Palavra do leitor
- 17 de maio de 2011
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O solteirão de Oxford e a ex-ateia americana
A futura esposa de Lewis nasceu nos EUA de pais judeus. Comunista, ateia, poetisa e escritora, conheceu Lewis já convertida e divorciada de seu ex-marido com quem teve dois filhos.
Em 1952 emigrou para a Inglaterra depois de dois anos de correspondência com ele a quem considerou como amiga e companheira. Intelectual como ele, Joy tinha vasto conhecimento e experiência de vida e de infortúnio, talvez mais do que ele, além de grande senso de humor.
Por meio de um acordo (contrato de casamento) com Lewis conseguiu visto de permanência para que ela permanecesse no Reino Unido.
O casamento terminou com sua morte (câncer) em 1960 aos 45 anos de idade para grande tristeza de Lewis que faleceria três anos mais tarde de complicações renais.
Joy já era divorciada quando conheceu Lewis e muito embora a Igreja da Inglaterra a época fizesse restrições ao divórcio, eles se casaram em 1956, logo no início do câncer.
Foi um casamento também de conveniência, posto que Joy e seus dois filhos não poderiam continuar a manter residência no país.
Os amigos de Lewis deram-lhes um ‘gelo’ e por um bom tempo e os dois conheceram certo ostracismo social por conta desse casamento.
Com a doença de Joy ambos morariam na casa do irmão dele, Warren Lewis, solteirão como o irmão. Depois da morte de Joy, Lewis adotou seus dois filhos. David tornou-se judeu ortodoxo e Douglas Gresham, cristão evangélico.
Escreveu Douglas sobre o padrasto quando o viu pela primeira vez:
“Na cozinha de sua casa... fomos recebidos por um homem ligeiramente encurvado, calvo e de ombros caídos, com dedos e dentes manchados de nicotina, vestindo as roupas mais surradas que eu jamais vira. Aquele não era um cavaleiro, era um dignitário. Um dignitário de Oxford àquela época. Apesar do meu espanto inicial, logo Jack emergiu do meu C. S. Lewis imaginário para se tornar real. Eu perdi uma ilusão, mas ganhei a princípio um amigo e mais tarde um padrasto muito amado.” (AQUI).
A vida de ambos virou filme ("Terra das Sombras") estrelado pelo ator Anthony Hopkins (como C. S. Lewis) e Debra Winger (como Joy) em 1993.
Em "Cristianismo Puro e Simples", Lewis escreve sobre sobre casamento. Por ter sido um solteirão por boa parte de sua vida, confessa não ter muito a dizer sobre o casamento (cristão). Primeiro porque achava que à sua época o assunto tinha sido abordado doutrinariamente de modo muito negativo, sobretudo pela igreja.
Segundo, porque ele declara, à época, que por não casado falaria sobre o assunto em ‘segunda mão’. Sua abordagem, portanto, é mais moral (ética) e não tanto prática.
Sobre casamento escreveria um tratado, mas não um livro tipo auto-ajuda.
Tomando a idéia da Bíblia de que um homem e uma mulher são "uma só carne", ele usa a figura do cadeado e da chave para ilustrar essa união. Condena o sexo antes e fora do casamento (claro, é homem de seu tempo) e enfatiza o prazer do sexo (Joy e Lewis moravam em quartos separados na casa do irmão). Insiste no casamento para toda a vida (mas por razões óbvias aprovaria o divórcio).
O amor, se eu o entendi bem, não deve ser a única razão para se permanecer casado. O casamento também é contrato ou promessa com responsabilidades inerentes. Se os nubentes dizem ‘sim’ para um e outro, motivados pelo amor, implícito no ‘sim’ está a idéia de contrato, de promessa, seja na alegria ou na dor.
Se o amor fosse tudo, a promessa que se fizesse (o ‘sim’ do casamento), não acrescentaria nada. Bastaria o amor. Logo, quem ama é inclinado a firmar-se nas promessas.
Em outras palavras, os ‘amantes’ (nubentes) levam a sério as promessas impulsionados pelo amor que os une. De modo que mesmo que o amor cesse, as promessas devem ser mantidas.
Não se trata de prometer um ao outro sentir sempre a mesma coisa a vida toda, mas promessa de coisas factíveis: casa e educação dos filhos, por exemplo.
Acabou nosso ‘amor’, perguntarão, pois que se cumpram as promessas feitas. Até o judiciário que não conheceu Lewis faz isso naquilo que se chama de ‘pensão alimentícia’.
Se entendi Lewis corretamente, enfatiza ele também a idéia de que muitos acham que se se casar com a pessoa certa (e por ‘amor’) dever-se-ia pensar que nunca acabará (a relação). Ledo engano, diria ele!
E quando a coisa desaba (o amor acaba) muitos pensam (especialmente o evangélico), isso prova que teriam casado com a pessoa errada e, portanto, procederiam na busca de um novo, esquecendo, porém, argumenta, que se o amor anterior desapareceu, o novo poderá desaparecer também.
Lewis tem coisas a dizer sobre ‘cabeça’ no casamento que desagradaria a maioria que escreve sobre o assunto. Aqui ele é um homem bíblico do século XXI.
