Palavra do leitor
- 20 de dezembro de 2007
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O natal e sua dimensão política
"Na manjedoura onde Jesus está a repousar, eu posso ver a sombra de uma cruz". Assim dizia a letra de uma das músicas de uma bonita cantata de natal. Acho que se chamava "Natal dos Anjos". Ou como o teólogo suíço, Hans Küng (1) expressou: o menino no presépio já trazia o sinal da cruz em sua testa.
Realmente não tem como conectar o natal com o domingo de Páscoa sem passarmos pela sexta-feira da paixão. E não tem como passarmos pela cruz ignorando sua dimensão política.
A sombra da cruz se mostra presente com a inveja de Herodes: “E o rei Herodes, ouvindo isto, perturbou-se, e toda Jerusalém com ele” (Mt 2.1). De fato foi a animosidade do império romano aliada à inveja dos sacerdotes judeus que levaram o Senhor a cruz. No evangelho de João (19.12-16) a fidelidade a César são os argumentos finais que levam Pilatos a sentenciá-lo: “Desde então Pilatos procurava soltá-lo; mas os judeus clamavam, dizendo: Se soltas este, não és amigo de César; qualquer que se faz rei é contra César. (...) Não temos rei, senão César. Então, conseqüentemente entregou-lho, para que fosse crucificado.”
Num país aonde a escuridão e o fanatismo religioso dominam o universo social, não é fácil de aceitar perdas como essas... Anos de inteligência e cultura que se findaram... Posso imaginar perfeitamente a frustração de sues discípulos e daquela que no seu nascimento havia recitado: “Depôs dos tronos os poderosos, e elevou os humildes.” O que eles viam ali era o contrário, os humildes sendo esmagados e poderosos sendo exaltados! Será que esse não é o mesmo quadro que temos hoje no Brasil? Será que por já sabermos da ressurreição e da vida eterna, não nos acomodamos achando que tudo é óbvio? Por sabermos de sua entrega voluntária queremos desconsiderar as forças atuantes na época. Esquecemos de toda forte realidade vivida por aqueles homens e mulheres e pelo próprio Cristo para dar vazão à nossa comodidade de hoje.
Comentando o texto de Mateus referente ao Natal: “Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, E chamá-lo-ão pelo nome de 'Emanuel', Que traduzido é: Deus conosco” (Mt 1.23), Fernando Sabino, grande escritor mineiro, deixou sua observação bem humorada: “Os evangelhos não explicam porque então se chamou Jesus “ajuda de Jeová”? [e não Emanuel, Deus conosco]”. Às vezes esquecemos que para nos ajudar Ele teve que estar conosco. Para ser Jesus ele foi primeiro Emanuel.
Afinal foi ele mesmo quem disse, “quem nascer da carne é carne”. Ele também nasceu de uma mulher, o verbo se fez carne. Homem espiritual sim, mas de carne e osso. Natal é uma boa tradição, pois nos remete para essa dimensão terrena. Ela nos conta que Deus entrou na chuva para também se molhar. Ele corta nossas asas e coloca nossos pés no chão desse mundo tenebroso em meio ao mal cheiro de um curral de vacas, burros e camelos. Mas sei que a maioria, prefere ficar somente com a beleza poética do Natal. Por que estragar as festas? E o pior: tem aqueles que querem, a custo da verdade Bíblica e do sofrimento alheio, viverem de festas o ano inteiro...
(1) Küng,H. Credo: Piper
Realmente não tem como conectar o natal com o domingo de Páscoa sem passarmos pela sexta-feira da paixão. E não tem como passarmos pela cruz ignorando sua dimensão política.
A sombra da cruz se mostra presente com a inveja de Herodes: “E o rei Herodes, ouvindo isto, perturbou-se, e toda Jerusalém com ele” (Mt 2.1). De fato foi a animosidade do império romano aliada à inveja dos sacerdotes judeus que levaram o Senhor a cruz. No evangelho de João (19.12-16) a fidelidade a César são os argumentos finais que levam Pilatos a sentenciá-lo: “Desde então Pilatos procurava soltá-lo; mas os judeus clamavam, dizendo: Se soltas este, não és amigo de César; qualquer que se faz rei é contra César. (...) Não temos rei, senão César. Então, conseqüentemente entregou-lho, para que fosse crucificado.”
Num país aonde a escuridão e o fanatismo religioso dominam o universo social, não é fácil de aceitar perdas como essas... Anos de inteligência e cultura que se findaram... Posso imaginar perfeitamente a frustração de sues discípulos e daquela que no seu nascimento havia recitado: “Depôs dos tronos os poderosos, e elevou os humildes.” O que eles viam ali era o contrário, os humildes sendo esmagados e poderosos sendo exaltados! Será que esse não é o mesmo quadro que temos hoje no Brasil? Será que por já sabermos da ressurreição e da vida eterna, não nos acomodamos achando que tudo é óbvio? Por sabermos de sua entrega voluntária queremos desconsiderar as forças atuantes na época. Esquecemos de toda forte realidade vivida por aqueles homens e mulheres e pelo próprio Cristo para dar vazão à nossa comodidade de hoje.
Comentando o texto de Mateus referente ao Natal: “Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, E chamá-lo-ão pelo nome de 'Emanuel', Que traduzido é: Deus conosco” (Mt 1.23), Fernando Sabino, grande escritor mineiro, deixou sua observação bem humorada: “Os evangelhos não explicam porque então se chamou Jesus “ajuda de Jeová”? [e não Emanuel, Deus conosco]”. Às vezes esquecemos que para nos ajudar Ele teve que estar conosco. Para ser Jesus ele foi primeiro Emanuel.
Afinal foi ele mesmo quem disse, “quem nascer da carne é carne”. Ele também nasceu de uma mulher, o verbo se fez carne. Homem espiritual sim, mas de carne e osso. Natal é uma boa tradição, pois nos remete para essa dimensão terrena. Ela nos conta que Deus entrou na chuva para também se molhar. Ele corta nossas asas e coloca nossos pés no chão desse mundo tenebroso em meio ao mal cheiro de um curral de vacas, burros e camelos. Mas sei que a maioria, prefere ficar somente com a beleza poética do Natal. Por que estragar as festas? E o pior: tem aqueles que querem, a custo da verdade Bíblica e do sofrimento alheio, viverem de festas o ano inteiro...
(1) Küng,H. Credo: Piper
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