Palavra do leitor
- 30 de junho de 2016
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O Esvaziar-se Divino e o divino esvaziar-se
“Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é” – Caetano Veloso
Às vezes estamos cheios de nós mesmos. Em ambos os sentidos, pelo excesso de prazer der sermos o que somos, e pelo excesso da dor. Nos enchemos…
Parece ser um fenômeno de geração, que as pessoas vão ficando cada vez mais convencidas de si mesmas. Sabemos tudo, podemos tudo, nos bastamos.
As consequências desse modo de vida parecem óbvias, e obviamente negativas.
Então, não é de se estranhar que Deus use a via do esvaziamento, ao invés da do enchimento. Ele esvaziou-se de si mesmo.
Mas pode parecer num primeiro momento algo estranho, um Deus vazio! De que serviria um Deus assim? Uma jarra de água, sem água? Uma sala de estar, sem móveis? Um prato de comida, sem comida? Uma carteira de dinheiro, vazia…
Penso ser assim, pois, como já poderíamos deduzir, Deus está nos dando uma lição, um exemplo. Ele se esvaziou, para nos ensinar que nós também devemos nos esvaziar. Se estar cheio de si mesmo nos traz consequências negativas deveríamos nos esvaziar, seguindo o seu exemplo.
Como uma jarra, uma sala de estar, um prato ou uma carteira, só temos utilidade para Deus e para nossa sociedade se nos apresentamos vazios. Por que? Vou dar um ou dois exemplos: aquele copinho de água que compramos, bebemos a água e jogamos o copinho fora. No fundo estamos comprando a água e não o copinho. Se queremos um copo, compramos ele vazio e então o encheremos com o que bem quisermos. Seria desagradável irmos numa loja comprar um copo e achar na prateleiras copos cheios de água, ou seja lá o líquido ou bebida que for. Queremos adquirir copos vazios e de preferência limpos! Ah, mas a carteira de dinheiro queremos cheia!? Pode ser. Mas até as pessoas honestas quando acham uma carteira cheia de dinheiro ou documentos, já pensam logo em como devolvê-la ao dono. Existe certo constrangimento em ficar com uma carteira cheia de algo de valor que não nos pertence. Parece roubo.
Assim é também o esvaziar-se divino. E assim também devemos agir.
Quando Deus esvaziou-se, Ele tornou-se homem. Primeiramente uma pequena criança. E foi com a pureza de uma criança que Ele atravessou todos os seus trinta e três anos de vida sobre essa terra. Primeiro houve o esvaziamento. Só assim, pudemos percebê-lo, enxergarmos e tocá-lo. E Ele foi radical em seu esvaziar-se, pois seguiu sua trajetória até mais além, até à crucificação. Poderíamos imaginar que somente vazio é que aquele coração imenso poderia ter recebido toda nossa imundice e pecado. Todo o lixo da humanidade. Poderíamos imaginar que aquele homem como vaso precioso, sabia que ao carregar nossa culpa e pecado estaria fadado a perder, por simples incompatibilidade de naturezas, toda a sua vida. Receber-nos seria perder-se. Ou como Ele mesmo disse, se o grão de trigo não cair na terra e morrer e ele fica só.
Como um copo ele apresentou-se vazio. Poderia ter-se apresentado como um rei, um sábio, um conquistador. E na verdade foi todas essas coisas. Mas à sua maneira. Uma maneira esvaziada. Um rei, sem cetro. Um sábio, sem livros. Um conquistador, crucificado. Vazio. E um vazio, que chega a ser quase um vácuo, que nos puxa. Que atraiu as pessoas em sua época e atrai ao longo de dois milênios. Sua “impotência” na cruz nos constrange, conquista-nos, nos leva refém. Sua postura serviçal, também nos “obriga” a nos dobramos diante dele. Sua extrema simplicidade de ensino, revoluciona todos os paradigmas científicos e filosóficos humanos.
Quando o Deus Filho se apresenta vazio, Ele torna-se útil para o Pai. Ele torna-se útil para nós. Não útil, no sentido meramente utilitarista do termo, mas no sentido relacional. Vazio para receber-nos. Útil para se dar.
Bem, se com Deus funciona assim. Conosco não deveria ser diferente. Às vezes percebemos como as pessoas chegam, se achando, como aquela carteira cheia de dinheiro. Tanta coisa para oferecer. Tanto saber, tanto poder. E nos sentimos desnecessários. E precisamos esperar até que ela se esvazie para que o relacionar aconteça, para podermos ser úteis. Elas têm tanto dinheiro em sua carteira, tanto líquido em seu copo, que não há espaço para a troca, para o intercâmbio.
Às vezes nos apresentamos da mesma forma diante de Deus, achando que teríamos algo de valor a oferecer. E quantas vezes que Deus nos reafirma, que nossas obras de justiça não passam de trapos de imundícias? Será que não deveríamos nos apresentar diante dEle também vazios? Úteis? “Estou aqui, vazio, encha-me você como quiser, para o que você quiser”.
E se estou cheio, no sentido de cansado de mim mesmo. De minhas falhas, de minhas mazelas, de meus maus agouros? Não seria também essa a oportunidade para, diante dEle, esvaziar-se? De nos tornarmos novamente leves? “Receba Senhor o meu fardo”.
