Palavra do leitor
- 18 de abril de 2008
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O alívio de um milagre
Antes de relatar o fato milagroso que experimentei, tenho necessariamente que esclarecer dois pontos:
1) De certa forma já foi dito em artigos anteriores, não creio que o milagre seja a regra, pelo contrário é a exceção. Se Deus operou uma ou outra vez de forma sobrenatural não significa agora que viveremos desconectados da dura realidade do mundo natural, suas restrições, fracassos e fatalidades muitas vezes irrevogáveis de um mundo caído.
2) Assim, a realidade nos ensina a sermos prudentes, a trabalhar, a economizar e gerenciarmos bem as finanças. Milagres como o que conto abaixo ou o esforço normal de um indivíduo não impedem, todavia que pessoas fiéis e justas caiam em dívidas, pobreza ou fracasso financeiro ou profissional.
O sucesso no sentido mais usual dessa palavra nunca servirá para medir a santidade de ninguém!
Pois bem, voltemos ao milagre da Áustria:
Enquanto eu ia preparar o café pensava nos infortúnios que haviam me solapado nos últimos dias.
Por insistência minha, dentre outras razões, havia chegado de Londres o novo pastor que iria agora assumir o crescente trabalho em Viena. Robson, um antigo conhecido de BH, veio com esposa e filha. A lógica era simples: Como não tinham lugar para ficar, deveriam ficar no meu apartamento. Como o apartamento só tinha um quarto eu deveria então desocupá-lo.
Apesar do incômodo não me importei tanto, pois seria só por uma ou duas semanas. Então pegaria meu salário de 7.700,00 Schillings, o que hoje daria uns US$ 900,00. Na época não era tanto, mas sem dúvida era o suficiente para comprar minha passagem de volta para o Brasil.
O fato, porém é que a tesoureira da igreja me comunicou no dia do pagamento, que agora o salário já iria para o Robson. Fiquei mudo. Sempre soube que esses tipos de coisas aconteciam, mas na própria pele dói muito. Poucos dias depois o próprio Robson me procurou para se desculpar pela asneira da liderança e falar que por direito o ordenado seria entregue a mim.
"Tudo bem", pensei aliviado. O grande problema é que meu amigo Robson, que hoje serve a Deus em Portugal, também me informou que eles haviam achado um apartamento e que eu poderia voltar para o meu e assim arcar com o aluguel do mês... Claro, o contrato ainda estava no meu nome. Na hora, não disse que sim nem que não, mas com certeza pensei com meus botões, "quando eu chegar em BH não vou querer nem saber como eles resolveram o problema do aluguel do apartamento".
Esse apartamento, aliás, tinha caído do céu. Acho que por isso e naturalmente por razões éticas me decidi a pagar o aluguel e adiar o retorno para as Gerais. O AP tinha sido herdado por um carioca. O cara veio do Brasil para resolver a questão da herança e entrou em contato conosco que procurávamos moradia. O aluguel era em torno de 5.000 xelins (US $ 570). A falecida tia havia deixado o imóvel todo mobiliado e até com algumas coisas na despensa das quais tínhamos direito de usufruir, dentre elas os benditos filtros de café que eu levara para o apartamento do Ronald. Os quais, naquela manhã gostosa, eu acabava de achar.
Por acidente abri a caixa pelo fundo fazendo que todos os filtros caíssem no chão. Após um suspiro me ajoelhei para apanhá-los. Mas minha atenção foi puxada como um imã para um filtro que parecia ter algo dentro. De fato, no minúsculo filtro, havia um embrulhinho de papel. Meu coração disparou nessa hora. Tamanha não foi minha surpresa quando ao desembrulhar o papel que parecia a folha de um bloquinho de anotações, encontrei lá dentro dinheiro! Eram algumas notas de Xelins antigos, nunca havia visto, mas somavam uns 5.500 ao todo. Nem me lembro se coei ou não o café. Mas assim que os bancos abriram fui me informar se aquele dinheiro valia ou não. "São notas antigas - me informou a caixa - mas valem". Paguei então o aluguel.
Hoje passados 10 anos e enfrentadas várias crises no velho continente, guardo esse fato na memória e sempre tenho a certeza que Deus pode. Às vezes o questiono por que não age novamente. Outras vezes por que ele agiu então antes como que para me iludir. Mas tenho aprendido uma coisa, que Ele, me dando um auxílio ou não, é um dos poucos, se não o único, que insiste em estar ao meu lado quando o "dindim" se vai. Aliás, tenho também procurado a apreciar mais sua companhia do que o suposto auxílio que ela venha representar.
