Palavra do leitor
- 12 de fevereiro de 2018
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O Mistério do Sofrimento
O Mistério do Sofrimento
2 Co 1.3-7
PRIMEIRA PARTE
Quem pode compreender, de verdade, o sofrimento? Quem é sábio o suficiente para conhecer o que é o sofrimento? Quem pode avaliar o seu real significado, sua importância, valor, tipos, razões, dimensões, propósitos, necessidades, níveis de intensidade, abrangência e resultados?
O sofrimento na dimensão humana.
Sofrimentos necessários para treinamento e preparo de quem precisa ter experiência e vai usar esses mesmos sofrimentos para ajudar e cuidar de outros.
Sofrimentos, no caso dos cristãos, por causa do testemunho que compartilham.
Sofrimento por incompreensão, por incapacidade de realizar alguma coisa, pela perda de esperança, por frustrações, por vergonha, até sofrimento sem causa aparente, além do sofrimento causado pelo sofrimento de alguém.
Neste particular, vale lembrar da solidariedade da raça humana, na qual, cada ser humano tem parte, de alguma forma e em determinada intensidade, com o bem ou mal, que ocorre com o seu semelhante.
Sofrimento em decorrência de causas naturais.
Sofrimentos decorrentes de causas naturais, ou sociais, tais como enchentes, epidemias, revoluções, guerras, conflitos diversos, etc. Tudo isso, porém, tem uma origem: A Queda de Lúcifer e do Ser Humano.
Segundo as Escrituras Sagradas, quem provocou e trouxe o sofrimento ao ser humano foi ele mesmo! Então, sendo assim, em princípio, ele não tem de que reclamar.
Sofrimento com a geração da família (Gn 3.16); sofrimento com trabalho (Gn 3.17-19, 23); sofrimento com a preparação da terra, etc. Não era para ser assim.
A promessa era para todos viverem no jardim, sem sofrimento. Mas, expulsos, o esforço para se manterem vivos constituiu-se em sofrimento. O próprio trabalho, como referido acima é um sofrimento. Consequência da rebelião do ser humano contra Deus.
Foi mais intensificado ainda pelo enfraquecimento da força do solo, da terra (Gn 4.12), por causa da maldição que caiu sobre o planeta (Gn 3.17), em decorrência do pecado do homem que a contaminou.
Em função dessa nova realidade de vida, houve, também, uma intensificação do sofrimento. Vide a sentença sobre Eva em Genesis 3.16.
Neste ponto, é necessário dizer que o pecado é anterior a Adão. Ou seja, à criação do ser humano na face da terra.
Observe que a criatura humana pecou antes da queda, quando estava ainda no seu estado natural da inocência. Não foi a queda que levou o homem a pecar; mas o pecado levou o ser humano a cair. O pecado ocasionou a queda e não a queda ocasionou o pecado. Lembre-se de que Lúcifer pecou antes do homem.
O problema, então, já existia antes. Isso nos leva a pensar e a entender que Deus precisava tratar com a natureza original do ser humano. Exatamente, a que ele possuía antes da queda.
Alguma coisa precisava ser feita. Algo que já estava na presciência de Deus. Um plano perfeito, cujo tema eu tratei no artigo "A Intrigante e Necessária Queda de Lúcifer e do Ser Humano". Leia neste site.
O sofrimento na natureza animal.
O sofrimento intenso da ostra para preservar a si própria de um ataque produz um pérola de alto valor. Assim é o sofrimento. É salutar para preservar a vida física e dar condições para tomar posse da vida eterna.
O sofrimento é necessário para produzir pérolas. Como no exemplo das ostras, pérolas são produtos de dor, de sofrimento. São feridas curadas, como alguém já disse.
Tipos e áreas de sofrimento.
Além dos já mencionados, há uma variedade enorme de situações, áreas e tipos de sofrimento, com as quais convivemos.
A dor
O sofrimento é necessário, assim como a dor é necessária para diagnosticar uma enfermidade silenciosa, sutil e mortal, e preservar da morte alguém que a contraiu. Várias doenças se tornam manifestas pela dor, a fim de serem debeladas, destruídas.
A fome
A fome é outro sofrimento necessário. Ninguém sobrevive sem fome, pois, sem ela, não há como se alimentar naturalmente. Sem a fome, o organismo rejeita o alimento. Sem fome a pessoa morre (de fome). Não estou considerando certas alternativas da medicina como a alimentação enteral, via sonda. Refiro-me estritamente ao processo natural.
