Palavra do leitor
- 03 de abril de 2011
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"O bom motorista"
No dia 31 de março de 2011, vivenciei um fato nada rotineiro e com certeza, atitude digna de tirar o chapéu.
A caminho do trabalho, viajei em uma condução que não tinha o hábito de viajar, mas lá estava. O motorista, bem humorado, alguns trabalhadores falando alto e em bom tom sobre as empreitadas do dia. Sobre o que iriam ou não fazer naquele dia de labor.
Confesso ficar admirado com tanto absurdo que ouço de tais companheiros de viagem. Às vezes me deixam bronqueado pelo fato de ter apenas 20 minutinhos de silêncio e descanso, porém tenho de escutar coisas do tipo: Hoje nadianta! Vou subi lá pacima, pegá um papelão e dormí o tempo todo! O encarregado que se vire! Isso como se tal pessoa não fosse contratada para laborar em favor da empresa, recebesse pelo seu labor diário, e mais, como se a empresa ou o encarregado o tirasse de sua casa à força para contratá-lo e colocá-lo em um regime escravo com direito a torturas caso não trabalhe direito. Entorpecido de sono, lutando para não ouvir aquelas coisas, continuo minha jornada rumo ao sono perdido por conta de gritos e gargalhadas às 6:00 da manhã, e olha que somente cito as coisas lindas de se ouvir [rs], as horrendas? Deixa pra lá!
Atônito fiquei ao entrar uma senhora de meia idade frustrada por ter perdido sua Identidade, não, não era crise de identidade, ou era? Sim era! A identidade que lhe gerou uma crise foi sua RG. Assim ela proclamava: Ai meu Deus! Perdi minha identidade! Foi então que despertei mais uma vez, a observei, lembrei-me de quando perdi um dia desses a minha ‘carteira de habilitação’.
Pensei em censurar com certa rispidez aqueles gritos matinais dentro do coletivo, porém saltou-me como se fosse um sentimento de compaixão, condolência, coisa do gênero, e passei a observá-la. A senhora com o coração atribulado descera do ônibus no mesmo momento que entrara. Foi só o trabalho de entrar e sair no mesmo momento. Todos ficamos sem entender nada. E os trabalhadores? Calaram-se. graças a Deus! Pensei eu. Na verdade foi graças àquela senhora! Me restara 10 minutos para fechar os olhos e ensaiar um cochilo. Dava até para sonhar [rs].
Foi então que ouvi outro grito. Motô! Péraí motô! A mulher não perdeu a identidade não, táquí no chão ó! Puxa! A alegria do rapaz era tanta, mas como ajudá-la agora?
A senhora já estava a caminho de casa e com a pressa que ela estava por também supor ter deixado a tal identidade por lá, jamais conseguiria encontrá-la.
Foi aí que o motorista surpreendeu a todos nós que compartilhávamos do suspense dentro daquele pequeno coletivo. Todos atônitos nem imaginavam o que se passava na mente daquele motorista. Foi então que o mesmo virou o volante para a direita, manobrou o ônibus e retornou pelo itinerário oposto ao nosso destino. A torcida parecia vibrar como se estivéssemos no Maracanã em dia de ‘clássico’. Todos torciam para que encontrássemos a senhora em crise por causa da perda da identidade. Um, dois, três pontos e finalmente o motorista com um enorme sorriso nos olhos avistara a senhora que andava com muita pressa acompanhada de seu tio.
Todos passaram a gritar, pedreiros, diaristas, comerciantes, professores, enfim, toda classe trabalhadora representada ali naquele coletivo, para que tal ato cidadão não tivesse um triste fim. A senhora então ouviu o grito uníssono dos passageiros junto ao do motorista que solicitava seu embarque no coletivo e então continuar sua jornada, afinal, com tanta satisfação, ele, o motorista anunciara: Sua carteira está aqui, apenas caiu e um passageiro a encontrou!
A alegria foi total! Missão cumprida! Ainda bem que não tinha um chato ou um bronquinha para reclamar durante o desfecho da missão.
Bronquinha ou chato não havia lá, mas teve gente que perdeu uma boa oportunidade para calar-se, em vez de citar: “O motô bem que merece uma ‘caixa’ de gelada”! Ou: ... é ... não se encontra pessoa com essa bondade toda, tem mesmo é que dar um trocado para o motorista.
A real é que nem sabemos o que se passava com a senhora, ou sua condição naquele momento. Se ela seria grata ou não? O problema era dela! Já dizia Séneca que quem acolhe um benefício com gratidão, paga a primeira prestação da sua dívida.
Generosidade agora para pessoas que não a conhece, deve ser comprada. Quando falo que o problema da educação está nas pessoas, na família e não na tal da ‘Escola’ , ninguém acredita...
O motorista realmente merecia! Mas o povo está acostumado a pagar pelos favores, acostumado a receber por favores prestados. Se é favor, não tem que pagar! Ou tem? Nem sei mais. Valeu a perda do sono! Atitude como essa não tem preço! Perdi o sono ... mas tirei o chapéu para o “Bom Motorista”!
Seria covardia usar o exemplo de Jesus Cristo, então vamos para seu grande instrumento em meio a um povo que também o matou, e este por amor do evangelho se entregou. Citarei Paulo em Filipenses 2:2. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros.Não tirar dos outros,sim somar.
