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Palavra do leitor

O que é a Igreja e qual a sua função?

Ser cristão não é ser melhor ou pior do que ninguém. Não é carregar um rótulo de diferenciação, dentro da sociedade. Não é se portar como um gueto, ou um defensor de uma ufania exclusivista. Não é fazer de Cristo um alforje para convicções e ideológias vazias e estéreis. Não é uma válvula de escape para dissabores e frustrações. Enfim, dentre tantos não (s), é ser um partícipe e agente promotor do viver, segundo a ótica do evangelho das boas - notícias, de lágrimas libertárias, de pés no chão de cada dia, de uma sensibilidade aguçada e sem histerias, de uma abertura e um respeito ao aspecto de a linguagem espiritual ser uma das manifestações de ser humano, de ser um apologista da justiça, da paz e da alegria, ou seja, de apregoar utopias possíveis, diante de um mundo escondido na ilusão de um progresso sem o outro, sem o próximo e sem o nós.''


Quantos de nós não perguntamos e perguntamos e porfiamos na pergunta sobre o que é a Igreja e qual a função, afinal de contas?

Sem hesitar, dos colaboradores da palavra do leitor, via de regra, acabamos por observar, lá no fundo, articulações e elucubrações inclinadas a definir e descrever essa sintonia entre o significado (o sentido, o motivo e o destino) e o papel (a utilidade, a relevância e influência) da Igreja.

De certo modo, quando há o verberar da palavra igreja, prontamente, muitos efetuam as mais diversas interpretações, tanto apetecíveis quanto de acentuada ojeriza.

Para muitos, não passa de um ópio coletivo, de um sistema de manipulação, de um reduto para covardes relutante no tocante a enfrentarem a sina da vida, de um canal utilizado por oportunistas, de uma vertente de poder e subjugação da liberdade humana e por ai vai.

Deveras, se olharmos para os mosaicos do processo histórico e empírico da Igreja, desaguaremos num oceano de linhas de posturas teológicas, doutrinárias, culturais e etceres.

Em outras palavras, há para todos os tipos e paladares (liturgicas, liberais, conservadoras, ortodoxas, transcedentais e lá sei mais o que).

Por ora, ouso focar a Igreja como o meio por onde Cristo se encarna na realidade concreta da vida. Nessa direção, a sua função ou razão de ser se consiste no ouvir, no servir e no tolerar.

Faz - se anotar, então, a Igreja não deve e nem pode ser concebida como um espaço destinado ao encontro de pessoas. Opostamente, são pessoas, eu e você.

Destarte, isto me faz pontuar no servir como a manifestação do serviço do ministério da reconciliação; no ouvir, como a esteira a efeito de nos ajudar a compreendermos a importância de estarmos na Cruz Cristo e no tolerar que nos ensina sobre a cura do nosso ser.

Sem hesitar, os textos de I Coríntios 12.12, João 17.11 e Hebreus 13.08 coadunam e cooptam a Igreja pautada numa decisão contínua de pessoas livres e, diante disto, comprometidas e compromissadas com o viver, ou seja, o próprio Cristo.

Eis o dilema a ser enfrentado pela Igreja, pessoas e não a instituição, livres das amarras da culpa e condenação, envolvidas pela salvação, ou seja, pela cura integral do ser e, por causa disso, levadas a verberar o sangue da remissão, a água da transparência, o pão da dignidade e o azeite da justiça, em meio a um contexto movido por conjunturas (econômicas, políticas, culturais) desfiguradoras do ser humano.

Deve ser dito, a Igreja reverbera a reaceitação dos desfigurados, tratados como objetos descartáveis pelo pecado (aliás, pecado não sobre um monturo de regramentos moralísticos doentios e torpes; mas sim, o pecado de milhões sem cidadania integral nas periferias das metrópoles, por exemplo, espelho de uma geração envolvida por uma esperança mórbida, por um Deus fragmentado nas miríades de deduções humanas).

Vou adiante, a Igreja por reaceitar, decide na liberdade promovida e consolidada por Cristo, assume a responsabilidade para arregaçar as mangas e trabalhar pelo discipulado que alcance a integralidade do ser humano (no seu espírito, na sua existência e na sua alma).
São Paulo - SP
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