamos, é o aperfeiçoamento da Língua, e não a sua banalização.

Disse Fernando Pessoa: “A minha Pátria é a Língua Portuguesa”.

Quando aprendemos algum idioma estrangeiro, sempre respeitamos a sua gramática; por que vulgarizar o nosso?

A polêmica é a respeito de textos fora da concordância, e os destaques têm sido, entre outras, as expressões “os livro” e “nós pega o peixe” [erros de concordância nominal e verbal], que agridem a cultura das pessoas que estudaram, estudam e muito valorizam a nossa Língua Portuguesa.

Isso sem contar que queremos para o futuro [filhos e netos] uma Nação não só alfabetizada, mas, sobretudo, culta.

Isto nos remete ao final da década de 50, Instituto Metodista Granbery, em Juiz de Fora, quando nosso douto Mestre de Português, Prof. Augusto Gotardelo, à época considerado o melhor de Minas, quiçá do Brasil, nos ensinava sobre a palavra
“suicidar”.

Dizia que o prefixo “sui” quer dizer “a si mesmo”; logo, suicidar [sui + cidar] é “matar-se” [matar a si próprio].

Todavia, a educação e a cultura brasileiras se adaptaram à linguagem popular e passaram a aceitar “suicidar-se”. No nosso parco e antiquado entendimento isto corresponde a dizer “se matar-se”.

A questão do suicidar nos traslada para Belo Horizonte, década de 40 (1947), quando morávamos em uma vila pobre, com casinholas geminadas.

A nossa casa, em “L”, tinha 2 cômodos; em uma extremidade o quarto com uns 8 metros quadrados, e na sequência, um cômodo que era, ao mesmo tempo, sala e cozinha [fogão de lenha de alvenaria, pintado de preto], e, no outro lado do “L”, o tanque e o banheiro.

À noite, nas frestas do forro, vindos do telhado, apareciam vários escorpiões, que passeavam pelo teto. Como, vez em quando, um caia no chão de cimento, nossos pais enrolavam algodão nos pés das camas para evitar que eles subissem e picassem as crianças à noite.

Ficava o perigo de caírem diretamente sobre as camas; mas Deus sempre nos protegeu e ninguém nunca foi picado.

Uma vez nosso pai viu um escorpião no chão e chamou- nos, 4 filhos e uma filha [o caçula era bebê], para uma experiência interessante, embora macabra.

Fez uma circunferência de álcool, uns 20 cm. de raio, em volta do escorpião; a distância era para evitar que o escorpião se queimasse antes de se consumar a experiência. Aí ele riscou o fósforo e colocou no anel de álcool; o bichinho, amedrontado, levantou o rabinho e ferroou o próprio pescoço, morrendo! Suicidou [se]!

Essa experiência nos conduz de volta ao século 21, em São Paulo, onde temos lido uma “estorinha” que transita pela internet:

- “Em uma das margens de um rio começou uma queimada, cujas chamas já assustavam os animais, os quais começaram a colocar em ação seus respectivos planos de fuga. Mas, o escorpião, não sabendo nadar e nem voar, pede ajuda a um jacaré, para que ele o leve para a outra margem nas suas costas. Seu pedido é prontamente atendido pelo réptil, que aguarda que o companheiro se acomode, e entra no rio em direção à outra margem.

Isso é o que a Bíblia e nós cristãos chamamos de “Salvação”.

Nós estávamos perdidos em nossos pecados, cujo salário é a morte (Rm 6. 23), e o nosso Senhor Jesus nos trouxe das trevas para a sua maravilhosa luz (1Pe 2. 9).

Fomos salvos pela Graça de Deus derramada sobre toda a humanidade, mediante a fé no Senhor Jesus; e o próprio Senhor sentenciou: “Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado [condenado], porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus” (Jo 3. 18).

Recebemos de graça, nesse ato do Senhor Jesus, de entregar a sua vida em nosso lugar, a salvação da condenação pelos nossos pecados. Mas, há uma segunda Salvação que iremos receber em futuro próximo; o Senhor Jesus vai nos retirar da terra (Jo 14. 2-3), antes da Grande Tribulação (Mt 24. 21) para o encontro com Ele nos ares, entre nuvens (1Ts 4. 16-17), o que a Bíblia chama de “arrebatamento”, primeiro os mortos em Cristo, e, em seguida, nós os vivos.

Mas a estória do escorpião não terminou na outra margem do rio, com a salvação de sua vida; não! No meio do percurso, ele picou o jacaré, e este reclamou: “eu lhe salvei do incêndio e agora você me mata, com o seu veneno, ferroando-me!”. O escorpião responde, justificando-se, “é a minha natureza!”, e morre junto com o jacaré no fundo do rio.

Nós, também, temos a nossa natureza pecaminosa, fomos perdoados pelo Senhor Jesus, que deu a sua vida (Jo 3. 16) por nós naquela cruz, que deveria ser nossa; mas Ele, ainda, nos salvará da “ira vindoura” (1Ts 1. 10) através do arrebatamento já citado se, de fato, O recebemos no coração (Jo 1. 12) e a Ele obedecemos (Hb 5. 9).
São Paulo - SP
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