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Palavra do leitor

O limite

"Disse Deus: Não coma do fruto" (Gn 2.16,17). Deus está estabelecendo uma sentença, uma ordenança, um limite para que o homem viva bem, pois o limite determina o grau de satisfação pessoal, demarcando o seu território individual pessoal inviolável. Quando ultrapassamos nossos limites físicos, violentamos os limites da capacidade humana, nos esgotamos e não alcançamos à sensação de satisfação completa. Pois a quebra de limites gera insatisfação, pensamentos revolucionários, e por fim a rebeldia.

Deus criou o homem completo, e perfeito, fixando sua pessoal e intransferível impressão digital, moral, emocional, como a cor dos cabelos, a cor da pele, a cor dos olhos, a arcada dentária, elementos necessário para identificar sua própria personalidade, o homem não tinha vergonha de si mesmo, (Gn 2.25) Isto é, o homem amava a si mesmo, e se aceitava do jeito que Deus lhe criou, possuía uma auto-estima elevadíssima, pois respeitava o limite de sua satisfação pessoal determinada pelo seu criador, isto é, nessa obediência o homem estava coroando a criação de Deus. Porem depois do pecado o homem perdeu o tesouro precioso que lhe proporcionava esse equilíbrio emocional, e que conferia ao homem o sentimento de satisfação pessoal. O pecado trouxe a quebra de limite, a separação, e conseqüentemente a ausência de Deus na vida humana (Is 59.2). Com esta perda e com essa ausência o homem passou a ter vergonha de si mesmo, pois logo percebeu que lhe faltava alguma coisa dentro de si, e já não se aceitava como tal, perdeu o amor próprio, e com uma grave crise de baixa auto-estima viu a necessidade de um complemento, um adorno, (já caracterizava um comportamento rebelde, aferindo que a obra de Deus estava incompleta) para substituir, para aperfeiçoar, isto reflete uma busca frenética do limite para gerar a satisfação pessoal, e sentir-se realizado, com o fim de elevar a baixa auto-estima. Daí vem a necessidade dos adornos e apetrechos (I Pe 3.3-6), que revela a insatisfação e a "vergonha de si mesma" (Gn 3.6,7). A folha de figueira representa a vergonha de si, pelo fato de esconder o corpo por traz do avental. Esta foi a forma que o homem encontrou para justificar a ausência de Deus em sua vida (Gn 3.8-10). O fato de si "esconder" revela a tentativa de auto justificação, esta atitude de covardia afirma pensamentos revolucionários tipo: Não preciso da tua presença, não te aceito, não gosto, não me sinto bem em estar ao teu lado. Na verdade a vergonha de si mesmo aflora um desprezo, uma rejeição, levando a uma ligeira inclinação à apostasia, ao descaso, que é o estado patológico de letargia espiritual, indolência, mornidão, que indica uma falta de energia motivacional espiritual, eliminando o prazer de viver. Enfim, a ausência de Deus suprime o amor próprio desencadeando uma crise de identidade. 

Na verdade os pendentes, os adornos, os apetrechos, os atavios, os enfeites, são elementos que representam tentativas de satisfação pessoal, resultado de um complexo interior de prazer individual, identificado como quadro de patologia infecciosa psicológica denominada de "Mamom da vaidade", (Mt 6.24) a ponto de ocupar o lugar vazio, um espaço do tamanho de Deus existente no homem. Daí, concluímos que, por causa dos pendentes o povo se corrompeu, depois se desviou do caminho e adoraram a outro deus, por fim Deus chamou esse mesmo povo de "povo obstinado" (Ex 32.1-9). Tudo por causa da quebra de "limites". Reflexão, "Realizar a minha vontade é ser escravo de minha própria emoção, e prisioneiro dos meus pensamentos" (Is 58.13).
João Pessoa - PB
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