1) De certa forma já foi dito em artigos anteriores, não creio que o milagre seja a regra, pelo contrário é a exceção. Se Deus operou uma ou outra vez de forma sobrenatural não significa agora que viveremos desconectados da dura realidade do mundo natural, suas restrições, fracassos e fatalidades muitas vezes irrevogáveis de um mundo caído.
2) Assim, a realidade nos ensina a sermos prudentes, a trabalhar, a economizar e gerenciarmos bem as finanças. Milagres como o que conto abaixo ou o esforço normal de um indivíduo não impedem, todavia que pessoas fiéis e justas caiam em dívidas, pobreza ou fracasso financeiro ou profissional.
O sucesso no sentido mais usual dessa palavra nunca servirá para medir a santidade de ninguém!
Pois bem, voltemos ao milagre da Áustria:
Enquanto eu ia preparar o café pensava nos infortúnios que haviam me solapado nos últimos dias.
Por insistência minha, dentre outras razões, havia chegado de Londres o novo pastor que iria agora assumir o crescente trabalho em Viena. Robson, um antigo conhecido de BH, veio com esposa e filha. A lógica era simples: Como não tinham lugar para ficar, deveriam ficar no meu apartamento. Como o apartamento só tinha um quarto eu deveria então desocupá-lo.
Apesar do incômodo não me importei tanto, pois seria só por uma ou duas semanas. Então pegaria meu salário de 7.700,00 Schillings, o que hoje daria uns US$ 900,00. Na época não era tanto, mas sem dúvida era o suficiente para comprar minha passagem de volta para o Brasil.
O fato, porém é que a tesoureira da igreja me comunicou no dia do pagamento, que agora o salário já iria para o Robson. Fiquei mudo. Sempre soube que esses tipos de coisas aconteciam, mas na própria pele dói muito. Poucos dias depois o próprio Robson me procurou para se desculpar pela asneira da liderança e falar que por direito o ordenado seria entregue a mim.
"Tudo bem", pensei aliviado. O grande problema é que meu amigo Robson, que hoje serve a Deus em Portugal, também me informou que eles haviam achado um apartamento e que eu poderia voltar para o meu e assim arcar com o aluguel do mês... Claro, o contrato ainda estava no meu nome. Na hora, não disse que sim nem que não, mas com certeza pensei com meus botões, "quando eu chegar em BH não vou querer nem saber como eles resolveram o problema do aluguel do apartamento".
Esse apartamento, aliás, tinha caído do céu. Acho que por isso e naturalmente por razões éticas me decidi a pagar o aluguel e adiar o retorno para as Gerais. O AP tinha sido herdado por um carioca. O cara veio do Brasil para resolver a questão da herança e entrou em contato conosco que procurávamos moradia. O aluguel era em torno de 5.000 xelins (US $ 570). A falecida tia havia deixado o imóvel todo mobiliado e até com algumas coisas na despensa das quais tínhamos direito de usufruir, dentre elas os benditos filtros de café que eu levara para o apartamento do Ronald. Os quais, naquela manhã gostosa, eu acabava de achar.
Por acidente abri a caixa pelo fundo fazendo que todos os filtros caíssem no chão. Após um suspiro me ajoelhei para apanhá-los. Mas minha atenção foi puxada como um imã para um filtro que parecia ter algo dentro. De fato, no minúsculo filtro, havia um embrulhinho de papel. Meu coração disparou nessa hora. Tamanha não foi minha surpresa quando ao desembrulhar o papel que parecia a folha de um bloquinho de anotações, encontrei lá dentro dinheiro! Eram algumas notas de Xelins antigos, nunca havia visto, mas somavam uns 5.500 ao todo. Nem me lembro se coei ou não o café. Mas assim que os bancos abriram fui me informar se aquele dinheiro valia ou não. "São notas antigas - me informou a caixa - mas valem". Paguei então o aluguel.
Hoje passados 10 anos e enfrentadas várias crises no velho continente, guardo esse fato na memória e sempre tenho a certeza que Deus pode. Às vezes o questiono por que não age novamente. Outras vezes por que ele agiu então antes como que para me iludir. Mas tenho aprendido uma coisa, que Ele, me dando um auxílio ou não, é um dos poucos, se não o único, que insiste em estar ao meu lado quando o "dindim" se vai. Aliás, tenho também procurado a apreciar mais sua companhia do que o suposto auxílio que ela venha representar.
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