Palavra do leitor
- 29 de julho de 2014
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O Milagre Humano
“Senhor, se quiseres, podes purificar-me. Jesus, estendendo a mão, “tocou-lhe” e disse: quero, sê limpo! Imediatamente a lepra o deixou”. Lc 5.12-13.
Vivemos em um mundo empobrecido de relações humanas; mundo absolutamente tecnicista marcado pela internet, computadores, pelos potentes celulares – que chegam até a falar – e, pela curiosa inversão de proporcionalidade; nos domicílios, enquanto as TVs crescem, as mesas de refeições diminuem. Não há mais espaço para conversas, encontros informais e trocas de experiências que enriquecem o humano. A virtualidade está criando certo gosto de plastificação nas relações. Tudo é tratado pelo virtual; redes sociais, e-mails e conexões. Mergulhados no reino da globalização e sugado pelas grandes ocupações, prescindimos cada vez mais a presença do sujeito outro. Se, hoje, Jesus estivesse passando por Jericó, Ele diria ao pequeno Zaqueu; “sai do Facebook porque hoje me convém pousar em tua casa [...]”. Lc 19.5.
Aqui, não se discute a importância da tecnologia, mas, o uso inadequado e exagerado que isola e desqualifica as relações; que desguarnece o sentido de ser humano. A revolução tecnológica cada vez torna o homem mais solitário e vazio. Abastecemo-nos de tudo que precisamos e entramos em nossos mundos particulares. Fechamos a porta pelo “lado de dentro” e vivemos por aquilo que acreditamos, ainda que nossa vida esteja equivocada, refinadamente bagunçada, perversamente medíocre. Ninguém tem nada a ver com isso! – retrucamos –. Até Deus sofre restrições de acesso; como uma luz de emergência, aciona-se apenas nas horas difíceis. Não temos tempo para pessoas diferentes e para novas relações. Estamos sempre atrasados, sorvidos pela esteira da coisificação. Envolvermo-nos com dores alheias? Nunca! Afinal, angústia que não seja a nossa, sempre terá um cheiro desagradável e pode comprometer-nos.
No entanto, o versículo tema ajuda-nos a perceber o que despercebemos; a importância da relação humana; o “milagre humano”. “O milagroso toque humano” que pode salvar vidas. O conteúdo do milagre não está no sobrenatural, mas, na exuberante humanidade expressa por Jesus. “Ele curou o leproso com afetividade”. Tantos foram os milagres de Jesus que não nos surpreenderia mais um, se não fosse pela “cura do seu envolvimento” com o leproso. Um significativo gesto de amor que nos faz pensar sobre a fundamentalidade dos afetos. Afinal, Jesus poderia curar de longe, como fez com os dez leprosos. Lc 17.11-19. No entanto, Jesus curou o leproso “tocando” e se “envolvendo” com ele. Jesus revela a importância da humanização no processo da cura. Inolvidavelmente notável.
O episódio desvela a natureza humana de Cristo e sua intenção: curar a lepra da alma humana tão carente de afetividade. Muito mais que a cura da lepra, o leproso queria ser acolhido, ser tratado como gente, ter a sua dignidade de volta. No percurso da vida, na busca pela felicidade, esbarramos em muitas dores e frustrações que somente quem sofreu pode nos ajudar. Muito mais que coisas, queremos ser ouvidos, compreendidos e recebidos como humanos em nossos sofrimentos; alguém que não tenha medo de nos tocar como pecadores.
Em Israel, os leprosos eram considerados lixo. O estigma da doença fazia com que eles perdessem tudo, até mesmo a própria identidade. Às vezes perdemos nossa dignidade para o sofrimento. Cristo quer nos dizer que temos carências que só serão supridas pelo “toque humano”; a afetividade,a amizade,a compaixão e a solidariedade que só podem ser humanas.
Cristianismo é essencialmente relação. Além de sua divindade, precisamos aprender com a humanidade de Cristo. Ele cura gente machucada com afeto sem perguntar sobre as causas. Queremos ser amados e recebidos; não repelidos. Afinal, temos consciência de “nossa lepra”. Também, Jesus quer nos mostrar que muito mais que coisas e prazeres, o que realmente importa é a vida; o cuidado do ser. Que não podemos perder a essência principal de nossa humanidade; vivermos para adorar a Deus e ter vida plena com os outros. Sobretudo, Jesus nos ensina a amar como queremos ser amados e a tratar como queremos ser tratados. “Misericórdia quero e não holocaustos".Mt 9.13.
Que Ele nos cure da lepra da insensibilidade que nos assola em um mundo tão tecnicista. Que Deus toque a lepra de nossa brutalidade e nos torne gente; este é o “verdadeiro milagre humano”. Seu toque curador continua através de nós; “gente precisando de gente”. Isto é ser Igreja.
E, constrangido, Zaqueu respondeu: “[...] Senhor, eis que dou às pessoas diferentes de mim, metade de todo o meu tempo; e, se nalguma coisa tenho desprezado alguém, o restituo com quadruplicada atenção”. E disse-lhe Jesus: “Hoje, houve a humanização nesta casa; mais um distraído se tornou gente como um filho de Abraão”. Lc 19.8-9.
