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Palavra do leitor

O Cristão, a Igreja e a Política

A uma semana do início do processo eleitoral na televisão e no rádio. Uma tragédia aconteceu no meio político. Eduardo Campos candidato a Presidente da República, num vôo para Santos, sofreu um acidente, tendo sua vida e de sua equipe, assessores, políticos e pilotos, subitamente interrompida. Gerando perplexidade na nação, luto entre todos os candidatos, luto nacional.

Tal fatalidade tem gerado reflexão, e mesmo diante de uma das maiores polarizações, políticas da história de nossa jovem democracia; emerge uma importante constatação: Somos todos humanos, somos todos frágeis, a nossa vida é como a neblina que logo se dissipa. Todos os mais ambiciosos projetos podem ser interrompidos. Pertencemos todos à comum condição humana.

No contexto da igreja também é tempo de reflexão... Pois nestes períodos eleitorais, muitos, no afã de defender as suas posições e eleger os seus candidatos, acabam perdendo a perspectiva da unidade, a visão do CORPO DE CRISTO. E a igreja pode acabar desperdiçando uma excelente oportunidade de inserir-se no processo político de maneira santa, propositiva e madura.

Pensando nestas realidades, existem algumas verdades que nós gostaríamos de reafirmar, visando fortalecer testemunho da igreja no período eleitoral.

01. NÃO VENDEMOS APOIO! A igreja não deve se relacionar com poder público em termos de barganhas. Não trocamos voto por tijolo, por terreno, por inserção no poder. A consciência da igreja não está à venda, os membros não devem se relacionar com o poder público de maneira pragmática e irresponsável. Quem compra voto, compra muito mais... Compra a dignidade, compra o testemunho, compra a voz profética.

02. NÃO OBRIGAMOS OU INDUZIMOS O VOTO! É direito de cada membro ter o seu posicionamento pessoal como cidadão, mas a igreja como CORPO COLETIVO não fecha apoio a candidato, nem a partido. Pois estaríamos desrespeitando a consciência e constrangendo irmãos a terem um determinado posicionamento político. Não aceitamos “Voto de Cabresto” e nem o seu equivalente evangélico o “Voto de Cajado.”

03. ORAMOS PELO PROCESSO E PELAS AUTORIDADES PÚBLICAS! Oramos pelo processo político, para que transcorra em paz, para que a democracia se faça valer, para que os líderes constituídos governem com sabedoria, respeito e para o bem comum. Oramos pelas autoridades públicas e para que haja paz na cidade.

04. SOMOS PROPOSITIVOS E NÃO PARTIDÁRIOS! Sei que muitos líderes tem se posicionado de maneira diferente. Mas ainda creio que não devemos nos posicionar partidariamente. Nossa briga não é contra um determinado partido, mas sim contra políticas públicas, que contrariam a Palavra de Deus e vão contra o interesse público. A igreja tem o dever de ser propositiva e profética endossando políticas corretas e denunciando nos fóruns adequados, as ações contra a vida, a família e a sociedade. Somos sal e luz e não abrimos mão de nosso papel.

05. RESPEITAMOS A LEGITIMIDADE DO PODER CONSTITUÍDO. Cremos que toda autoridade é instituída por Deus, o que não significa ausência de responsabilidade. O limite de sua autoridade é o da sua competência. Logo é nosso dever orar, apoiar e fiscalizar o exercício do poder, dentro do que preconiza a legislação. E se em algum lugar, e em algum momento, nos for exigido ir contra verdade revelada, contra o bom senso, e contra a vida, nos posicionaremos tal como os apóstolos, pois antes importa obedecer a Deus do que aos homens. (Romanos 13)

06. NÃO DIVIDIMOS O CORPO DE CRISTO. É direito do cristão assim como de qualquer outro cidadão, posicionar-se politicamente, outra coisa bem diferente é a igreja como corporação fazer isto. Uma coisa é um cristão exercer o seu direito democrático de candidatar-se a uma posição pública, outra coisa é se utilizar de títulos e poder eclesiástico para isto. Pois tais posturas podem estabelecer divisões na comunidade e um risco para o testemunho cristão. Lembro-me de uma eleição municipal, na época que eu era pastor em outra igreja, uma eleição muito apertada. Nesta eleição havia membros da igreja engajados em ambos os lados do embate político. Havia membros que participariam da administração se um dos lados fosse vencedor e igualmente havia outro grupo de pessoas que participaria do poder se o outro grupo fosse vitorioso. Mantivemos a posição de neutralidade institucional, e orientamos a igreja durante o processo. Após o culto de oração tive a oportunidade orar por vencedores e vencidos, não éramos inimigos, éramos irmãos. (Efésios 2:14)

Assim concluímos dizendo que o cristão deve se posicionar pessoalmente, estando sempre munido de informações corretas, exercendo o seu direito cidadão jamais se portando de uma maneira que venha dividir o Corpo de Cristo, por questões político-partidárias.
Cuiabá - MT
Textos publicados: 33 [ver]
Site: http://verticais.blogspot.com

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