Existem diversos tipos de sofrimento, bem como, inúmeras causas.
A primeira e maior de todas é a falta do conhecimento de Deus. Este é o motivo, a raiz principal e a origem de tudo.
Eis alguns outros:
- abandono de filhos a pais e de pais a filhos;
- desprezo entre irmãos e demais familiares;
- pela perda de um ente querido;
- pela despedida do emprego, principalmente em tempos de escassez;
- carência de alimentos para sobrevivência;
- por acometimento de enfermidades;
- por injúria, difamação, perseguição;
- pela falta de moradia;
- por desavença entre casais, incompreensões, falta de diálogo;
- frustrações diversas e ansiedade;
- perdas materiais e financeiras;
- preconceito social, racial, religioso ou cor da pele;
- por ser mulher; por ser homem;
- desprezo de amigos;
- solidão imposta;
- saudades;
- por preocupações diversas;
- pelo sofrimento dos outros, notadamente quando nada pode ser feito;
- injustiças diversas;
- ... a lista é enorme; tende ao infinito.
Vontade de Deus x Vontade Humana
Invariavelmente, a vontade de Deus com relação ao ser humano está intimamente associada à morte ou resignação deste. Com efeito, para que a vontade de Deus seja realizada, é necessário que intervenha a morte do ser humano, ou seja, a renúncia de sua vontade própria, visto que esta é contrária e incompatível com a vontade de Deus.
Nesse contexto, a morte (escolha da vontade de Deus) sempre esteve e estará negativamente relacionada com a vontade própria do ser humano. Vide a história de Adão e Eva.
Isso porque, o ser humano não consegue, naturalmente, fazer a vontade de Deus sem renunciar à sua própria. Por quê? Porque a vontade do ser humano está associada à natureza caída, herdada de Satanás e esta é oposta à natureza de Deus.
Mesmo se considerarmos a vontade natural, intrínseca do ser humano, antes da queda, ainda assim, há resistência à obediência a Deus.
A vontade de Deus não é recebida comodamente pelo ser humano, nem mesmo sem questionamentos e resistência.
Daí, a necessidade da interveniência da morte. Para o homem fazer a vontade de Deus, só mesmo morrendo. Ou seja, renunciando à sua própria vontade, pela ação direta da cruz em sua vida.
Logicamente, Deus só podia tratar com o ser humano depois de criá-lo. Impossível antes! Deus precisava deixar o homem tomar a sua própria decisão. Por isso, Ele o criou com o livre-arbítrio. O ser humano possui decisão pessoal.
Origens do Sofrimento.
Em princípio, por desconhecer a Deus, o sofrimento do ser humano tem como origem, raiz ou causa primeira, o seu desejo de fazer o que bem entende, tendo como resultado imediato a sua rebelião contra Deus.
A raça humana possui obsessão por obedecer à sua vontade própria. Quando lhe é oferecida a oportunidade de escolher a vontade de Deus, ele não se dispõe a abrir mão da sua vontade própria.
Assim, vem seu sofrimento. Isto é, a decisão de substituir a sua vontade pela vontade de Deus. É a escolha de fazer a vontade de Deus em detrimento de sua própria. E isso, para o ser humano natural, é sofrimento.
Naturalmente o homem não aceita isso! Lembre-se de que Eva, antes de ceder à tentação, portanto fato anterior à queda, ela já possuía a tendência de resistir a obedecer a vontade de Deus. Só faltava o incentivo. A tentação, efetivamente, foi a gota d’água.
Por isso, a necessidade do advento da morte (o ato de rejeição da vontade própria), a qual traz consigo o sofrimento, a "dor de cotovelo" (expressão de tristeza por ter de abrir mão da vontade própria), a discordância, a insatisfação, o descontentamento proveniente da renúncia à vontade pessoal.
Com isso, para conseguir ser reabilitado à presença de Deus, ele deveria renunciar à sua vontade própria (morte) para fazer a vontade de Deus.
Assim é que se opera a morte no homem. Esse é o significado da cruz: morte! Ou dizendo de outra forma: trocar a vontade própria pela vontade de Deus. Negação de si mesmo. Isso é renúncia! Isso é morte!
Algo, entretanto, pode permanecer em questão: todo sofrimento tem origem, ou é resultado da desobediência a Deus? A resposta é: Sim! Em linhas gerais, sim!
Porém, observe! Pode haver Exceção.