Vivemos em um mundo empobrecido de relações humanas; mundo absolutamente tecnicista marcado pela internet, computadores, pelos potentes celulares – que chegam até a falar – e, pela curiosa inversão de proporcionalidade; nos domicílios, enquanto as TVs crescem, as mesas de refeições diminuem. Não há mais espaço para conversas, encontros informais e trocas de experiências que enriquecem o humano. A virtualidade está criando certo gosto de plastificação nas relações. Tudo é tratado pelo virtual; redes sociais, e-mails e conexões. Mergulhados no reino da globalização e sugado pelas grandes ocupações, prescindimos cada vez mais a presença do sujeito outro. Se, hoje, Jesus estivesse passando por Jericó, Ele diria ao pequeno Zaqueu; “sai do Facebook porque hoje me convém pousar em tua casa [...]”. Lc 19.5.
Aqui, não se discute a importância da tecnologia, mas, o uso inadequado e exagerado que isola e desqualifica as relações; que desguarnece o sentido de ser humano. A revolução tecnológica cada vez torna o homem mais solitário e vazio. Abastecemo-nos de tudo que precisamos e entramos em nossos mundos particulares. Fechamos a porta pelo “lado de dentro” e vivemos por aquilo que acreditamos, ainda que nossa vida esteja equivocada, refinadamente bagunçada, perversamente medíocre. Ninguém tem nada a ver com isso! – retrucamos –. Até Deus sofre restrições de acesso; como uma luz de emergência, aciona-se apenas nas horas difíceis. Não temos tempo para pessoas diferentes e para novas relações. Estamos sempre atrasados, sorvidos pela esteira da coisificação. Envolvermo-nos com dores alheias? Nunca! Afinal, angústia que não seja a nossa, sempre terá um cheiro desagradável e pode comprometer-nos.
No entanto, o versículo tema ajuda-nos a perceber o que despercebemos; a importância da relação humana; o “milagre humano”. “O milagroso toque humano” que pode salvar vidas. O conteúdo do milagre não está no sobrenatural, mas, na exuberante humanidade expressa por Jesus. “Ele curou o leproso com afetividade”. Tantos foram os milagres de Jesus que não nos surpreenderia mais um, se não fosse pela “cura do seu envolvimento” com o leproso. Um significativo gesto de amor que nos faz pensar sobre a fundamentalidade dos afetos. Afinal, Jesus poderia curar de longe, como fez com os dez leprosos. Lc 17.11-19. No entanto, Jesus curou o leproso “tocando” e se “envolvendo” com ele. Jesus revela a importância da humanização no processo da cura. Inolvidavelmente notável.
O episódio desvela a natureza humana de Cristo e sua intenção: curar a lepra da alma humana tão carente de afetividade. Muito mais que a cura da lepra, o leproso queria ser acolhido, ser tratado como gente, ter a sua dignidade de volta. No percurso da vida, na busca pela felicidade, esbarramos em muitas dores e frustrações que somente quem sofreu pode nos ajudar. Muito mais que coisas, queremos ser ouvidos, compreendidos e recebidos como humanos em nossos sofrimentos; alguém que não tenha medo de nos tocar como pecadores.
Em Israel, os leprosos eram considerados lixo. O estigma da doença fazia com que eles perdessem tudo, até mesmo a própria identidade. Às vezes perdemos nossa dignidade para o sofrimento. Cristo quer nos dizer que temos carências que só serão supridas pelo “toque humano”; a afetividade,a amizade,a compaixão e a solidariedade que só podem ser humanas.
Cristianismo é essencialmente relação. Além de sua divindade, precisamos aprender com a humanidade de Cristo. Ele cura gente machucada com afeto sem perguntar sobre as causas. Queremos ser amados e recebidos; não repelidos. Afinal, temos consciência de “nossa lepra”. Também, Jesus quer nos mostrar que muito mais que coisas e prazeres, o que realmente importa é a vida; o cuidado do ser. Que não podemos perder a essência principal de nossa humanidade; vivermos para adorar a Deus e ter vida plena com os outros. Sobretudo, Jesus nos ensina a amar como queremos ser amados e a tratar como queremos ser tratados. “Misericórdia quero e não holocaustos".Mt 9.13.
Que Ele nos cure da lepra da insensibilidade que nos assola em um mundo tão tecnicista. Que Deus toque a lepra de nossa brutalidade e nos torne gente; este é o “verdadeiro milagre humano”. Seu toque curador continua através de nós; “gente precisando de gente”. Isto é ser Igreja.
E, constrangido, Zaqueu respondeu: “[...] Senhor, eis que dou às pessoas diferentes de mim, metade de todo o meu tempo; e, se nalguma coisa tenho desprezado alguém, o restituo com quadruplicada atenção”. E disse-lhe Jesus: “Hoje, houve a humanização nesta casa; mais um distraído se tornou gente como um filho de Abraão”. Lc 19.8-9.
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