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Palavra do leitor

O dia em que o mundo parou: a morte na morte do ambientalismo

Natal amanhecera quieta e silenciosa. Pelas artérias principais da cidade, nenhum movimento. Do simples aposentado comprando pão ao advogado que estacionava seu carro para a audiência das 8:30 da manhã, passando pelos corredores de ônibus e o movimento de carga de produtos e serviços, tudo parou, permanecia silenciosamente quieto. Um silêncio mortal.

Nem as aves de canto, nem de rapina. Aquelas que se alimentavam dos insetos pararam também e aquelas na cadeia alimentar, idem. O consumo que reinara antes no mundo animal, parara também. A vida parou!

Os grandes shoppings, no imaginário daqueles assustados moradores que assistiam esse sonho terrível, inimaginável, se não abrissem seria a prova inconteste de que algo estranho, profundamente aterrador acontecera. E os shoppings não abriram. Não havia ninguém. O mundo ficou tetraplégico! A cidade parara, parara por quê?

Não havia guerra, o mar continuava com aquele verde profundo e nem sinal de tsunami. As tábuas de maré não apontavam para surpresas. Mas a cidade universitária com aquele lusco-fusco de estudantes indo e vindo era um silêncio terrível. Nem o barulho ensurdecedor das cigarras!

O consumo, em todas as suas formas, do leite tirado do peito da vaca à alface consumida nas gôndolas passando pela produção de tudo que se poderia imaginar, percebeu-se aquilo que parecera ser o sonho dos ambientalistas: o consumo morrera!

Como nunca disseram o quanto, como e quando, e o modo como isso deveria ocorrer e, pior, como sempre pensaram em consumo como algo diabólico a destruir o que convencionaram chamar, numa linguagem ‘eco-teológica’ de consumo desenfreado, o Planeta Terra, agora alçado à imagem de uma divindade intocável, sem jamais se darem ao luxo dos limites impostos, sendo o rito de adoração à Mãe Natureza a mantra do discurso, os homens pararam de consumir. A vida cessou!

A terra lavrada, o chão regado e plantado, a colheita farta, a generosidade e ganância, inclusive em todos e tudo, os resultados das conquistas tecnológicas, tudo que até então na história humana se convencionara chamar de conquistas, já não mais se moviam. A vida deixara de existir!

Aniversários não existiam mais. Presentes não podiam ser produzidos e dados como ato de generosidade. A alegria de dar e receber cedera lugar ao nada, ao vazio. As comemorações cessaram de vez e as construções, de qualquer tipo e natureza, não mais se erguiam, seja na realidade ou no imaginário das pessoas.

Já não se amava, nem amor se fazia. O silêncio alcançara todas as formas de consumo e amor é consumo também. A vida cessara completamente.

A vida é um consumir constante, um processo de vir-a-ser, de repetência, de consumir. A essência da vida constitui-se nesse nascer e exaurir-se com a consequência natural, a morte. Os homens entre o espaço de tempo que medeia seu alfa e ômega consomem, não há outra forma. É da natureza humana, do próprio universo como se apresenta.

Mas eis que um novo Avatar trazendo uma nova religião a substituir o consumo, exigia agora que uma nova modalidade de vida, de existência sem vida e sem consumo ocupasse aquilo que fora até então a marca da essência do ser humano: consumir, consumir e consumir como as chamas consomem o oxigênio que as rodeiam sem as quais jamais seriam chamas. Nem o poeta poderia mais cantar:

“Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.”

Não mais! Posto que até o niilismo cantado têm os homens que consumir. Consomem o próprio vazio da chama do amor que se apagou. Não mais!

Mas do mesmo modo que o pesadelo veio, foi-se.

Os homens descobriram que a questão fundamental de tudo isso não tinha nada a ver com a alegria e tristeza de consumir, e consumir de modo crescente e majestoso. Afinal, a vida é isso mesmo: do nascedouro à morte, até essa o consome ao final.

Os homens descobriram que o problema dessa loucura --- parar totalmente o consumo --- que no imaginário parara o próprio universo, era fruto da crença dos descrentes alçada a aquilo que também é o maior consumo de todos os homens: religião.

Foi então que se descobriu que essa nova religião deveria ter como seu fundamento, por excelência, a adoração daquilo que exauriria a essência da própria vida vista sob a forma do consumo segundo a nova religião que levada agora à quinta-essência da divindade recém-criada, exigia do universo a própria morte.

Era o nihilo nihil fit, o nada que surgiria agora do Nada.

Era a morte como a essência da vida, concluíram os cultistas da nova religião ambientalista.

Traduzo para os bobalhões: os problemas que a cultura humana criaram têm uma única resposta: avanço técnico, saber, civilização. Intruso na Terra é a nova religião ambientalista, não o consumo, com Marina Silva à frente, profetiza dessa ‘Eco-Teologia’ secular.
P - RN
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