Palavra do leitor
- 30 de dezembro de 2010
- Visualizações: 2941
- 2 comentário(s)
- +A
- -A
- compartilhar
O ano passado não passou
O ano novo chegou. É isto que dizem os calendários em seus diferentes tons e formatos vários anunciando aos quatros cantos que já estamos em 2011. Apesar deste apelo ainda sentimos o cheiro e a presença do ano passado.
Oa aumentos - alguns até abusivos - as contas a pagar, e algumas decepções, ainda estão presentes herdadas que foram do ano que recentemente se acabou. Fica dificil encerrar e esquecer 2010, pois quando menos esperamos ele aparece de alguma forma e nos toca com o seu ar de morto-vivo. Isto nos deixa entre divididos e assustados, mas é um fato: não temos como negar a sua presença.
Sempre quando penso nestas coisas me vem à mente um poema do meu poeta preferido e patrono na Academia Guaçuana de Letras, Carlos Drummond de Andrade. No poema "O ano passado", eis o que ele escreveu: "O ano passado não passou,/ continua incessantemente./ Em vão marcos novos encontros./ Todos são encontros passados./ As ruas, sempre do ano passado / e as pessoas também as mesmas / com iguais gestos e falas. / O céu tem exatamente sabidos tons de amanhecer / de sol pleno, de descambar /como no repetidíssimo ano passado./ Embora sepultos, os mortos do ano passado/sepultam-se todos os dias./ Escuto os medos, conto as libélulas,/ mastigo o pão do ano passado./ E sempre será assim daqui por diante: / Não consigo evacuar o ano passado".
Analisando bem, o ano passado não passou. Fizemos festas com muito barulho e fogos para receber o ano novo. Muito dinheiro foi gasto, mas na prática, continuamos convivendo com os fantasmas do ano passado. O inicio de um ano, na verdade, é cheio de expectativas e nos convida a reflexões - principalmente quando há mudança de governo. Isto é um fato inegável, e muitos aproveitam para vender a ideia de que um novo ano significa vida nova, vida melhor. E outros fazem votos e promessas nessa época, mas depois se esquecem, pois percebem que tudo continua igual ou até pior. E tem a "indústria" das previsões com os videntes de plantão ocupando os meios de comunicação com suas previsões mais obvias e mais "previsíveis" que chegam a arrancar algumas gargalhadas. E por aí vai... E tem gente que assiste essas coisas, acredita e até se emociona! Esses videntes são os herdeiros intelectuais do famoso Nostradamus que estão espalhados por aí à caça de fama e dinheiro explorando a boa fé de milhões de incautos.
E vivemos nessa busca, nessa luta acreditando e renovando as esperanças em todo inicio de ano. Os fogos de artifício, os abraços, os votos de feliz ano novo fazem parte desta festa e marcam o momento. Tudo isto é válido e às vezes até mexe com o emocional da gente, mas não devemos nos esquecer dos compromissos assumidos no ano passado que estão pendentes e sempre presentes. Afinal, na verdade o ano passado não passou, pois a vida continua e ela é a soma de todos os anos, bem ou mal vividos.
Para finalizar, vamos relembrar as palavras do nosso grande poeta: "E sempre será assim daqui por diante: Não consigo evacuar o ano passado". (Carlos Drummond de Andrade).
Oa aumentos - alguns até abusivos - as contas a pagar, e algumas decepções, ainda estão presentes herdadas que foram do ano que recentemente se acabou. Fica dificil encerrar e esquecer 2010, pois quando menos esperamos ele aparece de alguma forma e nos toca com o seu ar de morto-vivo. Isto nos deixa entre divididos e assustados, mas é um fato: não temos como negar a sua presença.
Sempre quando penso nestas coisas me vem à mente um poema do meu poeta preferido e patrono na Academia Guaçuana de Letras, Carlos Drummond de Andrade. No poema "O ano passado", eis o que ele escreveu: "O ano passado não passou,/ continua incessantemente./ Em vão marcos novos encontros./ Todos são encontros passados./ As ruas, sempre do ano passado / e as pessoas também as mesmas / com iguais gestos e falas. / O céu tem exatamente sabidos tons de amanhecer / de sol pleno, de descambar /como no repetidíssimo ano passado./ Embora sepultos, os mortos do ano passado/sepultam-se todos os dias./ Escuto os medos, conto as libélulas,/ mastigo o pão do ano passado./ E sempre será assim daqui por diante: / Não consigo evacuar o ano passado".
Analisando bem, o ano passado não passou. Fizemos festas com muito barulho e fogos para receber o ano novo. Muito dinheiro foi gasto, mas na prática, continuamos convivendo com os fantasmas do ano passado. O inicio de um ano, na verdade, é cheio de expectativas e nos convida a reflexões - principalmente quando há mudança de governo. Isto é um fato inegável, e muitos aproveitam para vender a ideia de que um novo ano significa vida nova, vida melhor. E outros fazem votos e promessas nessa época, mas depois se esquecem, pois percebem que tudo continua igual ou até pior. E tem a "indústria" das previsões com os videntes de plantão ocupando os meios de comunicação com suas previsões mais obvias e mais "previsíveis" que chegam a arrancar algumas gargalhadas. E por aí vai... E tem gente que assiste essas coisas, acredita e até se emociona! Esses videntes são os herdeiros intelectuais do famoso Nostradamus que estão espalhados por aí à caça de fama e dinheiro explorando a boa fé de milhões de incautos.
E vivemos nessa busca, nessa luta acreditando e renovando as esperanças em todo inicio de ano. Os fogos de artifício, os abraços, os votos de feliz ano novo fazem parte desta festa e marcam o momento. Tudo isto é válido e às vezes até mexe com o emocional da gente, mas não devemos nos esquecer dos compromissos assumidos no ano passado que estão pendentes e sempre presentes. Afinal, na verdade o ano passado não passou, pois a vida continua e ela é a soma de todos os anos, bem ou mal vividos.
Para finalizar, vamos relembrar as palavras do nosso grande poeta: "E sempre será assim daqui por diante: Não consigo evacuar o ano passado". (Carlos Drummond de Andrade).
Os artigos e comentários publicados na seção Palavra do Leitor são de única e exclusiva responsabilidade
dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.
dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.
- 30 de dezembro de 2010
- Visualizações: 2941
- 2 comentário(s)
- +A
- -A
- compartilhar
QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI.
Ultimato quer falar com você.
A cada dia, mais de dez mil usuários navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, além do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bíblicos, devocionais diárias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, além de artigos, notícias e serviços que são atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.
PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.
Opinião do leitor
Para comentar é necessário estar logado no site. Clique aqui para fazer o login ou o seu cadastro.
Escreva um artigo em resposta
Para escrever uma resposta é necessário estar cadastrado no site. Clique aqui para fazer o login ou seu cadastro.
Ainda não há artigos publicados na seção "Palavra do leitor" em resposta a este texto.
Revista Ultimato
- +lidos
- +comentados
- O cristão morre?
- A democracia [geográfica] da dor!
- Só a Fé, sim (só a Escolha, não)
- Mergulhados na cultura, mas batizados na santidade (parte 2)
- Não nos iludamos, animal é animal!
- O soldado rendido
- Amor, compaixão, perdas, respeito!
- Até aqui ele não me deixou
- O verdadeiro "salto da fé"!
- A marca de Deus 777 e a marca da besta 666