Palavra do leitor
- 30 de abril de 2007
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O frio do cobertor psicológico
Nos dias de hoje, muitos não notam que suas vidas se encontram revestidas de capas (ou cobertores psicológicos) que, infelizmente, os afastam dos outros e, igualmente, de Deus. Por tal motivo, essas pessoas têm dificuldades no trabalho, não suportam o chefe, perdem a cabeça com o síndico, abandonam antigas amizades e não conseguem levar adiante novos contatos.
Uma de minhas experiências permite avaliar os efeitos dessas tais “capas isoladoras”. Quando morei na Inglaterra, país fascinante que trescala um perfume de cultura e de milhares de anos de história, me deparei com um desafio que assusta até os próprios ingleses, o clima.
O tempo frio e úmido do outono, e mais ainda do inverno, penetra pelas paredes e toca até os ossos de quem busca abrigo nos edifícios. Bem, por isso existem equipes de atendimento para acompanhamento da situação dos idosos nos tempos de clima mais rigoroso, no intuito de protegê-los pois, do contrário, pereceriam por falta de aquecimento.
Dada a necessidade de preparar mamadeiras noturnas para minha filha, enfrentei noites e noites de frio na cozinha de minha casa, e ganhei uma tosse crônica, somente sanada após cinco anos, depois de voltar ao Brasil.
Naqueles tempos de Inglaterra, para sair à rua, eu me munia de uma verdadeira armadura de tecido. Roupa interna de algodão me cobria dos pés a cabeça, bem como calças de lã, camisa de flanela, pulôver, paletó de tweed, e, sobre tudo isso, um grande casaco impermeável, cujo capuz, forrado de pele de ovelha, se fechava até a metade do rosto, sem falar em meias, luvas e cachecol.
Com tal aparato, eu me sentia tal qual Davi, quando vestiu a armadura de Saul (I Sm 17.38-38), e mal podia caminhar. E lá ia eu pelas ruas de Londres, pisando as calçadas com meus sapatos de grossas solas de borracha, isolado do tempo e da temperatura.
Ora, quem não sente o impacto do frio também não sente o vento que sopra ao redor, e menos ainda poderia perceber uma brisa suave, afinal tudo é um toque de pele.
Do mesmo modo, se alguém tem um tapa ouvidos, que o impede de perceber grandes ruídos, algo que, de certa forma, acontecia com o capuz forrado, jamais poderá ouvir uma “voz mansa” (voz de Deus), e isso nos leva às Escrituras, especificamente ao episódio do contato entre o profeta Elias e Deus, que somente teve seu ápice com uma brisa suave, que seguiu terremotos, ventos, e fogo (I Rs 19.1-21).
Mas, se as capas, símbolos do pecado, incredulidade, medo, soberba, tristeza e desânimo são tão-somente danosas e negativas, por que não as laçamos fora, como fez o cego curado por Jesus? (Mc 10.46-52) A triste resposta é bem simples: porque fazemos de tais capas “muletas psicológicas, emocionais e espirituais”, nas quais nos apoiamos.
Mais uma vez a ficção nos oferece aqui uma figura do real, ao lembramos do personagem do desenho Snoop, um menino, que não ia a lugar nenhum sem carregar um velho e encardido cobertor, que era sua “capa” de apoio. Ele fazia isso somente porque não entendia realidades maiores e se prendia ao que não passava de um objeto singelo, como bem ilustrou o cartunista.
Na vida, é importante às vezes parar um pouco e fazer uma profunda reflexão sobre tantos medos e idéias que encobrem nossa mente e transtornam nosso pensar. Há momentos em que somente ganhamos uma coisa melhor se perdermos outra não tão boa, isto é, somente nos aproximamos de Deus, e das pessoas, se lançarmos fora as capas ou os cobertores isolantes (Mt 10.39).
Uma de minhas experiências permite avaliar os efeitos dessas tais “capas isoladoras”. Quando morei na Inglaterra, país fascinante que trescala um perfume de cultura e de milhares de anos de história, me deparei com um desafio que assusta até os próprios ingleses, o clima.
O tempo frio e úmido do outono, e mais ainda do inverno, penetra pelas paredes e toca até os ossos de quem busca abrigo nos edifícios. Bem, por isso existem equipes de atendimento para acompanhamento da situação dos idosos nos tempos de clima mais rigoroso, no intuito de protegê-los pois, do contrário, pereceriam por falta de aquecimento.
Dada a necessidade de preparar mamadeiras noturnas para minha filha, enfrentei noites e noites de frio na cozinha de minha casa, e ganhei uma tosse crônica, somente sanada após cinco anos, depois de voltar ao Brasil.
Naqueles tempos de Inglaterra, para sair à rua, eu me munia de uma verdadeira armadura de tecido. Roupa interna de algodão me cobria dos pés a cabeça, bem como calças de lã, camisa de flanela, pulôver, paletó de tweed, e, sobre tudo isso, um grande casaco impermeável, cujo capuz, forrado de pele de ovelha, se fechava até a metade do rosto, sem falar em meias, luvas e cachecol.
Com tal aparato, eu me sentia tal qual Davi, quando vestiu a armadura de Saul (I Sm 17.38-38), e mal podia caminhar. E lá ia eu pelas ruas de Londres, pisando as calçadas com meus sapatos de grossas solas de borracha, isolado do tempo e da temperatura.
Ora, quem não sente o impacto do frio também não sente o vento que sopra ao redor, e menos ainda poderia perceber uma brisa suave, afinal tudo é um toque de pele.
Do mesmo modo, se alguém tem um tapa ouvidos, que o impede de perceber grandes ruídos, algo que, de certa forma, acontecia com o capuz forrado, jamais poderá ouvir uma “voz mansa” (voz de Deus), e isso nos leva às Escrituras, especificamente ao episódio do contato entre o profeta Elias e Deus, que somente teve seu ápice com uma brisa suave, que seguiu terremotos, ventos, e fogo (I Rs 19.1-21).
Mas, se as capas, símbolos do pecado, incredulidade, medo, soberba, tristeza e desânimo são tão-somente danosas e negativas, por que não as laçamos fora, como fez o cego curado por Jesus? (Mc 10.46-52) A triste resposta é bem simples: porque fazemos de tais capas “muletas psicológicas, emocionais e espirituais”, nas quais nos apoiamos.
Mais uma vez a ficção nos oferece aqui uma figura do real, ao lembramos do personagem do desenho Snoop, um menino, que não ia a lugar nenhum sem carregar um velho e encardido cobertor, que era sua “capa” de apoio. Ele fazia isso somente porque não entendia realidades maiores e se prendia ao que não passava de um objeto singelo, como bem ilustrou o cartunista.
Na vida, é importante às vezes parar um pouco e fazer uma profunda reflexão sobre tantos medos e idéias que encobrem nossa mente e transtornam nosso pensar. Há momentos em que somente ganhamos uma coisa melhor se perdermos outra não tão boa, isto é, somente nos aproximamos de Deus, e das pessoas, se lançarmos fora as capas ou os cobertores isolantes (Mt 10.39).
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dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.
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