Palavra do leitor
- 02 de outubro de 2008
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O dízimo é legal ou ilegal?
Quero manifestar minha indignação contra um colega de ministério que lhes escreveu a respeito do dízimo. Antes, porém, quero parabenizá-los pelo posicionamento acerca deste assunto quando fizeram o feliz enfrentamento da fé da igreja do Sr. Edir Macedo com a fé cujo autor é o Senhor Jesus Cristo. Me entristeço quando vejo que há muita gente que defende a IURD pelos resultados positivos daquele “ministério”. Se esquecem – ou não conhecem – a passagem na qual Jesus Cristo prevê para um tempo não muito distante de nós: “Muitos [não poucos] me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos milagres? Então lhes direi claramente: ‘Nunca vos conheci: apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade.’” (Mateus 7.22, 23).
Note que Jesus não está dizendo que eles não fizeram o que disseram. A verdade deste texto é que certamente Jesus não se impressiona com o que “fazemos” porque não somos nós que fazemos. Ele afirma que nossas realizações não nos garantem o Reino dos Céus. Não foi Jesus quem disse, “Sem mim, nada podeis FAZER”? Portanto se houve profecia, se houve exorcismo, se houve operação de milagres não tem nada a ver com quem foi usado, mas com Quem usou. Paulo reafirma esta verdade quando o Espírito Santo escreveu através dele que “pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie.” (Ef. 2.8, 9).
Temo e tremo ao me conscientizar que também posso me encontrar entre aqueles que ouvirão claramente “não vos conheci” se não buscar conhecer a vontade de Deus para exercê-la no ministério que Ele me confia. Mas é no mínimo curioso como cristãos não conhecem ou fingem não conhecer tal passagem bíblica. Ela, por si só, me parece suficientemente clara a respeito da maneira como devemos avaliar nossos líderes para amá-los ou para rejeitá-los (como fará Jesus com muitos). E não consigo aceitar que há quem só valorize alguém pelo que faz e não pelo que é, inclusive em relação ao Próprio Deus Eterno.
Quanto ao assunto do dízimo, fiquei indignado com a forma pela qual o pr. Sérgio Müller entende o dízimo. Chamar os escritores do Antigo Testamento de legalistas é uma afronta. Comparar Malaquias com fariseus é outra heresia. Não chamou? Por que não? Se ele concorda com os líderes da época patrística do cristianismo que, segundo Paulo José F. de Oliveira, defendiam a tese de que o dízimo é fruto de misticismo (o título do livro diz isto: Desmistificando o Dízimo), então Abraão era um místico no pior sentido da palavra, porque depois de vencer dura batalha “deu-lhe [a Melquisedeque] o dízimo de tudo” (Gn. 14.20). E era tão legalista quanto o Romário é Russo, porque, até onde eu sei, o dízimo entregue a Melquisedeque não era obrigação da lei, pois Moisés não foi contemporâneo Terá, pai de Abraão, ou foi?
Eu me lembro que li em algum lugar que Jesus disse: “Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim destruir, mas cumprir” e “Pois eu vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus.” (acho que foi em Mateus 5.17, 20). Jesus, por ter cumprido a lei, era legalista? Afirmar isto é tão absurdo quanto é absurdo dizer que dar o dízimo é legalismo.
Outra excrescência é dizer que o comportamento de um pai da igreja serve de parâmetro para determinadas posições teológicas. Se for assim, vamos nos castrar porque Agostinho o fez; creiamos em Maria como a co-redentora da salvação porque a lógica tomista foi uma grande “sacada”. Quem não sabe que o silogismo de Tomás de Aquino foi o embrião da mariolatria? Dizer que Maria é mãe de Deus porque Jesus é Deus foi uma das mais perfeitas construções da lógica, mas isto é verdade a ponto dela merecer adoração? Claro que não! Só porque Irineu condenava o dízimo quer dizer que o dizimista é hipócrita? Que todo aquele que prega a fidelidade nos dízimos e nas ofertas alçadas é explorador da fé alheia? A história da igreja está repleta de equívocos entre os quais este.
Ora, Pedro e os demais líderes da igreja acreditavam piamente que Jesus voltaria dali a pouco tempo e por isso não impediram que os primeiros cristãos vendessem seus bens e os depositassem aos seus pés. Pedro mesmo, anos depois, adverte os incrédulos (frustrados) quanto aos “escarnecedores [que virão] com zombaria (...) dizendo: Onde está a promessa da sua vinda?” (II Pedro 3.4). Quem errou? Jesus por não ter vindo ou os apóstolos por não terem entendido que Jesus não viria à época? Se o colega pastor quiser cumprir o que fez a igreja primitiva nos primeiros anos então pregue às ovelhas que elas devem vender tudo que têm e depositar aos seus pés (Atos 2.44, 45). Duvido que o faça!!! Se a décima parte pesa tanto, imagine 100%...
