Palavra do leitor
- 09 de novembro de 2024
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O soldado rendido
Vesta estava sentado no alojamento reservado aos soldados em descanso após o turno de quatro horas como sentinela no palácio do governador. De repente, foi acionado pelo centurião que comandava a tropa para acompanhar a multidão que seguia à crucificação de três homens punidos com a pena capital. A cidade estava repleta de gente, a maioria oriundos dos vilarejos vizinhos curiosos por assistirem a mais um espetáculo promovido por Roma na província da Palestina.
Como um dos mais experientes soldados do pelotão, se destacava na primeira fila e dava ritmo acelerado aos demais companheiros. Escudo firmado no braço esquerdo, lança na mão direita e espada afixada na bainha. Vesta não entendia o porquê de tanto alvoroço. Em outros momentos como aqueles, quando homens eram levados ao matadouro, apenas uns poucos familiares seguiam os prisioneiros. Aquela tarde seria única e teria repercussões eternas na caminhada daquele soldado romano.
Três horas da tarde. Os três infelizes estavam expostos ao forte sol e depois de horas de caminhada, dois deles estavam agonizando: um à esquerda e outro à direita. Porém, o que fora posto ao centro estava calmo, sereno. Parecia seguro e ciente do que estava acontecendo. Sangue escorrendo por todo o corpo, ele pediu água. Ao ouvir aquela voz, Vesta reconheceu o homem. Lembrou-se do dia em que, ao passar por uma pequena multidão, o ouvira falando de "coisas do reino de Deus". Desde aquele dia, seu coração ardia em conhecê-lo melhor. Algo o havia prendido àquele pregador.
Providenciando uma esponja com seus colegas, Vesta a molhou com uma mistura de água e vinagre, uma bebida usada pelos soldados em batalha que os ajudava a repor seus níveis de sal no corpo. A intenção era aliviar a dor do condenado.
Ao olhar direto nos olhos do homem moribundo em cujo madeiro estava escrito "rei dos judeus", Vesta foi dominado por algo poderoso. Sentiu como que uma chama de amor e graça vinda da cruz para seu coração. Só entenderia aquilo bem mais tarde.
Alguns anos mais tarde, o soldado romano agora já promovido a supervisor de cárcere, fora destacado para cuidar da segurança de dois supostos baderneiros. Diziam ser pregadores de uma seita nascida dentro do judaísmo e foram impedidos de falar o nome de quem diziam representar justamente pelos líderes religiosos locais. Curiosamente, Vesta descobriria que era o nome daquele crucificado no Gólgota alguns anos atrás, o mesmo que lhe pedira água minutos antes de seu último suspiro no madeiro.
Por alguns instantes relembrou da fatídica cena quando dera de beber ao sedento. Os tais homens atendiam pelos nomes de Paulo e Silas. Havia um poder todo especial nas palavras e atitudes deles. Assim como seu líder, não pareciam seres deste mundo. Mesmo presos, pareciam livres; enquanto Vesta, mesmo livre, sentia-se perdido, preso a algo que não sabia explicar, — pensava consigo mesmo.
De repente, após um terremoto local, as grades do presídio foram abertas possibilitando que os prisioneiros fossem soltos. Caso isso se concretizasse, Vesta seria responsabilizado e morto pelas autoridades. Seria seu fim. Pensou em tirar sua própria vida. Contudo, os dois homens o acolheram, o acalmaram e lhe apresentaram a mensagem de Jesus. Ao ouvir tal nome, seu coração foi sacudido e transportado à cena da cruz e ao olhar gracioso vindo daquele nela pregado naquela sexta-feira. Ali mesmo entregou sua vida ao senhorio de Cristo, e logo, toda sua casa foi batizada em seu nome.
Sua decisão o fez adentrar numa nova história. Deixou as Forças romanas e virou um soldado fiel àquele que um dia o amou mesmo no momento mais cruel. Passou a fazer parte do mais poderoso exército do mundo, aquele que alcançaria todos os confins da Terra levando esperança e salvação a todos que viessem a crer. Vesta sentia que Deus o havia escolhido e o surpreendido com seu amor incondicional e seu chamado irresistível. Agora era ele quem recebia água diretamente da fonte inesgotável. A água verdadeira que o fez nunca mais ter sede e que jorra para a vida eterna.
