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Palavra do leitor

O ladrão de flores e os túmulos de mármore

Dia desses escrevi um poema chamado “hoje vou plantar flores” baseado no fato; plantei mesmo um pequeno jardim em frente à igreja onde trabalho. Regadas com freqüência, as plantas cresceram e já chamam atenção por estarem num plano inclinado em relação à rua.

Ontem quando fui regar notei que duas mudas de margaridas foram furtadas através da grade que cerca o jardim, e hoje, mais uma. A primeira reação foi de indignação, depois, algumas questões vieram à mente. Para quê alguém usaria mudas de flor, senão para embelezar ambientes, sejam canteiros, jardins, vasos...?

Essa ambigüidade dá o que pensar; o conceito do belo ser atraente ao corpo, e estranho à alma. Gostar de flores se aprende mediante a visão, um sentido do corpo; autorizar o roubo como meio de conseguir isso mostra uma alma desprovida de beleza, amoral, para não dizer, imoral.

É possível encontrarmos a beleza em seu estado puro, intáctil às digitais da feiúra?

Quando homens ou mulheres casados produzem-se de modo especial para encontrar seus amantes, temos outra vez o concurso da beleza e da feiúra, de modo a ser necessário concluir que essas pessoas não amam ao belo em si, mas nuances da beleza as quais, para obter, não importa que o vírus da feiúra contamine o resto.

Mesmo naqueles que reputamos virtuosos, pode estar a mácula antitética evadida à percepção até mesmo de seu possuidor. Platão disse mais ou menos o seguinte: “Quando alguém for reputado justo, caber-lhe-ão por isso, aplausos, recompensas e honrarias; de modo que não poderemos saber se ele é assim por amor à justiça, ou pelas honras e aplausos que recebe. Convém, pois, colocá-lo em situação tal, que seja privado de tudo isso, se, ainda assim, permanecer justo, ele o é, por amor à justiça.”

É mais ou menos isso que se passa com a conversão a Cristo; a primeira condição: “Negue a si mesmo”, ou seja, abdique de sua vontade pela de Deus. Depois, Deus nos leva para o deserto, uma série de provações e em meio delas, nos exorta a seguirmos agindo em justiça e retidão, confiando Nele. Mediante Isaías Ele diz: “Eis que te purifiquei não como a prata; provei-te, na fornalha da aflição” Is 48; 10

Essa purificação, a Bíblia chama de santificação; remover motivações impuras de dentro, o que, uma vez obtido, reflete-se no exterior de cada um. Quando vemos pregadores pondo em relevo “testemunhos” de pessoas que eram pobres desonradas e “conquistaram” bens, riquezas materiais e honras depois que foram para determinadas igrejas, eles me lembram os ladrões de flores.

Apresentam essas conquistas como credenciais, quando, na verdade, essas coisas são as primeiras que perdem a relevância em face ao conhecimento de Jesus Cristo. Aquele que conhece Jesus enriquece de imediato, pouco importando suas condições pregressas. As riquezas recém adquiridas, ele quer dividir não ostentar. Toda sua força emprega para que outros conheçam ao Senhor, pelo que É, não pelo que dá. Como ele mesmo ensinou, “A vida de qualquer um não consiste na abundância do que possui.”

Andando entre galerias do cemitério de minha cidade, chamou atenção que tem uma área “VIP” onde são belos e revestidos a mármore os sepulcros. Ora, corpos em decomposição, não mudam sua essência se, revestidos de luxo. Mas, os ricos que viveram cercados da beleza que é possível comprar, saem do teatro da vida “atirando”, ostentando uma beleza inócua e impotente para abrir os eternos portais.

Aqueles que se dizem renascidos do Espírito, e ainda acenam com coisas materiais como o sentido da vida, por mais excelsas que sejam suas posses, não passam de sepulcros de luxo, imundície cercada de aparências.

Engraçado que todos os sepulcros marcam a data de nascimento com uma estrela, e, a da morte com uma cruz; que significa isso? Ora, quem nasceu anunciado por uma estrela e partiu numa cruz foi Ele, Jesus.

Só que Ele não aceita essa “identificação” pós mortem. Não morreu por corpos em decomposição, mas, por almas vivas. Quem não se identificar com Ele mediante submissão, enquanto vivo, não será recebido depois.

Essa idéia fútil de achar que Ele é um cara legal, mas que todas as religiões são boas e que todos os caminhos levam a Deus, é só mais uma faceta dessa mistura do belo e do feio. Jesus seria bacana, mas mentiroso, pois, disse: “Ninguém vem ao Pai senão por mim.”

Nele, pois, temos o belo em si, desprovido do concurso de qualquer fealdade se há obstáculos, estão na nossa visão enferma, como foi nos Seus dias, segundo profetizou Isaías: “...olhando nós para ele, não havia boa aparência nele, para que o desejássemos.” Isaías 53:2

Todavia, Davi, o homem segundo o coração de Deus, tinha olhos melhores, pois exortou: “...adorai o SENHOR na beleza da santidade.”Salmos 29:2
Tio Hugo - RS
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Site: http://ofarol21.blogspot.com.br

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