Não é porque a Bíblia é a “mãe das heresias” que não deva ser lida e analisada com diligência. É lamentável que um líder cristão defenda o que defende.
Note que Jesus não está dizendo que eles não fizeram o que disseram. A verdade deste texto é que certamente Jesus não se impressiona com o que “fazemos” porque não somos nós que fazemos. Ele afirma que nossas realizações não nos garantem o Reino dos Céus. Não foi Jesus quem disse, “Sem mim, nada podeis FAZER”? Portanto se houve profecia, se houve exorcismo, se houve operação de milagres não tem nada a ver com quem foi usado, mas com Quem usou. Paulo reafirma esta verdade quando o Espírito Santo escreveu através dele que “pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie.” (Ef. 2.8, 9).
Temo e tremo ao me conscientizar que também posso me encontrar entre aqueles que ouvirão claramente “não vos conheci” se não buscar conhecer a vontade de Deus para exercê-la no ministério que Ele me confia. Mas é no mínimo curioso como cristãos não conhecem ou fingem não conhecer tal passagem bíblica. Ela, por si só, me parece suficientemente clara a respeito da maneira como devemos avaliar nossos líderes para amá-los ou para rejeitá-los (como fará Jesus com muitos). E não consigo aceitar que há quem só valorize alguém pelo que faz e não pelo que é, inclusive em relação ao Próprio Deus Eterno.
Quanto ao assunto do dízimo, fiquei indignado com a forma pela qual o pr. Sérgio Müller entende o dízimo. Chamar os escritores do Antigo Testamento de legalistas é uma afronta. Comparar Malaquias com fariseus é outra heresia. Não chamou? Por que não? Se ele concorda com os líderes da época patrística do cristianismo que, segundo Paulo José F. de Oliveira, defendiam a tese de que o dízimo é fruto de misticismo (o título do livro diz isto: Desmistificando o Dízimo), então Abraão era um místico no pior sentido da palavra, porque depois de vencer dura batalha “deu-lhe [a Melquisedeque] o dízimo de tudo” (Gn. 14.20). E era tão legalista quanto o Romário é Russo, porque, até onde eu sei, o dízimo entregue a Melquisedeque não era obrigação da lei, pois Moisés não foi contemporâneo Terá, pai de Abraão, ou foi?
Eu me lembro que li em algum lugar que Jesus disse: “Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim destruir, mas cumprir” e “Pois eu vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus.” (acho que foi em Mateus 5.17, 20). Jesus, por ter cumprido a lei, era legalista? Afirmar isto é tão absurdo quanto é absurdo dizer que dar o dízimo é legalismo.
Outra excrescência é dizer que o comportamento de um pai da igreja serve de parâmetro para determinadas posições teológicas. Se for assim, vamos nos castrar porque Agostinho o fez; creiamos em Maria como a co-redentora da salvação porque a lógica tomista foi uma grande “sacada”. Quem não sabe que o silogismo de Tomás de Aquino foi o embrião da mariolatria? Dizer que Maria é mãe de Deus porque Jesus é Deus foi uma das mais perfeitas construções da lógica, mas isto é verdade a ponto dela merecer adoração? Claro que não! Só porque Irineu condenava o dízimo quer dizer que o dizimista é hipócrita? Que todo aquele que prega a fidelidade nos dízimos e nas ofertas alçadas é explorador da fé alheia? A história da igreja está repleta de equívocos entre os quais este.
Ora, Pedro e os demais líderes da igreja acreditavam piamente que Jesus voltaria dali a pouco tempo e por isso não impediram que os primeiros cristãos vendessem seus bens e os depositassem aos seus pés. Pedro mesmo, anos depois, adverte os incrédulos (frustrados) quanto aos “escarnecedores [que virão] com zombaria (...) dizendo: Onde está a promessa da sua vinda?” (II Pedro 3.4). Quem errou? Jesus por não ter vindo ou os apóstolos por não terem entendido que Jesus não viria à época? Se o colega pastor quiser cumprir o que fez a igreja primitiva nos primeiros anos então pregue às ovelhas que elas devem vender tudo que têm e depositar aos seus pés (Atos 2.44, 45). Duvido que o faça!!! Se a décima parte pesa tanto, imagine 100%...
Não é porque a Bíblia é a “mãe das heresias” que não deva ser lida e analisada com diligência. É lamentável que um líder cristão defenda o que defende.
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