C. S. Lewis é uma grande figura literária (evangélica) e sentir-se-ia como peixe fora d’água na sociedade hoje.
Foi realmente um homem de seu tempo, nasceu no fim do século XIX e ficaria confuso com uma decisão como a do Supremo Tribunal Federal para a união homoafetiva.
Em 1952 emigrou para a Inglaterra depois de dois anos de correspondência com ele a quem considerou como amiga e companheira. Intelectual como ele, Joy tinha vasto conhecimento e experiência de vida e de infortúnio, talvez mais do que ele, além de grande senso de humor.
Por meio de um acordo (contrato de casamento) com Lewis conseguiu visto de permanência para que ela permanecesse no Reino Unido.
O casamento terminou com sua morte (câncer) em 1960 aos 45 anos de idade para grande tristeza de Lewis que faleceria três anos mais tarde de complicações renais.
Joy já era divorciada quando conheceu Lewis e muito embora a Igreja da Inglaterra a época fizesse restrições ao divórcio, eles se casaram em 1956, logo no início do câncer.
Foi um casamento também de conveniência, posto que Joy e seus dois filhos não poderiam continuar a manter residência no país.
Os amigos de Lewis deram-lhes um ‘gelo’ e por um bom tempo e os dois conheceram certo ostracismo social por conta desse casamento.
Com a doença de Joy ambos morariam na casa do irmão dele, Warren Lewis, solteirão como o irmão. Depois da morte de Joy, Lewis adotou seus dois filhos. David tornou-se judeu ortodoxo e Douglas Gresham, cristão evangélico.
Escreveu Douglas sobre o padrasto quando o viu pela primeira vez:
“Na cozinha de sua casa... fomos recebidos por um homem ligeiramente encurvado, calvo e de ombros caídos, com dedos e dentes manchados de nicotina, vestindo as roupas mais surradas que eu jamais vira. Aquele não era um cavaleiro, era um dignitário. Um dignitário de Oxford àquela época. Apesar do meu espanto inicial, logo Jack emergiu do meu C. S. Lewis imaginário para se tornar real. Eu perdi uma ilusão, mas ganhei a princípio um amigo e mais tarde um padrasto muito amado.” (AQUI).
A vida de ambos virou filme ("Terra das Sombras") estrelado pelo ator Anthony Hopkins (como C. S. Lewis) e Debra Winger (como Joy) em 1993.
Em "Cristianismo Puro e Simples", Lewis escreve sobre sobre casamento. Por ter sido um solteirão por boa parte de sua vida, confessa não ter muito a dizer sobre o casamento (cristão). Primeiro porque achava que à sua época o assunto tinha sido abordado doutrinariamente de modo muito negativo, sobretudo pela igreja.
Segundo, porque ele declara, à época, que por não casado falaria sobre o assunto em ‘segunda mão’. Sua abordagem, portanto, é mais moral (ética) e não tanto prática.
Sobre casamento escreveria um tratado, mas não um livro tipo auto-ajuda.
Tomando a idéia da Bíblia de que um homem e uma mulher são "uma só carne", ele usa a figura do cadeado e da chave para ilustrar essa união. Condena o sexo antes e fora do casamento (claro, é homem de seu tempo) e enfatiza o prazer do sexo (Joy e Lewis moravam em quartos separados na casa do irmão). Insiste no casamento para toda a vida (mas por razões óbvias aprovaria o divórcio).
O amor, se eu o entendi bem, não deve ser a única razão para se permanecer casado. O casamento também é contrato ou promessa com responsabilidades inerentes. Se os nubentes dizem ‘sim’ para um e outro, motivados pelo amor, implícito no ‘sim’ está a idéia de contrato, de promessa, seja na alegria ou na dor.
Se o amor fosse tudo, a promessa que se fizesse (o ‘sim’ do casamento), não acrescentaria nada. Bastaria o amor. Logo, quem ama é inclinado a firmar-se nas promessas.
Em outras palavras, os ‘amantes’ (nubentes) levam a sério as promessas impulsionados pelo amor que os une. De modo que mesmo que o amor cesse, as promessas devem ser mantidas.
Não se trata de prometer um ao outro sentir sempre a mesma coisa a vida toda, mas promessa de coisas factíveis: casa e educação dos filhos, por exemplo.
Acabou nosso ‘amor’, perguntarão, pois que se cumpram as promessas feitas. Até o judiciário que não conheceu Lewis faz isso naquilo que se chama de ‘pensão alimentícia’.
Se entendi Lewis corretamente, enfatiza ele também a idéia de que muitos acham que se se casar com a pessoa certa (e por ‘amor’) dever-se-ia pensar que nunca acabará (a relação). Ledo engano, diria ele!
E quando a coisa desaba (o amor acaba) muitos pensam (especialmente o evangélico), isso prova que teriam casado com a pessoa errada e, portanto, procederiam na busca de um novo, esquecendo, porém, argumenta, que se o amor anterior desapareceu, o novo poderá desaparecer também.
Lewis tem coisas a dizer sobre ‘cabeça’ no casamento que desagradaria a maioria que escreve sobre o assunto. Aqui ele é um homem bíblico do século XXI.
C. S. Lewis é uma grande figura literária (evangélica) e sentir-se-ia como peixe fora d’água na sociedade hoje.
Foi realmente um homem de seu tempo, nasceu no fim do século XIX e ficaria confuso com uma decisão como a do Supremo Tribunal Federal para a união homoafetiva.
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