Palavra do leitor
- 03 de junho de 2017
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O Congresso Para o Sucesso, suas possíveis raízes - I Parte
‘’Muitos evocam a teoria dos direitos do homem, ou humanos, ou naturais, mas nos esquecemos de que respectiva busca representa ideais e valores de especial relevância para convivência humana, ao qual envolve o respeito ao outro, nada mais e nada menos.’’
O já conhecido congresso para o sucesso ora encabeçado pela Igreja Universal do Reino de Deus se apresenta como um de seus mais efetivos carros chefe, com, semana após semana, a veiculação de testemunhos apoteóticos. Por ora, ater-me-ei, a efetuar uma análise desse evento, entre outros, pelo qual levanta o sucesso, a vitória, o poder, a força, o domínio e a capacidade de obter um progresso exponencial, como a prova cabal de estar alinhado a vontade do Todo Poderoso. Parto dessas colocações e sou levado a Jeremy Bentham, filósofo inglês, e gérmen do utilitarismo, da busca pelo prazer e do distanciar- se da dor, como os fatores determinantes e norteadores de nossa existência. Em outro ponto, John Stuart Mill e sua ênfase a liberdade do individuo e seus interesses. De certo, nossa sociedade tem sido regida, por cada um desses pensadores e, agora, deveríamos perguntar – sobre a relação com a Graça de Cristo? Simplesmente, os denominados discursos de uma vida desprovida de ambiguidades e tensões permeiam e moldam muitas vertentes evangélicas de linha neopentecostal.
Não importa mais fazer o que é certo, conceber o próximo, em sua dignidade, mas sim atender minhas preferências, tendências, interesses, vontades, satisfações. Nesse ponto, tornamo – nos como consumidores de uma graça barateada, de barganhas e a léguas de distância do chamado ao serviço, ao compromisso, a reconhecer nossas imperfeições e vulnerabilidades. Aliás, ser igreja deixou de ser vida em comunidade, de uma interdependência de uns em favor de outros e de, presumidamente, limitarmos a leitura de custo e benefício. Atentemos para os filhos do profeta Eli, I Samuel 2: 12-22, ao qual se valiam de uma condição, dentro da sociedade de sua época, para extrair toda a sorte de benefícios, sem nenhum escrúpulo, como se fossem capazes de ditar e estabelecer as regras. Ao folhearmos a história deles, encontraremos um fim trágico e monstruoso. Na mesma linha de exemplos de restringir a existência, segundo o binômio custo e benefício, em atender seus interesses, os filhos de Arão, em Deuteronômio 16:1, entre outros exemplos, chegamos a conclusão de terem se adequado, perfeitamente, a uma fusão e conjunção dessas duas narrativas, ao qual se ancora na maximização, na expansão, na maior condição de prazer e consolidação de seus direitos e de sua liberdade. Ora, a vida desses personagens apenas desencadearam espelhos monstruosos de uma veneração a si mesmo, de uma luta por se valer prevalecer, enquanto os demais não passavam de meros meios. Infelizmente, vivenciamos isso, a cada dia, abundantemente, com a retórica de um Cristo vazio de nos levar a uma autêntica reconciliação e restauração, com a vida, e uma apologia, com todos seus arroubos, ao sucesso e aos bem-sucedidos.
Vale dizer também, pouco importa se minha trajetória tem sido uma nascente de esperança, de força, de coragem, de destemor, de solidariedade, de recomeços, até porque, dentro dessa corrida tresloucada, todo o tempo disponível deve resultar e redundar em benefícios, em divisas, em respostas. Devo dizer, muitos adentram, como figuras de uma fé volátil, sempre com a intenção de um antídoto, de uma fórmula, de uma revelação, de uma profecia incipiente e rentável. Eis um dos motivos mais prementes da perda do senso de pertencimento, de comunidade, de interdependência. Afinal de contas, as bênçãos são mais importantes, a vida de aparências e de faz de conta começa a ser admitida e acolhida, como uma prática aceitável. Lamentavelmente, Ananias e Safira tiveram um desfecho catastrófico, como Judas. Sem sombra de dúvida, cada um pleiteava seus interesses e os meios a serem aplicados não tinham nenhuma censura, o prioritário configurava-se em sair bem na foto. Ultimamente, observo multidões sedentas por descobrirem, através de uma suposta cruz do sucesso, o desvendar para serem felizes, para se afastarem dos reveses e das contradições da vida. De notar, há um vácuo no chamado a fim de ir a direção das bem-aventuranças, apaixonados pela vida, movidos por uma compaixão pelo próximo, defensores ferrenhos de um amor em liberdade, em tolerância, em estima, em respeito, em compromisso e a par das nossas imperfeições, das nossas vulnerabilidades, das nossas incertezas. Agora, os seguidores da teoria de uma cruz tingida com os ideais e valores do custo e benefício, da liberdade do individuo, acima de tudo, camuflados nas miríades de campanhas espalhadas por aí, não vem o quão desastroso tem sido essas posturas. Nisso, afastamos os marginalizados, os excluídos, os adoecidos, os jogados nas Cracolândias, nas ruas, na mais completa perda de cidadania e sentido de ser imagem e semelhança de vida.
