O pão vivo na crise alimentar

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"Quando no teu campo colheres a tua colheita, e esqueceres um molho no campo, não tornarás a tomá-lo; para o estrangeiro, para o órfão, e para a viúva será; para que o Senhor teu Deus te abençoe em toda a obra das tuas mãos. Quando sacudires a tua oliveira, não voltarás para colher o fruto dos ramos; para o estrangeiro, para o órfão, e para a viúva será. Quando vindimares a tua vinha, não voltarás para a rebuscá-la; para o estrangeiro, para o órfão, e para a viúva será." (Dt. 24:19-21)

Quando leio esse texto fico imaginando como seria uma sociedade baseada nesse, ou em outros mandamentos divinos, não em uma relação de obediência baseada na lei (obrigação pesada) a qual os judeus nos mostraram que todos nós, seres humanos, somos incapazes de obedecê-las. Mas numa relação de solidariedade com o nosso próximo necessitado (baseada na Graça maravilhosa de Cristo), que independente de seu credo, pode estar em uma situação menos favorável que a nossa, e desta forma, necessita urgentemente de nossa ação (militância nas esferas apropriadas) que mude a sua realidade.

Ouvindo a rádio do MST, Vozes da Terra, olhei para esse mesmo texto e fiquei triste, não por ele em si, mas por todos nós que de certa forma nos identificamos com os “donos da terra” em nosso gana miserável de faturarmos mais, para enriquecermos mais e para consumirmos mais nessa roda interminável de egoísmo.

No programa estava sendo noticiado que a alta dos alimentos não está na falta de determinados produtos primários (seja por causa de safras ruins ou perda de produção etc - para produção de outros bens alimentícios e sua automação para os consumidores finais), mas está na mesma causa que já estava sendo deflagrada por Deus nos grandes proprietários de terra em Israel: a NÃO preocupação com homens, mulheres, crianças e todos aqueles que necessitavam, ou necessitam hoje, do mínimo para a sua subsistência.

A alta dos alimentos hoje (Feijão aumento de 128%; Arroz 20% e o Leite 28%, que do período de jan06 a abril08, segundo o DIEESE, é maior que a inflação desse mesmo período) se resume, conforme nos informa Agídio Bruneto, na ênfase abusiva de transformação desses bens agrícolas em commodities que são vendidas, ou melhor dizendo, especuladas, nas principais bolsas de valores do mundo.

Economicamente falando, as commodities contribuem para o desenvolvimento de um país, mas nesse caso dos alimentos (e da política neoliberal), a especulação é tão abusiva que para termos uma noção, tais produtos são oferecidos em quantidades bem superiores (6 a 7 x mais) do que de fato existem para serem comercializados. Mas o interessante, ou trágico da história, é que uma vez vendida essa quantidade (não existente devido ao demônio da especulação), a falta do mesmo produto para o consumo interno, faz a procura aumentar, pois o fundo de reserva para esse consumo vai no ‘bolo’ da especulação, fazendo com que os grandes compradores que adquiriram tais “papéis”, determinem para seus lucros os preços que lhe aprouverem, escravizando então todos aqueles que necessitam do pão de cada dia par sobreviver (Do governo até ao pobre).

Diante da exploração de um bem tão primário e importante para o ser humano, não podemos nos calar sendo nós os conhecedores do evangelho do Pão Vivo que desceu do céu. No versículo 22 do texto acima, diz que tudo isso deve ser feito na lembrança dos atos de Deus para o seu povo - E lembrar-te-ás de que foste servo na terra do Egito; portanto te ordeno que faças isso .

Sendo assim, que possamos como filhos de Deus, nos lembrarmos desses homens e mulheres, crianças e viúvas que não tendo o pão da sua subsistência, possam contar conosco, não em um assistencialismo de desencargo de consciência, mas de uma militância do Pão Vivo, do Cristo encarnado e integral contra as políticas desumanas das transnacionais (Cargill, Monsanto, Bunge, Nestlé, Parmalat, Danone etc) que só querem faturar do fruto da terra sem se lembrarem dos necessitados da terra.

Junte-se a algum movimento social (Da sua igreja ou não), que em sua cidade tem, e muito, e milite contra esses abusos, pois o Pão Vivo não é apresentado somente para a fome espiritual, mas também para a física, emocional, pois “o que vem a mim jamais terá fome JO 6:35.

roberas.blogspot.com/

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Opinião do leitor