Palavra do leitor
- 05 de novembro de 2024
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O Dia da Consciência Negra: Pés de barro, também, mas não ir para a lata de lixo!
O Dia da Consciência Negra se aproxima e já se percebe, como de praxe e esperado, toda uma pletora de textos, de manifestações, de pontuações, ainda mais acentuado, quando se dispõe das redes sociais. Não há como negar, todo o evento da escravidão ocorrida, aqui, no Brasil, acarretou marcas nos mosaicos da história do nosso povo e deve ser, sim e sim, lembrado e relembrado, mas com a intenção de soerguer um discurso de proximidade e aproximação, sem descambar em pomos de discórdias ora encabeçado por movimentos mais compromissados a lançar culpas e condenações. É bem verdade, ao se falar sobre o tema escravidão, não podemos nos esquecer da assunção ou da admissão de ser um estado de depravação do ser humano e não restrito a um povo, tão somente. É bem verdade, o livro ora denominado de o Genocídio Velado mostra e demonstra a redução de povos da África a condição de coisas, através dos árabes – muçulmanos, muito antes dos povos europeus e sem defender ninguém, estamos, aqui, com a postura de fazer o que é certo, pôr as cartas sobre a mesa e compreender que os pés de barro, de atos marcados por uma leitura deplorável não coube a um lado. Nessa linha de raciocínio, os textos de 1 Timóteo 1.10, Gálatas 3.28 e Êxodo 21.16, descortinam a direção do Cristianismo, em Jesus Cristo, como um movimento de repulsa e reprovação a toda forma de escravização e redução do ser humano a um meio, a uma coisa, a um objeto, como se não dispusesse de uma consciência de moralidade, como se não fosse detentor da liberdade e muito menos merecedor de respeito. Atentemos, a desvirtuação cometida pela Igreja, quando se acovarda e se adere as conveniências das esferas movidas por essa prática atroz, por essa abjeção, quando se alinhou com a escravidão, não derruba as ideias, os valores e os princípios basilares do cristianismo, em favor do priorizar da vida humana. Sem sombra de dúvida, as mulheres são alçadas na mesma dimensão de igualdade de valores, até, então, não observado, nem no judaísmo, nem no espectro da filosofia grega, nem do arcabouço do direito romano, extrai-se as bases do Direito Natural ou de que todo nós, somos dotados de dignidade humana, de que as pessoas transcendem e não devem ser tratadas como objetos, como partes para interesses lucrativos e pecuniários. Deveras, durante um período considerado, dentro do orbe ou do globo de discursos teológicos e eclesiásticos, houve o aparatar-se da narrativa dos enredos dos favores outorgados ou conferidos a Sem e Jafé, conforme descrito no texto de Gênesis 9 e a temerária e infeliz afirmação de Cam ter sido amaldiçoado e execrado, com se isso fosse uma prova do sofrimento e da aflição do povo negro. Cabe salientar, não foi Cam depreciado, mas Canaã. Negar seria uma tolice, dá um tiro no próprio pé, a atmosfera de superioridade de um e inferioridade de outro não esteve fora e não está fora das comunidades cristãs, como de todos os espaços aonde haja a natureza humana ainda sobre os efeitos de seu estado de depravação e, por isso, todos, indistintamente, carecemos do Deus Ser Humano Jesus Cristo e não fazer a incursão de que o Cristianismo deve ir para um lixão da história, em função da deturpação de ensinamentos feitos e não condizentes com os preceitos da fé cristã. Aliás, não podemos deixar desaparecer de que a Carta de Paulo aos Gálatas (3. 28), escrita numa época em que mais de setenta por cento da população era de escravos e se confirma, por tal modo, o itinerário de os servos, de os discípulos e de os portadores das bem-aventuranças participarem da derrocada ou da desintegração de todos os ferrolhos de uma leitura de um se ver como superior e o outro como inferior. Sempre se faz de bom alvitre ressaltar, somos os mosaicos de um povo mestiço, a mestiçagem desenha as multifaces da população brasileira, da igreja brasileira e sem hipocrisia ou farsa, devemos enfrentar todas as movimentações configuradoras de se diminuir o outro, por causa de sua melanina. Isto implica não se estribar ao campo do vitimismo e muito menos do cinismo (há pessoas racistas, sim), não se amoldar a uma espécie de compensação e culpabilização da branquitude (não adentrar na paranoia de que toda pessoa branca é racista, se ve como superior). Digo isso, em função de que os preconceitos raciais adentraram e enraizaram - se em nossa imaginação, em nossa vontade, em nossa consciência, em nosso comportamento, em nossas instituições (tanto públicas quanto privadas, como nos governos, nas igrejas, nas famílias, nas escolas, nas comunidades e etc) e o desfecho se firma em hábitos, em ações e reações conativas, na linguagem, na arte, em todas as formas de convivência, de coabitação e de coexistência humana. A igreja que não pode fechar os olhos para os momentos pés de barro, deve os erradicar, não os aceitar e os combater, mas sem lançar, os princípios e os valores cristãos, na lata do lixo.
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