A caminho do trabalho, viajei em uma condução que não tinha o hábito de viajar, mas lá estava. O motorista, bem humorado, alguns trabalhadores falando alto e em bom tom sobre as empreitadas do dia. Sobre o que iriam ou não fazer naquele dia de labor.
Confesso ficar admirado com tanto absurdo que ouço de tais companheiros de viagem. Às vezes me deixam bronqueado pelo fato de ter apenas 20 minutinhos de silêncio e descanso, porém tenho de escutar coisas do tipo: Hoje nadianta! Vou subi lá pacima, pegá um papelão e dormí o tempo todo! O encarregado que se vire! Isso como se tal pessoa não fosse contratada para laborar em favor da empresa, recebesse pelo seu labor diário, e mais, como se a empresa ou o encarregado o tirasse de sua casa à força para contratá-lo e colocá-lo em um regime escravo com direito a torturas caso não trabalhe direito. Entorpecido de sono, lutando para não ouvir aquelas coisas, continuo minha jornada rumo ao sono perdido por conta de gritos e gargalhadas às 6:00 da manhã, e olha que somente cito as coisas lindas de se ouvir [rs], as horrendas? Deixa pra lá!
Atônito fiquei ao entrar uma senhora de meia idade frustrada por ter perdido sua Identidade, não, não era crise de identidade, ou era? Sim era! A identidade que lhe gerou uma crise foi sua RG. Assim ela proclamava: Ai meu Deus! Perdi minha identidade! Foi então que despertei mais uma vez, a observei, lembrei-me de quando perdi um dia desses a minha ‘carteira de habilitação’.
Pensei em censurar com certa rispidez aqueles gritos matinais dentro do coletivo, porém saltou-me como se fosse um sentimento de compaixão, condolência, coisa do gênero, e passei a observá-la. A senhora com o coração atribulado descera do ônibus no mesmo momento que entrara. Foi só o trabalho de entrar e sair no mesmo momento. Todos ficamos sem entender nada. E os trabalhadores? Calaram-se. graças a Deus! Pensei eu. Na verdade foi graças àquela senhora! Me restara 10 minutos para fechar os olhos e ensaiar um cochilo. Dava até para sonhar [rs].
Foi então que ouvi outro grito. Motô! Péraí motô! A mulher não perdeu a identidade não, táquí no chão ó! Puxa! A alegria do rapaz era tanta, mas como ajudá-la agora?
A senhora já estava a caminho de casa e com a pressa que ela estava por também supor ter deixado a tal identidade por lá, jamais conseguiria encontrá-la.
Foi aí que o motorista surpreendeu a todos nós que compartilhávamos do suspense dentro daquele pequeno coletivo. Todos atônitos nem imaginavam o que se passava na mente daquele motorista. Foi então que o mesmo virou o volante para a direita, manobrou o ônibus e retornou pelo itinerário oposto ao nosso destino. A torcida parecia vibrar como se estivéssemos no Maracanã em dia de ‘clássico’. Todos torciam para que encontrássemos a senhora em crise por causa da perda da identidade. Um, dois, três pontos e finalmente o motorista com um enorme sorriso nos olhos avistara a senhora que andava com muita pressa acompanhada de seu tio.
Todos passaram a gritar, pedreiros, diaristas, comerciantes, professores, enfim, toda classe trabalhadora representada ali naquele coletivo, para que tal ato cidadão não tivesse um triste fim. A senhora então ouviu o grito uníssono dos passageiros junto ao do motorista que solicitava seu embarque no coletivo e então continuar sua jornada, afinal, com tanta satisfação, ele, o motorista anunciara: Sua carteira está aqui, apenas caiu e um passageiro a encontrou!
A alegria foi total! Missão cumprida! Ainda bem que não tinha um chato ou um bronquinha para reclamar durante o desfecho da missão.
Bronquinha ou chato não havia lá, mas teve gente que perdeu uma boa oportunidade para calar-se, em vez de citar: “O motô bem que merece uma ‘caixa’ de gelada”! Ou: ... é ... não se encontra pessoa com essa bondade toda, tem mesmo é que dar um trocado para o motorista.
A real é que nem sabemos o que se passava com a senhora, ou sua condição naquele momento. Se ela seria grata ou não? O problema era dela! Já dizia Séneca que quem acolhe um benefício com gratidão, paga a primeira prestação da sua dívida.
Generosidade agora para pessoas que não a conhece, deve ser comprada. Quando falo que o problema da educação está nas pessoas, na família e não na tal da ‘Escola’ , ninguém acredita...
O motorista realmente merecia! Mas o povo está acostumado a pagar pelos favores, acostumado a receber por favores prestados. Se é favor, não tem que pagar! Ou tem? Nem sei mais. Valeu a perda do sono! Atitude como essa não tem preço! Perdi o sono ... mas tirei o chapéu para o “Bom Motorista”!
Seria covardia usar o exemplo de Jesus Cristo, então vamos para seu grande instrumento em meio a um povo que também o matou, e este por amor do evangelho se entregou. Citarei Paulo em Filipenses 2:2. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros.Não tirar dos outros,sim somar.
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