Talvez também só cada um saberá, diante de Deus, independente da dor e apesar da delícia, esvaziar-se a si mesmo.
Às vezes estamos cheios de nós mesmos. Em ambos os sentidos, pelo excesso de prazer der sermos o que somos, e pelo excesso da dor. Nos enchemos…
Parece ser um fenômeno de geração, que as pessoas vão ficando cada vez mais convencidas de si mesmas. Sabemos tudo, podemos tudo, nos bastamos.
As consequências desse modo de vida parecem óbvias, e obviamente negativas.
Então, não é de se estranhar que Deus use a via do esvaziamento, ao invés da do enchimento. Ele esvaziou-se de si mesmo.
Mas pode parecer num primeiro momento algo estranho, um Deus vazio! De que serviria um Deus assim? Uma jarra de água, sem água? Uma sala de estar, sem móveis? Um prato de comida, sem comida? Uma carteira de dinheiro, vazia…
Penso ser assim, pois, como já poderíamos deduzir, Deus está nos dando uma lição, um exemplo. Ele se esvaziou, para nos ensinar que nós também devemos nos esvaziar. Se estar cheio de si mesmo nos traz consequências negativas deveríamos nos esvaziar, seguindo o seu exemplo.
Como uma jarra, uma sala de estar, um prato ou uma carteira, só temos utilidade para Deus e para nossa sociedade se nos apresentamos vazios. Por que? Vou dar um ou dois exemplos: aquele copinho de água que compramos, bebemos a água e jogamos o copinho fora. No fundo estamos comprando a água e não o copinho. Se queremos um copo, compramos ele vazio e então o encheremos com o que bem quisermos. Seria desagradável irmos numa loja comprar um copo e achar na prateleiras copos cheios de água, ou seja lá o líquido ou bebida que for. Queremos adquirir copos vazios e de preferência limpos! Ah, mas a carteira de dinheiro queremos cheia!? Pode ser. Mas até as pessoas honestas quando acham uma carteira cheia de dinheiro ou documentos, já pensam logo em como devolvê-la ao dono. Existe certo constrangimento em ficar com uma carteira cheia de algo de valor que não nos pertence. Parece roubo.
Assim é também o esvaziar-se divino. E assim também devemos agir.
Quando Deus esvaziou-se, Ele tornou-se homem. Primeiramente uma pequena criança. E foi com a pureza de uma criança que Ele atravessou todos os seus trinta e três anos de vida sobre essa terra. Primeiro houve o esvaziamento. Só assim, pudemos percebê-lo, enxergarmos e tocá-lo. E Ele foi radical em seu esvaziar-se, pois seguiu sua trajetória até mais além, até à crucificação. Poderíamos imaginar que somente vazio é que aquele coração imenso poderia ter recebido toda nossa imundice e pecado. Todo o lixo da humanidade. Poderíamos imaginar que aquele homem como vaso precioso, sabia que ao carregar nossa culpa e pecado estaria fadado a perder, por simples incompatibilidade de naturezas, toda a sua vida. Receber-nos seria perder-se. Ou como Ele mesmo disse, se o grão de trigo não cair na terra e morrer e ele fica só.
Como um copo ele apresentou-se vazio. Poderia ter-se apresentado como um rei, um sábio, um conquistador. E na verdade foi todas essas coisas. Mas à sua maneira. Uma maneira esvaziada. Um rei, sem cetro. Um sábio, sem livros. Um conquistador, crucificado. Vazio. E um vazio, que chega a ser quase um vácuo, que nos puxa. Que atraiu as pessoas em sua época e atrai ao longo de dois milênios. Sua “impotência” na cruz nos constrange, conquista-nos, nos leva refém. Sua postura serviçal, também nos “obriga” a nos dobramos diante dele. Sua extrema simplicidade de ensino, revoluciona todos os paradigmas científicos e filosóficos humanos.
Quando o Deus Filho se apresenta vazio, Ele torna-se útil para o Pai. Ele torna-se útil para nós. Não útil, no sentido meramente utilitarista do termo, mas no sentido relacional. Vazio para receber-nos. Útil para se dar.
Bem, se com Deus funciona assim. Conosco não deveria ser diferente. Às vezes percebemos como as pessoas chegam, se achando, como aquela carteira cheia de dinheiro. Tanta coisa para oferecer. Tanto saber, tanto poder. E nos sentimos desnecessários. E precisamos esperar até que ela se esvazie para que o relacionar aconteça, para podermos ser úteis. Elas têm tanto dinheiro em sua carteira, tanto líquido em seu copo, que não há espaço para a troca, para o intercâmbio.
Às vezes nos apresentamos da mesma forma diante de Deus, achando que teríamos algo de valor a oferecer. E quantas vezes que Deus nos reafirma, que nossas obras de justiça não passam de trapos de imundícias? Será que não deveríamos nos apresentar diante dEle também vazios? Úteis? “Estou aqui, vazio, encha-me você como quiser, para o que você quiser”.
E se estou cheio, no sentido de cansado de mim mesmo. De minhas falhas, de minhas mazelas, de meus maus agouros? Não seria também essa a oportunidade para, diante dEle, esvaziar-se? De nos tornarmos novamente leves? “Receba Senhor o meu fardo”.
Talvez também só cada um saberá, diante de Deus, independente da dor e apesar da delícia, esvaziar-se a si mesmo.
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