Palavra do leitor
- 14 de agosto de 2016
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O Deus que é negro e é de todos, mas nós queremos?
O Deus que é negro e é de todos, mas nós queremos?
''A unidade se forma na articulação do ouvir e dialogar, do partilhar e participar, sem isso, permanece como uma palavra sem substancia e dinâmica. ''
O Deus pai nos chama para o perdão, nos desafia para o amor e quer nos inspirar para a vida, com um gosto pela vida. É bem verdade, essa palavra vem carregada de lembranças e experiências depreciativas para muitos, infelizmente. Em parte, resultado de escolhas e respostas de muitos, ao qual não conseguiram dimensionar a profundidade e extensão desse privilégio especial.
Digo isso, em função de estarmos diante de um cenário marcado por desencontros na humanidade. Vale dizer, aproveito a Olímpiada, no Rio de Janeiro, e enfoco a postura de determinadas pessoas, com comentários declaradamente denegridores, por causa do desempenho de atletas negros.
Muitos podem refutar essas abordagens e adentrar numa espiral de defesas voltadas a construir uma sociedade pluralista e cada vez mais livre dos ranços da casa grande e senzala; entretanto, sejamos sinceros e sérios, andamos na mais notória oposição e somos, aqui e acolá, confrontados com uma visão do negro, expressamente, depreciativa.
Agora, migro para a dimensão evangélica e se Deus fosse negro, qual seria nossa reação?
Afinal de contas, demonizamos o preto e levantamos os estandartes da divindade do branco. Ora, temos um retrato sacralizado, desvencilhado da realidade com suas ambiguidades e tensões, de um Cristo de olhos azuis, de pele alva, como se tivesse sido esculpido na europa.
Sem pieguice e paranoia de raças, o evangelho coopta e envolve as nuances de todos os povos, de todas as raças, de todas as tribos, de todas as nações, de todas as línguas, de todas as culturas, enfim, o Kairos para todos, independentemente de aceitá-lo ou não, houve uma reconciliação a mais de dois mil anos, houve uma derrocada de toda a sentença de culpa e condenação e negar essa verdade não passa de uma narrativa, sem efeito e sem eficácia.
Aproveito o ensejo e provoco um ruminar, sem ir a caça de bruxas ou anátemas, para, como seguidores do evangelho, ponderarmos se não, sutilmente, adeptos de uma interpretação, por onde nos acomodamos, muito bem, com uma visão de um cristianismo de casa grande e senzala?
Não por menos, soa e ressoa como algo hilário e contraditório, em função de sermos uma denominada nação de fluência e confluência de raças. Mesmo assim, percebe – se a hegemonia de um Salvador colonizador, enquanto tudo aquilo que possa vir, por exemplo, da cultura africana, configura uma aberração.
Lembro – me, como se fosse hoje, quando a percussão começou a ser utilizada no louvor da igreja, da qual fazia parte, os ataques ferozes e vorazes mais se assemelhavam a uma inquisição de bruxas, como se o diabo estivesse ali instalado para provocar todo o mal e desgraças. Vou adiante, presenciei e, poucas não foram as situações, de posições frontalmente desprovidas de amor e compaixão, quando as piadas estupidas se esparravam, referente a algum irmão descendente de negro. De observar, um negro assumir uma inter – relação com uma moça branca, na igreja, seria palco dos mais intricados e insanos julgamentos.
Devo dizer, não venho aqui trilhar por nenhum sensacionalismo espúrio, entretanto, as redes sociais retratam a maneira como as pessoas se valem de dois pesos e duas medidas, porque há atletas que tiveram um desempenho pífio, mas os descendentes de negros, expressamente, são e tem sido focos de ofensas deploráveis e por qual motivo será, então?
Sem hesitar, o único itinerário para enfrentar essa questão, ao qual entrelaça o racismo, o mais sórdido preconceito, nasce no amor revelacional de Deus, ou seja, Cristo, o Carpinteiro dos Recomeços, para um inclinar em prol dos vitimados por um processo histórico de violência, de hostilidade, de seus ancestrais submetidos e concebidos como coisas descartáveis e isto não deixa de fora os ciganos, os índios, os órfãos, as viúvas, os estrangeiros, os refugiados, os homossexuais, os esquecidos pelo egoísmo de autoridades públicas indiferentes.
Dou mais uma pincelada, o Deus negro é também o Deus árabe, judeu, europeu e, por fim, aberto para o ser humano, nos fecundar com as utopias de andar uma légua a mais, de se doar, de entrega, de renuncia, de não cruzar os braços e muito menos fechar os olhos, diante das injustiças e iniquidades que assolam e tem arruinado tantos.
