Palavra do leitor
- 25 de julho de 2021
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O cristão e a escrita: refletindo sobre o poder das palavras
"Há três coisas que jamais voltam: a flecha lançada, a palavra dita e a oportunidade perdida." Foi lendo o texto ("Cuidado na digitação: quando as palavras podem matar") publicado neste espaço pelo autor Fernando Sampaio (Recife, PE) que repensei com mais seriedade sobre o poder do que falamos ou escrevemos – para o bem ou mal.
Embora devamos prezar pela prudência e buscar dela não se afastar em atitudes ou falas, vivenciei não poucas vezes momentos de imaturidade, impulso, bazófia, vaidade e orgulho inútil, sendo refém na consciência das consequências de palavras impensadas.
Em seu livro Caráter, Witness Lee diz que "as palavras representam a nossa pessoa, mas o nosso caráter é a nossa pessoa". Nesse contexto, a música "Palavras", composta pelo inesquecível músico cristão Sergio Pimenta, alerta: "[...] que a vida espelhe o que a boca diz tal qual o sol mostra que é dia, é o que espera todo coração/ [...] que a boca fale o que a vida é não só quando há euforia, mas sempre em toda a situação (...). De igual modo, na canção "Fonte" o mesmo autor nos versos iniciais, avisa: as palavras não dizem tudo, mesmo que o tudo seja fácil de dizer/ com certeza fala bem melhor o mudo se a sua atitude manifesta o que crê.
As palavras como extensão do caráter tanto pode revelar quanto esconder quem somos. Para Martha Medeiros (no texto "Narrar-se"), quem escreve está sempre se delatando. De fato, quanto mais lemos escritos de um autor, mas com ele nos familiarizamos – como se a cada texto ele estivesse se denunciando.
Ao escrever um texto, o cristão deveria ter a consciência de que o senhorio de Jesus Cristo sobre sua vida abrange também suas ideias, palavras e vocabulário. Visando honrar a Cristo, reconhecerá que suas palavras devem ser simples, exatas, verdadeiras, coerentes e com propósito e precisão, para não causar destruição, mas ser útil à edificação, a fim de transmitir graça aos que ouvem (Ef 4.29).
Mesmo não sendo um escritor, escrevo por razões diversas. Porém, cada vez mais percebo o peso da responsabilidade que essa arte requer. À medida que o texto escrito ganha vida própria pela publicação, assemelha-se a um carteiro imparável, ao viajar na incumbência de levar o conteúdo ou recado para diferentes pessoas no tempo e lugares.
Anos atrás, lendo uma entrevista feita por uma revista a um editor de periódico religioso, ao ser indagado sobre como aperfeiçoar um texto, o editor respondeu que costumava ler o texto enviado. Após revisão e edição não publicava de imediato. Mostrava a outro amigo editor e pedia que lesse. Após as observações do colega editor, fazia as alterações, mas ainda não publicava. Deixava para reler outra vez na manhã seguinte, após acordar sentindo-se com a mente mais clara e observando coisas que não tinha visto antes. Feito o escrutínio final, rendia-se à publicação.
Sendo alguém que não costuma lapidar meus textos nem submetê-lo previamente à opinião (mesmo dos mais íntimos), textos desnecessários poderiam não ter sido escritos. Poderia melhor elaborar algumas ideias, substituir expressões sarcásticas e carnais bem como evitar inúmeros erros gramaticais.
Contudo, tenho buscado melhorar a escrita não apenas na diligência ou rigidez da edição ou revisão. Peço a Deus que a evolução de minha escrita seja fruto de meu amadurecimento na caminhada com Ele e Sua renovação do meu entendimento para que eu experimente qual é a Sua boa e agradável vontade (Rm 12.2).
Do contrário, aquilo que for escrito por mim apenas sob um rigor técnico-acadêmico, cedo ou tarde, poderá lembrar um gato que ao se esconder, pode deixar a ponta do rabo aparecer – defeitos das imperfeições do meu caráter. Mas rendido a Cristo diariamente, serei um homem morto e escondido nEle para que Ele aparecer não apenas em meus textos, mas em todo meu viver.
Palavras matam e geram vida, animam e entristecem, provocam guerra e trazem paz. Todos os dias surgem incontáveis calúnias, fofocas, fakenews, difamação, ofensa, galanteio, insultos, bajulações etc. Dessa forma, torna-se indispensável ouvir a advertência de Jesus em Mateus 12.37: "Porque pelas tuas palavras serás absolvido e pelas tuas palavras serás condenado".
Quando mais jovem, já fui combativo em réplicas e tréplicas quase intermináveis nas altercações deste mundo virtual. Não poucas vezes, usei o teclado do meu computador como se fosse uma metralhadora, quando em animosidades juvenis queria vencer debates e silenciar o interlocutor para provar que estava certo. Porém, hoje aprendi a transferi todo o meu combate para o Vau de Jaboque. De lá não quero sair até ser vencido e empunhar as armas da luz para combater o bom combate.
