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Palavra do leitor

O bate - boca em torno da Cruz Transsexual

O bate - boca em torno da Cruz Transsexual


''Posso muito bem, viver sem Deus, segundo a ilusão e o conformismo de uma realidade sem esperança!''


A ocorrência de mais uma passeata do denominado movimento GBLTS tem espertado toda uma pletora de comentários inflamados de indignação, de protestos, de ofensas e por ai vai todo o repertório.

Muitos ecoam uma postura de hostilidade, de deliberada e premeditado preconceito ou violência aos símbolos alentados pelos cristãos. Sem sombra de dúvida, tenho ouvido o alarido de ser o fim dos tempos, de haver um levante para o tolher da voz da igreja, de que deveríamos acionar as autoridades e, por tal modo, as devidas medidas legais.

É bem verdade, de um lado os apologistas do movimento GBLTS manterão suas posturas e diretrizes e, de outra lado, seus opositores idem. Agora, em meio a tudo isso, não deveríamos analisar sobre a maneira pela qual me reconheço, como cristão?

Ora, afinal de contas, sou cristão por causa de um símbolo, de um crucifixo pregado na parede, posto no pescoço ou no carro? Em direção oposta, sou cristão por olhar para um futuro que começa no perdão ou no recomeçar, ao qual não assumimos nenhuma legitimidade para julgar e condenar, seja fulano ou sicrano?

Deveras, a Cruz (e aqui faço uma abordagem particular) representou a trajetória de efetuação de sentença condenatória de Cristo e, sinceramente, a Graça transbordou e não se amolda a um simbolo.

Não por menos, de certa forma, todo esse bate - boca, daqui a algumas semanas findar - se - á, e, como discípulos de Cristo se torna apropriado perguntar:

- O por qual motivo não me inflamo, semelhante ao Carpinteiro da vida, por andar uma légua a mais em favor do próximo, decidir a cada dia pela justiça reconciliadora e restauradora, ouvir mais e falar menos, valer - se da arte, da cultura, da ciência e da cultura para aproximar, compartilhar, ponderar e alastrar o amor, de, a cada dia, creditar e acreditar na relevância de que as respostas se constrõem no abraço, no sorrir, no alentar da almas?

Vou adiante, tanto estardalhaço poderia ser apontado para a nossa participação, o nosso comprometer e integrar, com relação a nossa cidadania e o nosso dever. Mais, lastimavelmente, observo os cristãos saírem da toca, tão somente, em situações como tais, quando deveríamos ser úteis e benéficos, sal da terra e luz do mundo para promover a vida, tanto subjetiva quanto como concreta.

Tristemente, sentimo - nos ofendidos com o que?

Aproveito a oportunidade e deixo bem claro, não venho soeguer o estandarte de nenhum movimento; mas sim ruminar sobre o por qual razão não me incomodo, diante de um cenário de roubalheira a torto e a direita, da ascensão exponencial da mentira e do toma lá e da cá, da banalização da vida (mulheres mortas, crianças vitimadas pela pedofilia).

Por enquanto, qual a serventia da Cruz Transsexual?

Quiçá, servirá para nos chamar no que toca ao nosso compromisso de não sermos meros expectadores.
São Paulo - SP
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