''A unidade se forma na articulação do ouvir e dialogar, do partilhar e participar, sem isso, permanece como uma palavra sem substancia e dinâmica. ''
O Deus pai nos chama para o perdão, nos desafia para o amor e quer nos inspirar para a vida, com um gosto pela vida. É bem verdade, essa palavra vem carregada de lembranças e experiências depreciativas para muitos, infelizmente. Em parte, resultado de escolhas e respostas de muitos, ao qual não conseguiram dimensionar a profundidade e extensão desse privilégio especial.
Digo isso, em função de estarmos diante de um cenário marcado por desencontros na humanidade. Vale dizer, aproveito a Olímpiada, no Rio de Janeiro, e enfoco a postura de determinadas pessoas, com comentários declaradamente denegridores, por causa do desempenho de atletas negros.
Muitos podem refutar essas abordagens e adentrar numa espiral de defesas voltadas a construir uma sociedade pluralista e cada vez mais livre dos ranços da casa grande e senzala; entretanto, sejamos sinceros e sérios, andamos na mais notória oposição e somos, aqui e acolá, confrontados com uma visão do negro, expressamente, depreciativa.
Agora, migro para a dimensão evangélica e se Deus fosse negro, qual seria nossa reação?
Afinal de contas, demonizamos o preto e levantamos os estandartes da divindade do branco. Ora, temos um retrato sacralizado, desvencilhado da realidade com suas ambiguidades e tensões, de um Cristo de olhos azuis, de pele alva, como se tivesse sido esculpido na europa.
Sem pieguice e paranoia de raças, o evangelho coopta e envolve as nuances de todos os povos, de todas as raças, de todas as tribos, de todas as nações, de todas as línguas, de todas as culturas, enfim, o Kairos para todos, independentemente de aceitá-lo ou não, houve uma reconciliação a mais de dois mil anos, houve uma derrocada de toda a sentença de culpa e condenação e negar essa verdade não passa de uma narrativa, sem efeito e sem eficácia.
Aproveito o ensejo e provoco um ruminar, sem ir a caça de bruxas ou anátemas, para, como seguidores do evangelho, ponderarmos se não, sutilmente, adeptos de uma interpretação, por onde nos acomodamos, muito bem, com uma visão de um cristianismo de casa grande e senzala?
Não por menos, soa e ressoa como algo hilário e contraditório, em função de sermos uma denominada nação de fluência e confluência de raças. Mesmo assim, percebe – se a hegemonia de um Salvador colonizador, enquanto tudo aquilo que possa vir, por exemplo, da cultura africana, configura uma aberração.
Lembro – me, como se fosse hoje, quando a percussão começou a ser utilizada no louvor da igreja, da qual fazia parte, os ataques ferozes e vorazes mais se assemelhavam a uma inquisição de bruxas, como se o diabo estivesse ali instalado para provocar todo o mal e desgraças. Vou adiante, presenciei e, poucas não foram as situações, de posições frontalmente desprovidas de amor e compaixão, quando as piadas estupidas se esparravam, referente a algum irmão descendente de negro. De observar, um negro assumir uma inter – relação com uma moça branca, na igreja, seria palco dos mais intricados e insanos julgamentos.
Devo dizer, não venho aqui trilhar por nenhum sensacionalismo espúrio, entretanto, as redes sociais retratam a maneira como as pessoas se valem de dois pesos e duas medidas, porque há atletas que tiveram um desempenho pífio, mas os descendentes de negros, expressamente, são e tem sido focos de ofensas deploráveis e por qual motivo será, então?
Sem hesitar, o único itinerário para enfrentar essa questão, ao qual entrelaça o racismo, o mais sórdido preconceito, nasce no amor revelacional de Deus, ou seja, Cristo, o Carpinteiro dos Recomeços, para um inclinar em prol dos vitimados por um processo histórico de violência, de hostilidade, de seus ancestrais submetidos e concebidos como coisas descartáveis e isto não deixa de fora os ciganos, os índios, os órfãos, as viúvas, os estrangeiros, os refugiados, os homossexuais, os esquecidos pelo egoísmo de autoridades públicas indiferentes.
Dou mais uma pincelada, o Deus negro é também o Deus árabe, judeu, europeu e, por fim, aberto para o ser humano, nos fecundar com as utopias de andar uma légua a mais, de se doar, de entrega, de renuncia, de não cruzar os braços e muito menos fechar os olhos, diante das injustiças e iniquidades que assolam e tem arruinado tantos.
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