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Palavra do leitor

O mérito da vergonha

“E ambos estavam nus, o homem e a sua mulher; e não se envergonhavam.” Gen 2; 25

A narrativa do Genesis apresenta o primeiro casal num estado que, hoje, seria obsceno; a nudez em público, se bem que não havia público, ao menos, humano; mas, em plena inocência, sem motivo para vergonha.

Todavia, após a desobediência “descobriram” que tinham algo a esconder; “E ele disse: Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me.” Gen 3; 10 Então, afirmar que a vergonha deriva de erro moral ou espiritual, trazendo sensação de indignidade, desajuste, parece uma conclusão lógica.

Acontece que, a morte espiritual que ocorreu então, deixou a espécie humana refém de uma alma caída que se expressa mediante o corpo. Antes, era movida por um Espírito, Santo, que disciplinava alma e corpo. Assim, deixando de se orientar pelas faculdades espirituais, intuição, comunhão, consciência, restaram as sensoriais, do corpo; e as psicológicas, mente emoção e vontade, agora “soltas”, sem compromisso com o Espírito.

Como a visão obra estimular à vontade, Deus ordenou que se cobrisse a nudez desde então. Aquilo que era inocente passou a ser vergonhoso uma vez que desceu do patamar da santidade para a condição de estímulo ao erro.

Todavia, a vergonha carece de um parâmetro digno que ateste sua indignidade. Entre iguais é possível agir de modo indigno sem sentir mal estar algum. Basta ver as colônias de nudismo, por exemplo. Acontece que os motivos vergonhosos não se restringem à nudez; são proporcionais à dignidade que afrontamos.

Em face de Deus, até Isaías se apavorou: “Então disse eu: Ai de mim! Pois estou perdido; porque sou um homem de lábios impuros, e habito no meio de um povo de impuros lábios; os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos.” Is 6; 5

Contra a vergonha, duas atitudes são possíveis: Combater ao erro, causa da mesma, buscando dignidade própria; ou, rejeitar à Dignidade, denúncia da vergonha, caindo na dissolução. Os escritos gregos chamavam isso de Aselgeia, que é um estágio de degradação moral, tal, onde a pessoa já não se envergonha de não ter vergonha.

A vida sexual, por exemplo, é o que de mais íntimo temos; algo que deve ficar entre quatro paredes; porém, há muito está nas ruas, e mesmo as formas contrárias à natureza, desfilam seu “orgulho” à luz do dia. As abortistas, como fizeram no programa de ontem do PV, dizem que é “preciso estar atentos, à perigosa relação Estado religião.” Como se o valor da vida fosse algo meramente religioso. Esses já não têm vergonha de “corrigir” à custa de uma vida indefesa, as consequências de serem adultos irresponsáveis.

Jeremias denunciando a infidelidade de Israel a Deus usou uma figura bem didática: “…mas tu tens a fronte de uma prostituta, e não queres ter vergonha.” Jr 3; 3 Hoje seria politicamente incorreto com as “profissionais do sexo”.

A transição mediante Cristo, do modo de vida indigno para a nobre reputação de santo, necessariamente trará alguma vergonha, constrangimento; algo que não deve envergonhar a ninguém. Afinal, o fim agora é nobre, e aquele, era a perdição, como lembrou Paulo: “Porque, quando éreis servos do pecado, estáveis livres da justiça. E que fruto tínheis então das coisas de que agora vos envergonhais? Porque o fim delas é a morte.” Rom 6; 20 e 21

Então, malgrado a vera Tsunami que tenta arrastar de vez quaisquer resquícios de dignidade, que assola o Brasil, legalizando união gay, aborto, descriminando as drogas, sem falar na corrupção, há ainda uma minoria, como no reino de Assuero, que prefere a dignidade moral, honestidade intelectual, ao “doping” da legalidade. “…Existe espalhado e dividido entre os povos em todas as províncias do teu reino um povo, cujas leis são diferentes das leis de todos os povos, e que não cumpre as leis do rei;…” Et 3; 8

Assim, sempre que possível cumpriremos nossa cidadania; mas, quando os pleitos humanos laborarem por legitimar a impureza, automaticamente nos colocarão fora da lei, sem nos envergonharmos disso. Claro que falo em nome dos veros servos de Deus, não dos imiscuídos professos.

Entre legitimar comportamentos ridículos e ridicularizar a Deus, como antídoto à vergonha, a maioria tem preferido a segunda opção. Nós outros, fizemos diverso; “Quando tu disseste: Buscai o meu rosto; o meu coração disse a ti: O teu rosto, Senhor, buscarei.” Sal 27; 8

Ante a face Bendita do Criador, seguimos nus; mas, sabendo impossível e sem necessidade de esconder nada; sem condenação. “E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más.” Jo 3; 19
Tio Hugo - RS
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Site: http://ofarol21.blogspot.com.br

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