Palavra do leitor
- 20 de janeiro de 2010
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O cônsul, o pastor e o Haiti
As palavras do Sr. George Samuel Antoine, cônsul geral do Haiti em São Paulo, veiculadas pela imprensa, causam vergonha, consternação, indignação e clamor:
"acho que, de tanto mexer com macumba, não sei o que é aquilo. O africano em si tem maldição. Todo lugar que tem africano está fodido" (Folha S Paulo, pag A21, de 16/01/10 - vídeo em www.folha.uol.com.br)
O Pastor Pat Roberton lhe faz boa companhia, declarando que a situação atual e pregressa dos haitianos é consequência de uma maldição devido a um pacto celebrado com o demônio, por parte da população, no século XIX, para obter a independência dos franceses (veja em www.folha.uol.com.br).
O Sr. Antoine é branco, e representa uma nação de 7.309.000 descendentes de africanos, com os restantes 10% da população de mestiços e uma ínfima proporção de descendentes de europeus. Apenas 10% da população se expressa em francês; 90% usam a língua crioula - ambas oficiais. A religião oficial é a católica, 87% dos habitantes se declaram cristãos e 5% professam o vodu. O Haiti é um país pobre: renda per capita, a 154ª do mundo (equivale a 1/3 da renda per capita da Favela da Rocinha, no Rio de Janeiro); produto interno bruto, o 128º; expectativa de vida, 61 anos; mortalidade infantil, 48,8 por 1000 nascidos vivos; 45% de analfabetos; 80% abaixo da linha de pobreza. Densamente povoado (292 hab/km2), depende, atualmente, largamente de doações externas, apesar de ter sido uma das mais ricas colônias europeias na América Latina. (fonte: pt.wikipedia.org, Folha de S Paulo).
Justificando suas palavras, o cônsul geral atribuiu as declarações às dificuldades com o português (apesar de morar no Brasil há 35 anos e expressar-se sem sotaque) - mas palavras de baixo calão lhe vem fácil à lingua, além do nervosismo. Nega que tenha havido maldade. Houve o quê? Perdeu o contato com a realidade do seu povo, provavelmente. Esqueceu-se da história do país que representa e das razões multifacetadas que o fizeram um dos países mais pobres e corruptos do mundo. Deveria renunciar ao posto e exilar-se em local desconhecido.
O pastor e o diplomata compartilham de preconceitos, além da cor da pele. Consideram expressão de religião não-cristãs como demoníacas. Alegam que o caráter de um povo é determinado por forças místicas ou mágicas, e não por contextos históricos e sociais. Acreditam em punição divina de um povo inteiro por supostos pecados de uma minoria.
Desconheço a formação religiosa do cônsul, mas Pat Robertson parece interpretar as Escrituras sagradas ao seu bel prazer, ou com uma técnica medieval. Não há nelas razões que sustentem suas declarações. Parece aplicar o que ocorreu na história de Israel a todos os demais povos e nações (baseado em quê, revelação pessoal?), quando o homólogo a ele é a Igreja de Cristo. Parece desfrutar de um canal privado de informações, para saber do pacto e da maldição consequente.
O que é particularmente irritante no pastor é a proclamação de um deus que não tem compaixão, que não conhece a graça do Evangelho de Cristo, que pune os filhos pelos pecados dos pais - pior, pune inocentes pelos pecados de poucos. O livro do Apocalipse adverte seriamente aqueles que acrescentam ou suprimem alguma parte das Escrituras - parece que ele não estudou o livro...
