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Palavra do leitor

O Deus imprestável, mas debaixo dos bancos!

O Deus imprestável, mas debaixo dos bancos!



‘’O maior desafio que se nos apresenta, em meio a uma geração marcada pela ditadura das imagens, passa e perpassa por cadenciar o encontro entre o diálogo e o ouvir, aliás, caminhos inegociáveis para trilhar em prol da oração.’’


O texto de Malaquias 3. 13 a 18 traz um encontro de verdades não ditas e necessárias de serem reveladas, postas a mesa e as claras. De um lado, há o Senhor, o Deus de Abraão, de Isaque e Jacó, e, de outro lado, seu povo. Sem papa na língua, o Criador rasga o verbo, abre o jogo, chama a todos, ali presentes, para uma postura de sinceridade e seriedade, de sim ou não, de não permanecer fincados numa tradição, com suas histórias mais parecidas a fábulas esclerosadas, a uma fé confusa e distante da vida.

De certo, a narrativa mostra e demonstra a visão de que tinham de seu Salvador, ou seja, como se fosse um nada, uma excrescência, uma perda de tempo e recursos, uma conversa pra boi dormir e, mesmo assim, preferiam isso, ou seja, uma espiritualidade morta, desprovida de sentido e destino. Tristemente, quantos de nós, não estamos dessa maneira, aceitamo – Lo dentro de uma profunda covardia e o retratamos, como descrito no livro de Malaquias?

É bem verdade, percebe – se uma abordagem despudorada, enfática e veemente, pelo qual todas as considerações vem a tona e ao qual chega a conclusão de um povo acostumado com as conveniências de praticar os ritualismos, de se manter como parte de um ciclo histórico, de pertencer a um povo diferenciado ou, verdadeiramente, sem vislumbrar mais nada que possa alterar o quadro. Os injustos, os iníquos, os fraudadores, os pervertidos, os desonestos e os infiéis obtém vitorias, saem ilesos, nada acontece com os mesmos e enquanto os escolhidos carregam fardos e provações intermináveis.

Em meio a tudo isso, essas constatações permeiam e formam vozes, na surdina, no interior de cada um. Vale dizer, ao abrirmos os jornais, acionarmos a internet, assistirmos aos telejornais tudo aponta para essas máximas de um deus imprestável, ou de uma humanidade sem jeito, ou de um messias sem efeitos, ou de uma mensagem de boas novas adequada as quatro paredes dos templos, mas sem qualquer serventia para a crua e dura realidade cotidiana.

Não por menos, atos terroristas, genocídios, epidemias, guerras, conflitos étnicos, religiosos e culturais, um mundo inseguro, uma pós modernidade de pessoas desiludidas e desesperançadas, muitas vezes, não sei quanto a vocês, me faz incorrer na mesma linha de uma vida de conveniências, de, tão somente, suportar seguir a Deus, porque não há algo melhor ou não tenho a coragem para seguir meu caminho.

Dou mais uma pincelada, as profecias, as promessas, as ponderações, as curas, os milagres, os sinais e as maravilhas são suspensos, há um sentar para ouvir sobre a maneira que espelhamos ou, melhor dito, tenho espelhado, sem culpa e muito menos condenação, o evangelho, entretanto, com a oportunidade de recomeçar, de resgatar a paixão por ainda sonhar a seguir um chamado para ser inspirador e criativo, para submergir no Kairos para todos, para redimensionar a caminhada com o Carpinteiro dos Recomeços, a parar de fingir e de fugir de um estado de osso secos, de águas amargas, de mãos prontas para apedrejar, de lábios afiados para caluniar e amaldiçoar.

Grosso modo, Deus rasga os protocolos de como deveriam se apresentar, desce a terra, sem nenhuma intenção de punir os outros povos, mas sim chama – os (e me chama) para ser honesto e escancarar, sem melindres, sem ilações, sem devaneios, sem bodes – expiatórios.

Enfim, sou eu e Deus, como ali foi (Deus e aquele povo), sem o diabo, sem as falanges demoníacas, sem os caudilhos ditatoriais dos homens; em outras palavras, Deus e o povo, Deus e eu, Deus e você para parar e rever tudo, ao qual faz toda diferença.
São Paulo - SP
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