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Palavra do leitor

O declínio de uma igreja

"E, se um reino se dividir contra si mesmo, tal reino não pode subsistir." (Marcos 3. 24)

O significado da palavra "DECLÍNIO" em qualquer dicionário nos remeterá à experiência de queda. É a diminuição ou enfraquecimento de algo ou aquilo que se aproxima do fim.

O que Jesus quis dizer é que qualquer coletividade, seja um reino, seja uma casa, não poderá continuar existindo se não houver mutualidade entre seus integrantes. E isso também se aplica à igreja da qual fazemos parte. É óbvio que não podemos elencar todos os fatores existentes, mas citaremos alguns que julgamos importantes.

#1 DIVISÕES

"Quero dizer com isto, que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo, e eu de Apolo, e eu de Cefas, e eu de Cristo". (1 Cor. 1. 12)

O ser humano tem uma inclinação natural a se ligar aos grupos com os quais se identifica. É possível ver isso a todo instante, inclusive, na igreja. Normalmente podemos constatar em nossas igrejas determinados grupos que se formam de acordo com certos interesses ou grau de afinidade. Até aí tudo bem. Porém, quando a formação de determinado grupo ascende de questões doutrinárias, isso se torna extremamente perigoso.

Paulo quando informado pelos da casa de Cloé sobre a situação que vivenciava a igreja de Corinto, tratou de adverti-los:

"Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma [coisa], e [que] não haja entre vós dissensões; antes sejais unidos em um mesmo pensamento e em um mesmo parecer." (1 Cor. 1. 10)

Paulo os advertiu porque alguns grupos haviam se formado dentro da igreja de Corinto. Haviam os "seguidores" de Paulo, de Apolo, de Cefas e também aqueles que se denominavam seguidores apenas de Cristo. Isso estava trazendo prejuízos àquela igreja e com o passar do tempo poderia representar a sua queda. Era preciso que os irmãos se entendessem.

Na advertência de Paulo podemos destacar pelo menos três pontos fundamentais para evitarmos as divisões em uma igreja.

- Falar a mesma língua. Não se trata da língua falada (idioma) e sim do compartilhamento de ideias ou crenças. É a confirmação da fé, de modo que, os que estão de fora sentirão essa harmonia. Quando falamos a mesma língua estamos externando algo concreto que está em nosso coração.

- Ter um mesmo pensamento. Nesse segundo ponto, a consolidação da fé, algo concreto (que leva ao primeiro ponto), fortalece o cristão e prepara-o para as batalhas cotidianas. Partilhar os mesmos pensamentos implica no conhecimento mútuo dos crentes, de modo que, as ações desenvolvidas no seio da igreja serão bem executadas e promoverão o crescimento do Reino de Deus.

- Um mesmo parecer. Neste terceiro ponto vemos as Escrituras como a "base legal" para o desenvolvimento dos dois pontos anteriores. Não se trata apenas de uma opinião formada, mas uma definição embasada na Palavra de Deus. Ela é a nossa única regra de fé e prática. São as Escrituras que nos fornecem desde os alicerces, colunas e sustentações até a conservação da nossa fé.

Note que será bem mais difícil para o inimigo de nossas almas disseminar crenças alheias às Escrituras quando estes três pontos forem observados em nosso meio.

#2 DEFICIÊNCIA NO ENSINO

"Não havendo profecia, o povo perece..." (Prov. 29. 18)

Embora a palavra profecia esteja muito ligado a predições do futuro, podemos entendê-la ainda como uma mensagem que vem de Deus e que expressa seus pensamentos e vontade. Pensando assim, entendemos que os que "profetizam" na igreja, segundo escreveu Paulo, são na verdade os que a ensinam. E se não há ensino, ou este é deficiente, o povo perece.

É o ensino que permite à igreja falar a mesma língua, ter um mesmo pensamento e ser de um mesmo parecer. É por ele que aprendemos as coisas mais rudimentares da fé cristã, por isso o alerta divino em Provérbios 29 v.18.

Paulo escrevendo aos Coríntios deixa claro que o ensino tem fundamental importância na vida da igreja. Ele diz: "Mas o que profetiza fala aos homens, [para] edificação, exortação e consolação". (1 Cor. 14. 3)

Note que há três implicações no ensino das Escrituras bem visíveis nesse texto. A primeira implicação é a "edificação" dos crentes, seguidas pela "exortação" e "consolação".

- A edificação da igreja traduz-se pela condução dos crentes à virtude, a uma aproximação com Deus pautada nas Escrituras e nas experiências. Os crentes devem ser levados à prática da honestidade, da verdade e de todos os valores espirituais e morais.

- A exortação de que trata o texto é o encorajamento dos crentes a seguir até o fim, ou seja, a perseverar nos caminhos do Senhor. Esse estímulo não pode faltar.

- A consolação. Não é difícil encontrar pessoas mutiladas espiritualmente. É o ensino da Palavra que leva "paz" e "tranquilidade" a essas pessoas quando se achegam à igreja.

Se há deficiência no ensino isso pode implicar em crentes desprovidos de honestidade, verdade, firmeza, perseverança, paz e muitos outros elementos essenciais à vida cristã.

Cabe a nós não permitir acontecer isso.
Quixeramobim - CE
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