Palavra do leitor
- 17 de novembro de 2014
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Artigo publicado em resposta a Enquanto os homens dormem
O fenômeno se repete: evangélicos saem ainda mais desgastados em outra eleição
A IMAGEM DOS EVANGÉLICOS SAI TÃO DESGASTADA DO PROCESSO ELEITORAL, QUE ATÉ AÉCIO OMITIU E ESCONDEU O QUANTO PÔDE OS APOIOS DE EVERALDO, FELICIANO E SILAS MALAFAIA.
Há 12 anos pastores têm se tornado cabos eleitorais do PSDB, demonizando o PT e imiscuindo-se no jogo de forças políticas que deles se utiliza para confundir, envenenar e manipular o povo evangélico. Nem mesmo a participação de Marina serviu para elevar o nível de consciência política de boa parte dos evangélicos, levados a acreditar que o PT tem um plano para destruir a família, faz a apologia ao homossexualismo e quer matar fetos. Nada mais fácil de ser usado para despertar o sentimento religioso e canalizá-lo contra um grupo social, sempre germinando uma raiva disfarçada sob o argumento do temor a Deus.
Poucos se dão conta de que em quase todos os partidos há pessoas contra e a favor da união civil entre gays, do aborto em algumas situações e que, nenhum desses temas depende unicamente da vontade de um partido ou de um presidente. Alguns aspectos precisam até de reforma constitucional e outros de regulação legislativa. Tempos atrás, dizia-se que os pastores seriam forçados a fazer casamentos gays, algo nunca cogitado por algum partido e contra os preceitos da constituição federal que, para ser mudada, é necessário um consenso suprapartidário muito difícil de ser conseguido.
Mas a cada eleição, as igrejas são inundadas de pregações e panfletos que advertem os fieis contra os planos destrutivos do PT que nunca são concretizados. Este ano, mais do que usar a questão gay e o aborto, alguns líderes evangélicos lançaram mão de uma distorção de declarações da presidenta para espalhar que ela seria favorável aos terroristas islâmicos que degolam pessoas. Como nas outras questões, a desinformação aqui se mistura com a calúnia e a difamação, tudo sempre sob o manto de uma suposta “espiritualidade”.
Desse modo, os não cristãos têm razão em pensar que nada é tão importante para os evangélicos quanto combater os gays. Redução da miséria? Habitação popular? Ampliação da educação? Que importa? O importante é o discurso fácil que atrai a boa gente evangélica. Todavia, alguns, inflamados pela retórica religiosa, denotam comportamentos não tão bons. Alguém posta na internet um encontro da presidenta com um deputado gay como se aquilo fosse algo escandaloso (Marina fez campanha para Gabeira na eleição passada no Rio), outros publicam que votam de acordo com “princípios bíblicos” para presidente. Observando suas escolhas, percebo que os princípios não se aplicam a deputados, senadores e governadores, só ao cargo de presidente. Sem falar nas “profetadas”, “invocações” e “determinações” que parecem chamar Deus para dar “uma força” contra o PT.
Esse é um ingrediente particular da cultura política evangélica em muitos contextos. Somado à incapacidade de identificar as artimanhas de grupos midiáticos e políticos sempre interessados em criminalizar o PT e em proteger os tucanos, esse ingrediente conforma o caldo bebido por muitos evangélicos envolvidos num ativismo antipestista infantil, desprovido de conteúdo e de acesso a contrapontos, reprodutor de todas as teses que se publica na grande imprensa. Isso desemboca em reações semelhantes àquelas estimuladas pelas elites nos estádios de futebol e nas redes sociais, carregadas de violência, preconceitos e desdém para com os que são beneficiários, simpatizantes, eleitores ou militantes dos governos petistas. Dessa forma, saímos de outra eleição, menores, marginalizados e sem voz, numa arena em que é preciso muito mais do que fé nem sempre boa e moralismo para se exercer influência. O resultado colateral será uma resistência cada vez maior à missão primeira e maior do cristão: evangelizar.
Há 12 anos pastores têm se tornado cabos eleitorais do PSDB, demonizando o PT e imiscuindo-se no jogo de forças políticas que deles se utiliza para confundir, envenenar e manipular o povo evangélico. Nem mesmo a participação de Marina serviu para elevar o nível de consciência política de boa parte dos evangélicos, levados a acreditar que o PT tem um plano para destruir a família, faz a apologia ao homossexualismo e quer matar fetos. Nada mais fácil de ser usado para despertar o sentimento religioso e canalizá-lo contra um grupo social, sempre germinando uma raiva disfarçada sob o argumento do temor a Deus.
Poucos se dão conta de que em quase todos os partidos há pessoas contra e a favor da união civil entre gays, do aborto em algumas situações e que, nenhum desses temas depende unicamente da vontade de um partido ou de um presidente. Alguns aspectos precisam até de reforma constitucional e outros de regulação legislativa. Tempos atrás, dizia-se que os pastores seriam forçados a fazer casamentos gays, algo nunca cogitado por algum partido e contra os preceitos da constituição federal que, para ser mudada, é necessário um consenso suprapartidário muito difícil de ser conseguido.
Mas a cada eleição, as igrejas são inundadas de pregações e panfletos que advertem os fieis contra os planos destrutivos do PT que nunca são concretizados. Este ano, mais do que usar a questão gay e o aborto, alguns líderes evangélicos lançaram mão de uma distorção de declarações da presidenta para espalhar que ela seria favorável aos terroristas islâmicos que degolam pessoas. Como nas outras questões, a desinformação aqui se mistura com a calúnia e a difamação, tudo sempre sob o manto de uma suposta “espiritualidade”.
Desse modo, os não cristãos têm razão em pensar que nada é tão importante para os evangélicos quanto combater os gays. Redução da miséria? Habitação popular? Ampliação da educação? Que importa? O importante é o discurso fácil que atrai a boa gente evangélica. Todavia, alguns, inflamados pela retórica religiosa, denotam comportamentos não tão bons. Alguém posta na internet um encontro da presidenta com um deputado gay como se aquilo fosse algo escandaloso (Marina fez campanha para Gabeira na eleição passada no Rio), outros publicam que votam de acordo com “princípios bíblicos” para presidente. Observando suas escolhas, percebo que os princípios não se aplicam a deputados, senadores e governadores, só ao cargo de presidente. Sem falar nas “profetadas”, “invocações” e “determinações” que parecem chamar Deus para dar “uma força” contra o PT.
Esse é um ingrediente particular da cultura política evangélica em muitos contextos. Somado à incapacidade de identificar as artimanhas de grupos midiáticos e políticos sempre interessados em criminalizar o PT e em proteger os tucanos, esse ingrediente conforma o caldo bebido por muitos evangélicos envolvidos num ativismo antipestista infantil, desprovido de conteúdo e de acesso a contrapontos, reprodutor de todas as teses que se publica na grande imprensa. Isso desemboca em reações semelhantes àquelas estimuladas pelas elites nos estádios de futebol e nas redes sociais, carregadas de violência, preconceitos e desdém para com os que são beneficiários, simpatizantes, eleitores ou militantes dos governos petistas. Dessa forma, saímos de outra eleição, menores, marginalizados e sem voz, numa arena em que é preciso muito mais do que fé nem sempre boa e moralismo para se exercer influência. O resultado colateral será uma resistência cada vez maior à missão primeira e maior do cristão: evangelizar.
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