O já conhecido congresso para o sucesso ora encabeçado pela Igreja Universal do Reino de Deus se apresenta como um de seus mais efetivos carros chefe, com, semana após semana, a veiculação de testemunhos apoteóticos. Por ora, ater-me-ei, a efetuar uma análise desse evento, entre outros, pelo qual levanta o sucesso, a vitória, o poder, a força, o domínio e a capacidade de obter um progresso exponencial, como a prova cabal de estar alinhado a vontade do Todo Poderoso. Parto dessas colocações e sou levado a Jeremy Bentham, filósofo inglês, e gérmen do utilitarismo, da busca pelo prazer e do distanciar- se da dor, como os fatores determinantes e norteadores de nossa existência. Em outro ponto, John Stuart Mill e sua ênfase a liberdade do individuo e seus interesses. De certo, nossa sociedade tem sido regida, por cada um desses pensadores e, agora, deveríamos perguntar – sobre a relação com a Graça de Cristo? Simplesmente, os denominados discursos de uma vida desprovida de ambiguidades e tensões permeiam e moldam muitas vertentes evangélicas de linha neopentecostal.
Não importa mais fazer o que é certo, conceber o próximo, em sua dignidade, mas sim atender minhas preferências, tendências, interesses, vontades, satisfações. Nesse ponto, tornamo – nos como consumidores de uma graça barateada, de barganhas e a léguas de distância do chamado ao serviço, ao compromisso, a reconhecer nossas imperfeições e vulnerabilidades. Aliás, ser igreja deixou de ser vida em comunidade, de uma interdependência de uns em favor de outros e de, presumidamente, limitarmos a leitura de custo e benefício. Atentemos para os filhos do profeta Eli, I Samuel 2: 12-22, ao qual se valiam de uma condição, dentro da sociedade de sua época, para extrair toda a sorte de benefícios, sem nenhum escrúpulo, como se fossem capazes de ditar e estabelecer as regras. Ao folhearmos a história deles, encontraremos um fim trágico e monstruoso. Na mesma linha de exemplos de restringir a existência, segundo o binômio custo e benefício, em atender seus interesses, os filhos de Arão, em Deuteronômio 16:1, entre outros exemplos, chegamos a conclusão de terem se adequado, perfeitamente, a uma fusão e conjunção dessas duas narrativas, ao qual se ancora na maximização, na expansão, na maior condição de prazer e consolidação de seus direitos e de sua liberdade. Ora, a vida desses personagens apenas desencadearam espelhos monstruosos de uma veneração a si mesmo, de uma luta por se valer prevalecer, enquanto os demais não passavam de meros meios. Infelizmente, vivenciamos isso, a cada dia, abundantemente, com a retórica de um Cristo vazio de nos levar a uma autêntica reconciliação e restauração, com a vida, e uma apologia, com todos seus arroubos, ao sucesso e aos bem-sucedidos.
Vale dizer também, pouco importa se minha trajetória tem sido uma nascente de esperança, de força, de coragem, de destemor, de solidariedade, de recomeços, até porque, dentro dessa corrida tresloucada, todo o tempo disponível deve resultar e redundar em benefícios, em divisas, em respostas. Devo dizer, muitos adentram, como figuras de uma fé volátil, sempre com a intenção de um antídoto, de uma fórmula, de uma revelação, de uma profecia incipiente e rentável. Eis um dos motivos mais prementes da perda do senso de pertencimento, de comunidade, de interdependência. Afinal de contas, as bênçãos são mais importantes, a vida de aparências e de faz de conta começa a ser admitida e acolhida, como uma prática aceitável. Lamentavelmente, Ananias e Safira tiveram um desfecho catastrófico, como Judas. Sem sombra de dúvida, cada um pleiteava seus interesses e os meios a serem aplicados não tinham nenhuma censura, o prioritário configurava-se em sair bem na foto. Ultimamente, observo multidões sedentas por descobrirem, através de uma suposta cruz do sucesso, o desvendar para serem felizes, para se afastarem dos reveses e das contradições da vida. De notar, há um vácuo no chamado a fim de ir a direção das bem-aventuranças, apaixonados pela vida, movidos por uma compaixão pelo próximo, defensores ferrenhos de um amor em liberdade, em tolerância, em estima, em respeito, em compromisso e a par das nossas imperfeições, das nossas vulnerabilidades, das nossas incertezas. Agora, os seguidores da teoria de uma cruz tingida com os ideais e valores do custo e benefício, da liberdade do individuo, acima de tudo, camuflados nas miríades de campanhas espalhadas por aí, não vem o quão desastroso tem sido essas posturas. Nisso, afastamos os marginalizados, os excluídos, os adoecidos, os jogados nas Cracolândias, nas ruas, na mais completa perda de cidadania e sentido de ser imagem e semelhança de vida.
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