Palavra do leitor
- 30 de janeiro de 2009
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O que há de errado com a igreja brasileira? (parte final)
Os comentários agressivos recebidos devido a meu último texto me fizeram questionar de forma ainda mais contundente: o que, afinal de contas, há de errado com a igreja brasileira?
O clima de guerra institucional, que então mencionei, se mostrou patente nos e-mails que me enviaram. Não existe um ambiente de paz e harmonia. Repare num fato: é comum hoje as igrejas terem uma homepage. Lá elas colocam sua história, como iniciou e sua visão. Nunca vi uma igreja que, reconhecidamente surgiu de uma divisão, sequer mencionar algum tipo de ligação com o ministério passado. Existe uma negação escandalosa.
Mas essa é nossa marca, somos mais conhecidos por aquilo que não somos do que por aquilo que de fato somos: somos os “não-católicos”. Queremos apagar nosso passado como instituição, como indivíduos e como movimento. É como se uma igreja católica nunca tivesse existido no tempo e no espaço. Não a entendemos e nem queremos entendê-la, e o pouco que entendemos discordamos (afinal só estamos atentos aos pontos conflitantes).
Certa vez convidei um pastor para se encontrar com outras lideranças cristãs onde um padre estaria presente. Este pastor logo recusou o convite justificando-se: é contra isso que estamos lutando.
Meu objetivo não é defender, nem acusar, seja igreja católica ou protestante. Acho que essa guerra repousa há mais de 500 anos no continente europeu, e não pertence à minha agenda.
Meu alvo, e preste muita atenção, pois não irei repetir mais, é que vivamos um cristianismo autêntico que transcenda qualquer barreira, principalmente a religiosa.
E aqui está nosso principal obstáculo: cultura é uma força que tem poder tanto para atrair como para afastar, e no centro da cultura estão os valores religiosos, com suas crenças e costumes. E é essa força que nos tem segmentado ao invés de unir.
Algumas vezes conseguimos ter uma convivência pacífica e, quando muito, toleramos e reconhecemos o outro (e sua instituição religiosa), mas o normal é levarmos vidas completamente desarticuladas como se o corpo de Cristo estivesse esquartejado, onde um membro não possuísse nenhum vínculo com outro. Quando o apóstolo nos alerta para discernir o Corpo de Cristo, isso implica em duas verdades. Normalmente nós atentamos somente para uma e negligenciamos completamente e descaradamente a outra: uma é exclusiva, mas a outra é inclusiva. Estamos muito bem atentos para quem excluímos desse Corpo, sob o medo da pena da maldição de não discernirmos bem, mas não temos temor em deixarmos de incluir boa parte do corpo, o que também é falta de discernimento, doentio e está sujeito à mesma maldição!
Esse é o mesmo erro que se incorre quando alguém levanta a vós para orar, em face de guerra, por Israel (“o povo escolhido de Deus”), mas esquece que Deus é de todos e todos os povos são de Deus, e não ora pelos palestinos (e, diga-se de passagem, são os que mais têm sofrido nesses últimos combates). Não é a toa que Jesus veio da Galiléia “dos gentios”! Não é por acaso que ele não poupou elogios àqueles estrangeiros que viveram em sua pátria e inúmeras vezes censurou os seus compatriotas.
Como alguém comentou, o americanismo nos atinge diretamente a começar pela música (evangélica ou não), depois pela literatura (evangélica) e finalmente pelos programas de televisão e cinema. O problema é que não somos norte americanos. Somos latinos, somos índio, somos África! Vivemos em um clima tropical, temos outra história e isso exige outra leitura da espiritualidade.
Essa espiritualidade não vai além das barreiras culturais pois está misturada com elementos estranho à nossa cultura. Eis a raíz de tanto conflito. Enquanto não baixarmos as armas e passarmos a promover o bem do outro (e sua fé) viveremos um cristianismo destinado a sucumbir e decepcionar, pois este está alienado não somente de sua mensagem original, mas do espírito do Autor da mensagem.
teologia-livre.blogspot.com/
O clima de guerra institucional, que então mencionei, se mostrou patente nos e-mails que me enviaram. Não existe um ambiente de paz e harmonia. Repare num fato: é comum hoje as igrejas terem uma homepage. Lá elas colocam sua história, como iniciou e sua visão. Nunca vi uma igreja que, reconhecidamente surgiu de uma divisão, sequer mencionar algum tipo de ligação com o ministério passado. Existe uma negação escandalosa.
Mas essa é nossa marca, somos mais conhecidos por aquilo que não somos do que por aquilo que de fato somos: somos os “não-católicos”. Queremos apagar nosso passado como instituição, como indivíduos e como movimento. É como se uma igreja católica nunca tivesse existido no tempo e no espaço. Não a entendemos e nem queremos entendê-la, e o pouco que entendemos discordamos (afinal só estamos atentos aos pontos conflitantes).
Certa vez convidei um pastor para se encontrar com outras lideranças cristãs onde um padre estaria presente. Este pastor logo recusou o convite justificando-se: é contra isso que estamos lutando.
Meu objetivo não é defender, nem acusar, seja igreja católica ou protestante. Acho que essa guerra repousa há mais de 500 anos no continente europeu, e não pertence à minha agenda.
Meu alvo, e preste muita atenção, pois não irei repetir mais, é que vivamos um cristianismo autêntico que transcenda qualquer barreira, principalmente a religiosa.
E aqui está nosso principal obstáculo: cultura é uma força que tem poder tanto para atrair como para afastar, e no centro da cultura estão os valores religiosos, com suas crenças e costumes. E é essa força que nos tem segmentado ao invés de unir.
Algumas vezes conseguimos ter uma convivência pacífica e, quando muito, toleramos e reconhecemos o outro (e sua instituição religiosa), mas o normal é levarmos vidas completamente desarticuladas como se o corpo de Cristo estivesse esquartejado, onde um membro não possuísse nenhum vínculo com outro. Quando o apóstolo nos alerta para discernir o Corpo de Cristo, isso implica em duas verdades. Normalmente nós atentamos somente para uma e negligenciamos completamente e descaradamente a outra: uma é exclusiva, mas a outra é inclusiva. Estamos muito bem atentos para quem excluímos desse Corpo, sob o medo da pena da maldição de não discernirmos bem, mas não temos temor em deixarmos de incluir boa parte do corpo, o que também é falta de discernimento, doentio e está sujeito à mesma maldição!
Esse é o mesmo erro que se incorre quando alguém levanta a vós para orar, em face de guerra, por Israel (“o povo escolhido de Deus”), mas esquece que Deus é de todos e todos os povos são de Deus, e não ora pelos palestinos (e, diga-se de passagem, são os que mais têm sofrido nesses últimos combates). Não é a toa que Jesus veio da Galiléia “dos gentios”! Não é por acaso que ele não poupou elogios àqueles estrangeiros que viveram em sua pátria e inúmeras vezes censurou os seus compatriotas.
Como alguém comentou, o americanismo nos atinge diretamente a começar pela música (evangélica ou não), depois pela literatura (evangélica) e finalmente pelos programas de televisão e cinema. O problema é que não somos norte americanos. Somos latinos, somos índio, somos África! Vivemos em um clima tropical, temos outra história e isso exige outra leitura da espiritualidade.
Essa espiritualidade não vai além das barreiras culturais pois está misturada com elementos estranho à nossa cultura. Eis a raíz de tanto conflito. Enquanto não baixarmos as armas e passarmos a promover o bem do outro (e sua fé) viveremos um cristianismo destinado a sucumbir e decepcionar, pois este está alienado não somente de sua mensagem original, mas do espírito do Autor da mensagem.
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