Há o que poderíamos chamar de sofrimento secundário. Ou seja, o sofrimento derivado de outro sofrimento. Ou aquele sofrimento que não é resultado direto da desobediência.
Por isso, a cruz se faz necessária. É imprescindível morrer!
Dessa forma é que vem o sofrimento. O sofrimento, então, é resultado dessa luta interior contínua do ser humano que deseja fazer a vontade de Deus. Essa batalha intensa do espírito do homem recriado contra a natureza carnal: a teimosia em fazer a vontade própria. Aí é onde entra a ação da cruz.
Neste caso, o sofrimento não é provocado pela vontade de Deus em si mesma. Ele é provocado pela rejeição natural do ser humano em obedecê-la. O sofrimento não deriva da execução da vontade de Deus, mas do sentimento do ser humano oposto à vontade divina, que é fazer a sua própria vontade.
Mas, alguém pode argumentar: "Quem obedece também sofre!". Sim, é verdade! Porém, existem duas observações a serem consideradas:
Primeira, o sofrimento não é o imediato, mas o sofrimento que é resultado da permanência em uma condição anteriormente estabelecida, contrária à vontade de Deus, condição essa que exige a necessidade de mudança atual. Ou seja: o sofrimento interior provocado pela necessidade de mudança.
A pessoa sofre porque sabe que precisa mudar. A sua própria disposição/propósito em mudar é combatida pela sua vontade latente de permanecer sem mudança, sem nenhuma alteração. A resistência à mudança. O desejo de continuar como está.
Segunda, o sofrimento provocado por condições exteriores, não da própria pessoa, exatamente pela concretização de ações decorrentes da obediência. Isto é, o sofrimento de origem externa, infligido por alguém ou por condições adversas, desencadeadas exatamente, por causa da obediência a Deus.
O sofrimento de Jesus é o exemplo por excelência. De fato, Ele sofreu, porque obedeceu. Todo o sofrimento de Jesus teve como causa a obediência ao Pai.
Como a vontade de Deus sempre é benéfica, perfeita e amorosa, e a do ser humano, na condição de caído, é sempre má, conforme registrado no capitulo 6 de Gênesis, haverá, sempre, o sofrimento decorrente desse conflito.
Quando alguém resiste ao que Deus fala, Ele o deixa andar segundo seus próprios caminhos. O sofrimento deste vai ser insuportável, a ponto de clamar ao Senhor, novamente. Vide os Salmos históricos 81, 106 e 107.
O que nos causa mais sofrimento? É exatamente a resistência que temos em nos submeter à vontade de Deus.
Como aliviar o sofrimento? Vivendo em um estado contínuo de morto, de resignado, de crucificado. Paulo disse: "Estou (tem a conotação de continuidade) crucificado com Cristo".
É impossível querer fazer ou deixar de fazer as coisas por própria força e vontade. A chave é descansar em Deus, sem fugir da responsabilidade individual, e confiar nele. Aí o sofrimento será infinitamente menor, por não haver resistência em realizar a vontade de Deus.
O que devemos fazer diante dessa realidade?
Atitudes a serem tomadas:
1) Reconhecer nossos erros, assumindo nossa responsabilidade;
2) Reconhecer nossa total dependência de Deus, sem deixar de fazer a nossa parte - "esforça-te..." Josué 1;
3) Tomarmos atitudes e ações concretas, que demonstrem nosso arrependimento e desejo de mudança;
4) Caminhar com persistência e perseverança no compromisso assumido com Deus e conosco mesmo;
5) Esperar com confiança e pacientemente no cumprimento de suas promessas para nós;
6) Não nos esquecermos que vidas podem ser beneficiadas com nosso sofrimento, segundo a vontade de Deus;
7) Entender que o sofrimento não é o fim mas o instrumento, o caminho, o meio que Deus usa para nos proporcionar a felicidade eterna.
Observem essas proposições:
1) Não pratiquemos ações que nos levem ao sofrimento desnecessário;
2) Tenhamos o consolo pela lembrança de que outros também sofrem - 1 Pe 5.8-10;
3) Regozijar-se ao passar pelo sofrimento em vista do consolo futuro - I Pe 4.12-14;
4) Considerarem-se felizes ao serem perseguidos - Jesus - Mt 6.11;
5) Alegrai-vos no Senhor - Fp 4.4;
6) Reinar já, apesar dos sofrimentos - Rm 5.17;
7) Possuir alegria contínua em todo tempo - Salmo 118.24;
8) Revestir-se de louvor em vez de espírito angustiado - Isaías 61.
