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Palavra do leitor

O aborto: certo ou errado?

O aborto: certo ou errado?

‘’na prisão de gelo,
a escuridão me faz mergulhar,
como num manancial de inquietudes,
enquanto folheio ópios literários;
mesmo assim,
as palavras são mortíferas,
porque despem meu deus morto,
ao escarnecer de uma alma indigente
e, enfim, o que tenho?,
pedaços de sonhos esparramados,
debaixo da cama, ao lado da solidão,
rumino o vazio sem sabor,
ao olhar para lágrimas petrificadas’’.


O aborto ganha voz, pede passagem, apresenta –se como a porta bandeira das reinvindicações de uma parcela expressiva da sociedade. É bem verdade, os defensores e seus abominadores tem se digladiado, vorazmente, em todos os espaços voltados a tecer debates sobre o assunto. De certo, lá no fundo, ao remover as máscaras e as sublimações, adentramos na questão do certo e do errado, a partir de circunstâncias e realidades. Sem hesitar, agora, pontuo a maneira como os denominados cristãos estabelecem uma leitura da questão e chego a conclusão de muitas de nossas negações, com relação ao aborto, se concentra em ser bom e agir com bondade ou fazer algo bom.

Aliás, tais discursos depreciativos dos apologistas do aborto, pintam os quadros de um cenário distante de Deus e outro com o mesmo, como dois caminhos, como dois horizontes, quando, em Cristo Jesus, correspondentes dimensões se conciliam, se encontram, se formam, se harmonizam. Por mais que nos esforçamos, princípios, regras, direções, ordenamentos não são suficientes para lidar com essa pulsação pelo mal.

Ora, ao nosso redor, ao folhear a história da humanidade, o mal e a maldade são marcas concretas nas faces dos homens. Logo, tratar o aborto, dentro de uma perspectiva moralista, levar – nos – á a nos assemelhar ao personagem de Dom Quixote, porque acreditava em fazer o bem e enfrentar o mal, mas se encontrava mergulhado numa ilusão. Evidentemente, entre aqueles inclinados a advogar, em favor do aborto, e aqueles de uma direção oposta, vamos extrair os ecos do individualismo, da ética utilitária e de uma postura de reduzir o ser humano a mero meio, em não ser responsável pelos seus atos e decisões.

Em contrapartida, podemos dizer que Deus tinha a intenção de formar um ser humano e esse intento acabou por ser, implacavelmente, arruinado. Faz – se observar, não podemos fechar os olhos ou fazer vistas grossas no que toca a uma infinidade de aspectos desencadeadores de uma desse tipo ou de um aborto, tais como, podemos citar, um estado de extrema pobreza, de desumanização, de violências sofridas (como um estupro). Digo isso, em função desses exemplos transcendem o individuo e desembocam numa responsabilidade, inclusive, da comunidade, da sociedade. Eis o quão complexas são as peculiaridades do aborto. Por consequência, qual deve ser nossa postura, nossa maneira de proceder, como nossos atos e práticas serão regidos, em meio a situações concretas, como do aborto?

Em poucas palavras, mormente não altere o acontecimento de uma interrupção de um ser e não de uma extensão do corpo ou de uma coisa, em nossa condição de seres humanos remidos, em Cristo Jesus, devemos atuar com a devida consideração e não submeter outros a inquisições e muito menos amoldar – se a discursos estéreis e vazios de uma pretensa liberdade de escolha, sem o contraponto do ser responsável pela mesma. Obviamente, o texto da Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios, Capítulo 3, versículo 16 e 17, escreveu:

"Não sabeis que sois santuário de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; porque o santuário de Deus que sois vós é sagrado." – retrata uma versão de enfáticos discursos negadores do aborto. Agora, embora haja a intenção de que Deus estima pela vida, no mesmo ponto, somos levados a atentar outras observações que nos impelem a ir além de uma percepção de é assim e pronto. Vou adiante, o evangelho Cristo nos chama para lidar com o aborto, não como uma ralidade do mundo das idéias, porque se apresenta, aqui, todos os dias, em todos espaços sociais e humanos.

Dou mais uma cutucada , sem esse elemento reconciliador, prosseguiremos a olhar, a partir do raso e nossas colocações serão vulneráveis. Por fim, defendo, sim e sim, a vida, entretanto, não podemos nos esquecer de haver contextos, pelo qual carecem de nossa capacidade de ler cada situação, sem ir a direção de posições que não levam em conta as realidades, estender a ajuda e o ajudar, ao invés do condenar e culpar.
São Paulo - SP
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