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Palavra do leitor

O Carnaval: sem máscaras e plumas!

Todo ano, deparamo – nos com os meandros de todo um discurso voltado a correlacionar o carnaval como um espaço de acentuada manifestação da alegria popular.

Digo, sem nenhuma demagogia, as vertentes de comunicação midiática, principalmente por meio do sistema televisivo, deságuam profusamente os ensaios das escolas de samba, as fantasias, as expectativas dos artistas e a imersão de um momento de deleite de todos.

Por ora, evito execrar esse movimento rotineiro, em nosso país, como um deletério para nossa sociedade, ou um estratagema manuseado pelas potestades espirituais inclinar a corroer a Igreja.

Cumpre salientar, enquanto o culto ao mais extremado e acerbado hedonismo seja a tônica nas diretrizes, durante esses quatro ou cinco ou mais dias de folia, determinadas mazelas sociais e humanitárias permaneceram eqüidistantes da realidade concreta.

Afinal de contas, para que ir contra a maré desse contexto e até pode ressoar um discurso puritanista caquético e tolo. Agora, por mais que muitos relutem, de maneira nenhuma devemos estabelecer uma postura de receio da Igreja, diante desse período carnavalesco.

Aliás, não podemos olvidar, quando aludo Igreja, torna – se de bom alvitre pontuar pessoas livres pela misericórdia firmada e constituída na Cruz de Cristo.

Deveras, parece haver uma alteração pejorativa de valores e ideais, como se aqueles submergidos no oceano de máscaras e plumas representam o paradigma de um liberdade integral.

Ora, será mesmo?

De modo semelhante a arena destinada aos espetáculos bizarros e dantescos dos gladiadores a efeito de entreter e desvirtuar a população de seus malogros e espoliações, no esplendor da pós – modernidade plasmada pelo relativismo a torta e a direita, encontramos ecos de personalidades lacunosas na condição de representantes de um estilo de vida salutar e livre.

Novamente reiteramos, visualizamos um carnaval debruçado a colocar os órgãos genitais das mulheres como matérias a exposição, a abrir expressamente as alas para uma permissividade nociva e uma alienação sem precedentes.

Basta atentarmos para o aumento vertiginoso dos acidentes automobilísticos, dos homicídios pueris, dos estupros e dos infortúnios, obviamente, velados e nem sequer destacados. Afinal de contas, para que ser um estraga prazer da apoteótica festa popular.

Diga – se de passagem, uma festa desvencilhada de proporcionar as pessoas efetivas e contundentes mudanças na liberdade de ser. Cabe salientar, faz – se mister enfatizar o quanto devemos alquebrar o cenário de a Igreja, ou os cristãos, permanecerem numa condição de guetos.

Diametralmente oposto, trilhamos, sim e sim, pela trajetória da misericórdia que nos torna livres, dentro da perspectiva do discipulado, do serviço e de sermos testemunhas das boas – notícias.

Isto implica não aceitarmos acusações levianas de nos portamos como abestalhados, ou vitimados por paranóias diante desse ‘’evento’’.

Deve ficar bem claro e estampado, não precisamos incorrer em uma idílica corrente de sensações se emoções barateadas, de nos embevecemos com uma pletora de substancias etílicas ou alucinógenas, de aceitarmos as regras de um prazer coisificador do ser (transando como um besta selvagem) para estufarmos o peito e exalarmos uma satisfação pra lá de temerária.

Evidentemente, os dicotômicos de plantão rotularam o evocado texto de retrógrado, estúpido, incauto, preconceituoso e perdi a lista.

Mesmo assim, a dádiva do evangelho de Cristo se converge em proporcionar a cada ser humano a via acessível de decidir ou não pela Graça, por um regozijo a par e suscetível as tensões e ambigüidades da vida.

De tudo, acredito, piamente, ser a oportunidade da Igreja, no desdobrar desses dias, se debruçarem numa maior profundidade, numa pujança e integralidade no itinerário da oração, da meditação séria e aberta da palavra confessional e da adoração regida pelo compromisso e pelo comprometimento em favor da vida.
São Paulo - SP
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