2 Co 1.3-7
PRIMEIRA PARTE
Quem pode compreender, de verdade, o sofrimento? Quem é sábio o suficiente para conhecer o que é o sofrimento? Quem pode avaliar o seu real significado, sua importância, valor, tipos, razões, dimensões, propósitos, necessidades, níveis de intensidade, abrangência e resultados?
O sofrimento na dimensão humana.
Sofrimentos necessários para treinamento e preparo de quem precisa ter experiência e vai usar esses mesmos sofrimentos para ajudar e cuidar de outros.
Sofrimentos, no caso dos cristãos, por causa do testemunho que compartilham.
Sofrimento por incompreensão, por incapacidade de realizar alguma coisa, pela perda de esperança, por frustrações, por vergonha, até sofrimento sem causa aparente, além do sofrimento causado pelo sofrimento de alguém.
Neste particular, vale lembrar da solidariedade da raça humana, na qual, cada ser humano tem parte, de alguma forma e em determinada intensidade, com o bem ou mal, que ocorre com o seu semelhante.
Sofrimento em decorrência de causas naturais.
Sofrimentos decorrentes de causas naturais, ou sociais, tais como enchentes, epidemias, revoluções, guerras, conflitos diversos, etc. Tudo isso, porém, tem uma origem: A Queda de Lúcifer e do Ser Humano.
Segundo as Escrituras Sagradas, quem provocou e trouxe o sofrimento ao ser humano foi ele mesmo! Então, sendo assim, em princípio, ele não tem de que reclamar.
Sofrimento com a geração da família (Gn 3.16); sofrimento com trabalho (Gn 3.17-19, 23); sofrimento com a preparação da terra, etc. Não era para ser assim.
A promessa era para todos viverem no jardim, sem sofrimento. Mas, expulsos, o esforço para se manterem vivos constituiu-se em sofrimento. O próprio trabalho, como referido acima é um sofrimento. Consequência da rebelião do ser humano contra Deus.
Foi mais intensificado ainda pelo enfraquecimento da força do solo, da terra (Gn 4.12), por causa da maldição que caiu sobre o planeta (Gn 3.17), em decorrência do pecado do homem que a contaminou.
Em função dessa nova realidade de vida, houve, também, uma intensificação do sofrimento. Vide a sentença sobre Eva em Genesis 3.16.
Neste ponto, é necessário dizer que o pecado é anterior a Adão. Ou seja, à criação do ser humano na face da terra.
Observe que a criatura humana pecou antes da queda, quando estava ainda no seu estado natural da inocência. Não foi a queda que levou o homem a pecar; mas o pecado levou o ser humano a cair. O pecado ocasionou a queda e não a queda ocasionou o pecado. Lembre-se de que Lúcifer pecou antes do homem.
O problema, então, já existia antes. Isso nos leva a pensar e a entender que Deus precisava tratar com a natureza original do ser humano. Exatamente, a que ele possuía antes da queda.
Alguma coisa precisava ser feita. Algo que já estava na presciência de Deus. Um plano perfeito, cujo tema eu tratei no artigo "A Intrigante e Necessária Queda de Lúcifer e do Ser Humano". Leia neste site.
O sofrimento na natureza animal.
O sofrimento intenso da ostra para preservar a si própria de um ataque produz um pérola de alto valor. Assim é o sofrimento. É salutar para preservar a vida física e dar condições para tomar posse da vida eterna.
O sofrimento é necessário para produzir pérolas. Como no exemplo das ostras, pérolas são produtos de dor, de sofrimento. São feridas curadas, como alguém já disse.
Tipos e áreas de sofrimento.
Além dos já mencionados, há uma variedade enorme de situações, áreas e tipos de sofrimento, com as quais convivemos.
A dor
O sofrimento é necessário, assim como a dor é necessária para diagnosticar uma enfermidade silenciosa, sutil e mortal, e preservar da morte alguém que a contraiu. Várias doenças se tornam manifestas pela dor, a fim de serem debeladas, destruídas.
A fome
A fome é outro sofrimento necessário. Ninguém sobrevive sem fome, pois, sem ela, não há como se alimentar naturalmente. Sem a fome, o organismo rejeita o alimento. Sem fome a pessoa morre (de fome). Não estou considerando certas alternativas da medicina como a alimentação enteral, via sonda. Refiro-me estritamente ao processo natural.