As Escrituras não nos informam sobre a origem do mal - mas revelam que Deus divide a carga conosco, ao se tornar Homem em Jesus. NEle Deus está ao lado dos haitianos sofridos, humilhados e oprimidos. Esta é a mensagem da cruz, e não heresias proferidas por ele. O apóstolo João nos lembra que de tal maneira Deus nos amou, que deu seu Filho Unigênito para por nós morrer (e conosco dividir este mundo cruel e injusto por 30 anos) e que nós devemos dar nossa vida pelos irmãos.
www.medicinaeciencia.med.br
www.bioeticaefecrista.med.br
"acho que, de tanto mexer com macumba, não sei o que é aquilo. O africano em si tem maldição. Todo lugar que tem africano está fodido" (Folha S Paulo, pag A21, de 16/01/10 - vídeo em www.folha.uol.com.br)
O Pastor Pat Roberton lhe faz boa companhia, declarando que a situação atual e pregressa dos haitianos é consequência de uma maldição devido a um pacto celebrado com o demônio, por parte da população, no século XIX, para obter a independência dos franceses (veja em www.folha.uol.com.br).
O Sr. Antoine é branco, e representa uma nação de 7.309.000 descendentes de africanos, com os restantes 10% da população de mestiços e uma ínfima proporção de descendentes de europeus. Apenas 10% da população se expressa em francês; 90% usam a língua crioula - ambas oficiais. A religião oficial é a católica, 87% dos habitantes se declaram cristãos e 5% professam o vodu. O Haiti é um país pobre: renda per capita, a 154ª do mundo (equivale a 1/3 da renda per capita da Favela da Rocinha, no Rio de Janeiro); produto interno bruto, o 128º; expectativa de vida, 61 anos; mortalidade infantil, 48,8 por 1000 nascidos vivos; 45% de analfabetos; 80% abaixo da linha de pobreza. Densamente povoado (292 hab/km2), depende, atualmente, largamente de doações externas, apesar de ter sido uma das mais ricas colônias europeias na América Latina. (fonte: pt.wikipedia.org, Folha de S Paulo).
Justificando suas palavras, o cônsul geral atribuiu as declarações às dificuldades com o português (apesar de morar no Brasil há 35 anos e expressar-se sem sotaque) - mas palavras de baixo calão lhe vem fácil à lingua, além do nervosismo. Nega que tenha havido maldade. Houve o quê? Perdeu o contato com a realidade do seu povo, provavelmente. Esqueceu-se da história do país que representa e das razões multifacetadas que o fizeram um dos países mais pobres e corruptos do mundo. Deveria renunciar ao posto e exilar-se em local desconhecido.
O pastor e o diplomata compartilham de preconceitos, além da cor da pele. Consideram expressão de religião não-cristãs como demoníacas. Alegam que o caráter de um povo é determinado por forças místicas ou mágicas, e não por contextos históricos e sociais. Acreditam em punição divina de um povo inteiro por supostos pecados de uma minoria.
Desconheço a formação religiosa do cônsul, mas Pat Robertson parece interpretar as Escrituras sagradas ao seu bel prazer, ou com uma técnica medieval. Não há nelas razões que sustentem suas declarações. Parece aplicar o que ocorreu na história de Israel a todos os demais povos e nações (baseado em quê, revelação pessoal?), quando o homólogo a ele é a Igreja de Cristo. Parece desfrutar de um canal privado de informações, para saber do pacto e da maldição consequente.
O que é particularmente irritante no pastor é a proclamação de um deus que não tem compaixão, que não conhece a graça do Evangelho de Cristo, que pune os filhos pelos pecados dos pais - pior, pune inocentes pelos pecados de poucos. O livro do Apocalipse adverte seriamente aqueles que acrescentam ou suprimem alguma parte das Escrituras - parece que ele não estudou o livro...
As Escrituras não nos informam sobre a origem do mal - mas revelam que Deus divide a carga conosco, ao se tornar Homem em Jesus. NEle Deus está ao lado dos haitianos sofridos, humilhados e oprimidos. Esta é a mensagem da cruz, e não heresias proferidas por ele. O apóstolo João nos lembra que de tal maneira Deus nos amou, que deu seu Filho Unigênito para por nós morrer (e conosco dividir este mundo cruel e injusto por 30 anos) e que nós devemos dar nossa vida pelos irmãos.
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