Tony Oliveira - Autor do livro: PINGOS DA GRAÇA
Para outros textos do autor, acesse o Blog: https://pingosdagraca.wordpress.com/
Contatos: faos.ead@gmail.com INSTAGRAM: tonyoliveira_69
Como um dos mais experientes soldados do pelotão, se destacava na primeira fila e dava ritmo acelerado aos demais companheiros. Escudo firmado no braço esquerdo, lança na mão direita e espada afixada na bainha. Vesta não entendia o porquê de tanto alvoroço. Em outros momentos como aqueles, quando homens eram levados ao matadouro, apenas uns poucos familiares seguiam os prisioneiros. Aquela tarde seria única e teria repercussões eternas na caminhada daquele soldado romano.
Três horas da tarde. Os três infelizes estavam expostos ao forte sol e depois de horas de caminhada, dois deles estavam agonizando: um à esquerda e outro à direita. Porém, o que fora posto ao centro estava calmo, sereno. Parecia seguro e ciente do que estava acontecendo. Sangue escorrendo por todo o corpo, ele pediu água. Ao ouvir aquela voz, Vesta reconheceu o homem. Lembrou-se do dia em que, ao passar por uma pequena multidão, o ouvira falando de "coisas do reino de Deus". Desde aquele dia, seu coração ardia em conhecê-lo melhor. Algo o havia prendido àquele pregador.
Providenciando uma esponja com seus colegas, Vesta a molhou com uma mistura de água e vinagre, uma bebida usada pelos soldados em batalha que os ajudava a repor seus níveis de sal no corpo. A intenção era aliviar a dor do condenado.
Ao olhar direto nos olhos do homem moribundo em cujo madeiro estava escrito "rei dos judeus", Vesta foi dominado por algo poderoso. Sentiu como que uma chama de amor e graça vinda da cruz para seu coração. Só entenderia aquilo bem mais tarde.
Alguns anos mais tarde, o soldado romano agora já promovido a supervisor de cárcere, fora destacado para cuidar da segurança de dois supostos baderneiros. Diziam ser pregadores de uma seita nascida dentro do judaísmo e foram impedidos de falar o nome de quem diziam representar justamente pelos líderes religiosos locais. Curiosamente, Vesta descobriria que era o nome daquele crucificado no Gólgota alguns anos atrás, o mesmo que lhe pedira água minutos antes de seu último suspiro no madeiro.
Por alguns instantes relembrou da fatídica cena quando dera de beber ao sedento. Os tais homens atendiam pelos nomes de Paulo e Silas. Havia um poder todo especial nas palavras e atitudes deles. Assim como seu líder, não pareciam seres deste mundo. Mesmo presos, pareciam livres; enquanto Vesta, mesmo livre, sentia-se perdido, preso a algo que não sabia explicar, — pensava consigo mesmo.
De repente, após um terremoto local, as grades do presídio foram abertas possibilitando que os prisioneiros fossem soltos. Caso isso se concretizasse, Vesta seria responsabilizado e morto pelas autoridades. Seria seu fim. Pensou em tirar sua própria vida. Contudo, os dois homens o acolheram, o acalmaram e lhe apresentaram a mensagem de Jesus. Ao ouvir tal nome, seu coração foi sacudido e transportado à cena da cruz e ao olhar gracioso vindo daquele nela pregado naquela sexta-feira. Ali mesmo entregou sua vida ao senhorio de Cristo, e logo, toda sua casa foi batizada em seu nome.
Sua decisão o fez adentrar numa nova história. Deixou as Forças romanas e virou um soldado fiel àquele que um dia o amou mesmo no momento mais cruel. Passou a fazer parte do mais poderoso exército do mundo, aquele que alcançaria todos os confins da Terra levando esperança e salvação a todos que viessem a crer. Vesta sentia que Deus o havia escolhido e o surpreendido com seu amor incondicional e seu chamado irresistível. Agora era ele quem recebia água diretamente da fonte inesgotável. A água verdadeira que o fez nunca mais ter sede e que jorra para a vida eterna.
Tony Oliveira - Autor do livro: PINGOS DA GRAÇA
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dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.
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