Existem diversos tipos de sofrimento, bem como, inúmeras causas.
A primeira e maior de todas é a falta do conhecimento de Deus. Este é o motivo, a raiz principal e a origem de tudo.
Eis alguns outros:
- abandono de filhos a pais e de pais a filhos;
- desprezo entre irmãos e demais familiares;
- pela perda de um ente querido;
- pela despedida do emprego, principalmente em tempos de escassez;
- carência de alimentos para sobrevivência;
- por acometimento de enfermidades;
- por injúria, difamação, perseguição;
- pela falta de moradia;
- por desavença entre casais, incompreensões, falta de diálogo;
- frustrações diversas e ansiedade;
- perdas materiais e financeiras;
- preconceito social, racial, religioso ou cor da pele;
- por ser mulher; por ser homem;
- desprezo de amigos;
- solidão imposta;
- saudades;
- por preocupações diversas;
- pelo sofrimento dos outros, notadamente quando nada pode ser feito;
- injustiças diversas;
- ... a lista é enorme; tende ao infinito.
Vontade de Deus x Vontade Humana
Invariavelmente, a vontade de Deus com relação ao ser humano está intimamente associada à morte ou resignação deste. Com efeito, para que a vontade de Deus seja realizada, é necessário que intervenha a morte do ser humano, ou seja, a renúncia de sua vontade própria, visto que esta é contrária e incompatível com a vontade de Deus.
Nesse contexto, a morte (escolha da vontade de Deus) sempre esteve e estará negativamente relacionada com a vontade própria do ser humano. Vide a história de Adão e Eva.
Isso porque, o ser humano não consegue, naturalmente, fazer a vontade de Deus sem renunciar à sua própria. Por quê? Porque a vontade do ser humano está associada à natureza caída, herdada de Satanás e esta é oposta à natureza de Deus.
Mesmo se considerarmos a vontade natural, intrínseca do ser humano, antes da queda, ainda assim, há resistência à obediência a Deus.
A vontade de Deus não é recebida comodamente pelo ser humano, nem mesmo sem questionamentos e resistência.
Daí, a necessidade da interveniência da morte. Para o homem fazer a vontade de Deus, só mesmo morrendo. Ou seja, renunciando à sua própria vontade, pela ação direta da cruz em sua vida.
Logicamente, Deus só podia tratar com o ser humano depois de criá-lo. Impossível antes! Deus precisava deixar o homem tomar a sua própria decisão. Por isso, Ele o criou com o livre-arbítrio. O ser humano possui decisão pessoal.
Origens do Sofrimento.
Em princípio, por desconhecer a Deus, o sofrimento do ser humano tem como origem, raiz ou causa primeira, o seu desejo de fazer o que bem entende, tendo como resultado imediato a sua rebelião contra Deus.
A raça humana possui obsessão por obedecer à sua vontade própria. Quando lhe é oferecida a oportunidade de escolher a vontade de Deus, ele não se dispõe a abrir mão da sua vontade própria.
Assim, vem seu sofrimento. Isto é, a decisão de substituir a sua vontade pela vontade de Deus. É a escolha de fazer a vontade de Deus em detrimento de sua própria. E isso, para o ser humano natural, é sofrimento.
Naturalmente o homem não aceita isso! Lembre-se de que Eva, antes de ceder à tentação, portanto fato anterior à queda, ela já possuía a tendência de resistir a obedecer a vontade de Deus. Só faltava o incentivo. A tentação, efetivamente, foi a gota d’água.
Por isso, a necessidade do advento da morte (o ato de rejeição da vontade própria), a qual traz consigo o sofrimento, a "dor de cotovelo" (expressão de tristeza por ter de abrir mão da vontade própria), a discordância, a insatisfação, o descontentamento proveniente da renúncia à vontade pessoal.
Com isso, para conseguir ser reabilitado à presença de Deus, ele deveria renunciar à sua vontade própria (morte) para fazer a vontade de Deus.
Assim é que se opera a morte no homem. Esse é o significado da cruz: morte! Ou dizendo de outra forma: trocar a vontade própria pela vontade de Deus. Negação de si mesmo. Isso é renúncia! Isso é morte!
Algo, entretanto, pode permanecer em questão: todo sofrimento tem origem, ou é resultado da desobediência a Deus? A resposta é: Sim! Em linhas gerais, sim!
Porém, observe! Pode haver Exceção.