Seja nossa prece a do saudoso reverendo Elben Cesar no seu clássico texto "A oração do escritor a serviço de Deus":
"Filtra o que eu tenho para escrever e o que eu quero escrever. Não me deixes escrever o que não é para ser escrito, nem deixar de escrever o que é para ser escrito. Ensina-me a construir em vez de destruir."
Amém.
Embora devamos prezar pela prudência e buscar dela não se afastar em atitudes ou falas, vivenciei não poucas vezes momentos de imaturidade, impulso, bazófia, vaidade e orgulho inútil, sendo refém na consciência das consequências de palavras impensadas.
Em seu livro Caráter, Witness Lee diz que "as palavras representam a nossa pessoa, mas o nosso caráter é a nossa pessoa". Nesse contexto, a música "Palavras", composta pelo inesquecível músico cristão Sergio Pimenta, alerta: "[...] que a vida espelhe o que a boca diz tal qual o sol mostra que é dia, é o que espera todo coração/ [...] que a boca fale o que a vida é não só quando há euforia, mas sempre em toda a situação (...). De igual modo, na canção "Fonte" o mesmo autor nos versos iniciais, avisa: as palavras não dizem tudo, mesmo que o tudo seja fácil de dizer/ com certeza fala bem melhor o mudo se a sua atitude manifesta o que crê.
As palavras como extensão do caráter tanto pode revelar quanto esconder quem somos. Para Martha Medeiros (no texto "Narrar-se"), quem escreve está sempre se delatando. De fato, quanto mais lemos escritos de um autor, mas com ele nos familiarizamos – como se a cada texto ele estivesse se denunciando.
Ao escrever um texto, o cristão deveria ter a consciência de que o senhorio de Jesus Cristo sobre sua vida abrange também suas ideias, palavras e vocabulário. Visando honrar a Cristo, reconhecerá que suas palavras devem ser simples, exatas, verdadeiras, coerentes e com propósito e precisão, para não causar destruição, mas ser útil à edificação, a fim de transmitir graça aos que ouvem (Ef 4.29).
Mesmo não sendo um escritor, escrevo por razões diversas. Porém, cada vez mais percebo o peso da responsabilidade que essa arte requer. À medida que o texto escrito ganha vida própria pela publicação, assemelha-se a um carteiro imparável, ao viajar na incumbência de levar o conteúdo ou recado para diferentes pessoas no tempo e lugares.
Anos atrás, lendo uma entrevista feita por uma revista a um editor de periódico religioso, ao ser indagado sobre como aperfeiçoar um texto, o editor respondeu que costumava ler o texto enviado. Após revisão e edição não publicava de imediato. Mostrava a outro amigo editor e pedia que lesse. Após as observações do colega editor, fazia as alterações, mas ainda não publicava. Deixava para reler outra vez na manhã seguinte, após acordar sentindo-se com a mente mais clara e observando coisas que não tinha visto antes. Feito o escrutínio final, rendia-se à publicação.
Sendo alguém que não costuma lapidar meus textos nem submetê-lo previamente à opinião (mesmo dos mais íntimos), textos desnecessários poderiam não ter sido escritos. Poderia melhor elaborar algumas ideias, substituir expressões sarcásticas e carnais bem como evitar inúmeros erros gramaticais.
Contudo, tenho buscado melhorar a escrita não apenas na diligência ou rigidez da edição ou revisão. Peço a Deus que a evolução de minha escrita seja fruto de meu amadurecimento na caminhada com Ele e Sua renovação do meu entendimento para que eu experimente qual é a Sua boa e agradável vontade (Rm 12.2).
Do contrário, aquilo que for escrito por mim apenas sob um rigor técnico-acadêmico, cedo ou tarde, poderá lembrar um gato que ao se esconder, pode deixar a ponta do rabo aparecer – defeitos das imperfeições do meu caráter. Mas rendido a Cristo diariamente, serei um homem morto e escondido nEle para que Ele aparecer não apenas em meus textos, mas em todo meu viver.
Palavras matam e geram vida, animam e entristecem, provocam guerra e trazem paz. Todos os dias surgem incontáveis calúnias, fofocas, fakenews, difamação, ofensa, galanteio, insultos, bajulações etc. Dessa forma, torna-se indispensável ouvir a advertência de Jesus em Mateus 12.37: "Porque pelas tuas palavras serás absolvido e pelas tuas palavras serás condenado".
Quando mais jovem, já fui combativo em réplicas e tréplicas quase intermináveis nas altercações deste mundo virtual. Não poucas vezes, usei o teclado do meu computador como se fosse uma metralhadora, quando em animosidades juvenis queria vencer debates e silenciar o interlocutor para provar que estava certo. Porém, hoje aprendi a transferi todo o meu combate para o Vau de Jaboque. De lá não quero sair até ser vencido e empunhar as armas da luz para combater o bom combate.
Seja nossa prece a do saudoso reverendo Elben Cesar no seu clássico texto "A oração do escritor a serviço de Deus":
"Filtra o que eu tenho para escrever e o que eu quero escrever. Não me deixes escrever o que não é para ser escrito, nem deixar de escrever o que é para ser escrito. Ensina-me a construir em vez de destruir."
Amém.
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dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.
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