Há o que poderíamos chamar de sofrimento secundário. Ou seja, o sofrimento derivado de outro sofrimento. Ou aquele sofrimento que não é resultado direto da desobediência.
Por isso, a cruz se faz necessária. É imprescindível morrer!
Dessa forma é que vem o sofrimento. O sofrimento, então, é resultado dessa luta interior contínua do ser humano que deseja fazer a vontade de Deus. Essa batalha intensa do espírito do homem recriado contra a natureza carnal: a teimosia em fazer a vontade própria. Aí é onde entra a ação da cruz.
Neste caso, o sofrimento não é provocado pela vontade de Deus em si mesma. Ele é provocado pela rejeição natural do ser humano em obedecê-la. O sofrimento não deriva da execução da vontade de Deus, mas do sentimento do ser humano oposto à vontade divina, que é fazer a sua própria vontade.
Mas, alguém pode argumentar: "Quem obedece também sofre!". Sim, é verdade! Porém, existem duas observações a serem consideradas:
Primeira, o sofrimento não é o imediato, mas o sofrimento que é resultado da permanência em uma condição anteriormente estabelecida, contrária à vontade de Deus, condição essa que exige a necessidade de mudança atual. Ou seja: o sofrimento interior provocado pela necessidade de mudança.
A pessoa sofre porque sabe que precisa mudar. A sua própria disposição/propósito em mudar é combatida pela sua vontade latente de permanecer sem mudança, sem nenhuma alteração. A resistência à mudança. O desejo de continuar como está.
Segunda, o sofrimento provocado por condições exteriores, não da própria pessoa, exatamente pela concretização de ações decorrentes da obediência. Isto é, o sofrimento de origem externa, infligido por alguém ou por condições adversas, desencadeadas exatamente, por causa da obediência a Deus.
O sofrimento de Jesus é o exemplo por excelência. De fato, Ele sofreu, porque obedeceu. Todo o sofrimento de Jesus teve como causa a obediência ao Pai.
Como a vontade de Deus sempre é benéfica, perfeita e amorosa, e a do ser humano, na condição de caído, é sempre má, conforme registrado no capitulo 6 de Gênesis, haverá, sempre, o sofrimento decorrente desse conflito.
Quando alguém resiste ao que Deus fala, Ele o deixa andar segundo seus próprios caminhos. O sofrimento deste vai ser insuportável, a ponto de clamar ao Senhor, novamente. Vide os Salmos históricos 81, 106 e 107.
O que nos causa mais sofrimento? É exatamente a resistência que temos em nos submeter à vontade de Deus.
Como aliviar o sofrimento? Vivendo em um estado contínuo de morto, de resignado, de crucificado. Paulo disse: "Estou (tem a conotação de continuidade) crucificado com Cristo".
É impossível querer fazer ou deixar de fazer as coisas por própria força e vontade. A chave é descansar em Deus, sem fugir da responsabilidade individual, e confiar nele. Aí o sofrimento será infinitamente menor, por não haver resistência em realizar a vontade de Deus.
O que devemos fazer diante dessa realidade?
Atitudes a serem tomadas:
1) Reconhecer nossos erros, assumindo nossa responsabilidade;
2) Reconhecer nossa total dependência de Deus, sem deixar de fazer a nossa parte - "esforça-te..." Josué 1;
3) Tomarmos atitudes e ações concretas, que demonstrem nosso arrependimento e desejo de mudança;
4) Caminhar com persistência e perseverança no compromisso assumido com Deus e conosco mesmo;
5) Esperar com confiança e pacientemente no cumprimento de suas promessas para nós;
6) Não nos esquecermos que vidas podem ser beneficiadas com nosso sofrimento, segundo a vontade de Deus;
7) Entender que o sofrimento não é o fim mas o instrumento, o caminho, o meio que Deus usa para nos proporcionar a felicidade eterna.
Observem essas proposições:
1) Não pratiquemos ações que nos levem ao sofrimento desnecessário;
2) Tenhamos o consolo pela lembrança de que outros também sofrem - 1 Pe 5.8-10;
3) Regozijar-se ao passar pelo sofrimento em vista do consolo futuro - I Pe 4.12-14;
4) Considerarem-se felizes ao serem perseguidos - Jesus - Mt 6.11;
5) Alegrai-vos no Senhor - Fp 4.4;
6) Reinar já, apesar dos sofrimentos - Rm 5.17;
7) Possuir alegria contínua em todo tempo - Salmo 118.24;
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dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.
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