Palavra do leitor
- 19 de abril de 2019
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Notre Dame, Moçambique, Museu Nacional e outras tragédias naturais e humanas.
Estou acompanhando nas redes sociais, o posicionamento das pessoas diante de situações calamitosas que, devido a rápida veiculação, tornam-se virais. As rápidas reações diante destas notícias nem sempre conduzem a uma reflexão justa, a um pensamento ponderado.
De minha parte, procuro reagir mais lentamente tentando assimilar cada golpe sofrido, sem perder a sensibilidade, e mantendo uma coerência mínima, diante dos acontecimentos.
O incêndio da Catedral de Notre Dame, é, sem dúvida alguma, uma tragédia de proporções inimagináveis para a cultura e história da França, para não dizer do ocidente. Esta Catedral possui mais de 850 anos de história e foram necessários cerca de 300 anos para a sua construção. Ver a cruz em chamas tombando foi algo doloroso e emblemático. Igualmente comovente foi ver os franceses louvando a Deus, ajoelhados diante de sua Catedral em chamas. Em pouco tempo, bilhões foram arrecadados para a reconstrução deste imponente e histórico marco da cristandade ocidental.
A tragédia natural em Moçambique, devido a devastação decorrente de um ciclone tropical, sem a devida cobertura da imprensa, foi algo imensamente doloroso. Como explicar que uma tragédia tão devastadora tivesse tão pouca repercussão internacional? As agencias missionárias e grupos humanitários foram aqueles que deram maior atenção e repercussão a esta tragédia. Os números são estarrecedores, os mortos chegam a quase mil, as estruturas do país estão destruídas. As doenças epidêmicas como a cólera, ameaçam devastar ainda mais o já debilitado continente. Os recursos mobilizados ainda não são suficientes, para minimizar a dor da tragédia.
O incêndio no palácio da Quinta da Boa Vista sede do Museu Nacional do Rio Janeiro representou outro fato igualmente trágico. Trágico, devido a importância histórica e cultural do palácio, e do acervo. Ali ocorreram perdas irreparáveis para a nossa história e cultura. O revoltante é que apesar da elevada carga de impostos e do enorme aparelho estatal, curiosamente os recursos públicos deixaram de ser destinados para a manutenção de um bem tão importante. Talvez o mais doloroso de tudo, tenha sido o fato de que não houve comoção alguma, exceto entre um pequeno número de intelectuais, artistas e pessoas bem informadas. Os próprios funcionários utilizavam os seus recursos pessoais para ajudar na preservação do patrimônio. Isto é parte da tragédia nacional, onde corrupção, negligência e falta cultura tem resultado em tragédias anunciadas. Mencionamos este fato poderia ter sido qualquer outro, não faltam fatos tristes a mencionar no Brasil.
O que dizer? Não consigo fazer nada por agora, a não ser me identificar com a dor dos que sofrem simbólica, material e espiritualmente diante destas tragédias. Não consigo comparar de maneira grosseira a dor sentida, nestas diferentes dimensões. Existem camadas, e mais camadas de realidades concretas, históricas e simbólicas a serem consideradas aqui.
Mas, por hora, me identifico com todos que em alguma frente estão de fato comprometidos com a superação destas realidades. Devo reconhecer que me constrange o fato de que Catedrais mobilizem mais recursos do que a ajuda humanitária e a reconstrução de países inteiros. Isto não quer dizer que não deveriam ser mobilizados recursos para a reconstrução de Notre Dame, mas sim, que deveríamos redimensionar o real valor da vida humana, pois pessoas valem mais do que a sua produção simbólica e material.
Se ao menos conseguirmos exercer compaixão diante da dor humana, a nossa disposição já terá sido grande relevância.
De minha parte, procuro reagir mais lentamente tentando assimilar cada golpe sofrido, sem perder a sensibilidade, e mantendo uma coerência mínima, diante dos acontecimentos.
O incêndio da Catedral de Notre Dame, é, sem dúvida alguma, uma tragédia de proporções inimagináveis para a cultura e história da França, para não dizer do ocidente. Esta Catedral possui mais de 850 anos de história e foram necessários cerca de 300 anos para a sua construção. Ver a cruz em chamas tombando foi algo doloroso e emblemático. Igualmente comovente foi ver os franceses louvando a Deus, ajoelhados diante de sua Catedral em chamas. Em pouco tempo, bilhões foram arrecadados para a reconstrução deste imponente e histórico marco da cristandade ocidental.
A tragédia natural em Moçambique, devido a devastação decorrente de um ciclone tropical, sem a devida cobertura da imprensa, foi algo imensamente doloroso. Como explicar que uma tragédia tão devastadora tivesse tão pouca repercussão internacional? As agencias missionárias e grupos humanitários foram aqueles que deram maior atenção e repercussão a esta tragédia. Os números são estarrecedores, os mortos chegam a quase mil, as estruturas do país estão destruídas. As doenças epidêmicas como a cólera, ameaçam devastar ainda mais o já debilitado continente. Os recursos mobilizados ainda não são suficientes, para minimizar a dor da tragédia.
O incêndio no palácio da Quinta da Boa Vista sede do Museu Nacional do Rio Janeiro representou outro fato igualmente trágico. Trágico, devido a importância histórica e cultural do palácio, e do acervo. Ali ocorreram perdas irreparáveis para a nossa história e cultura. O revoltante é que apesar da elevada carga de impostos e do enorme aparelho estatal, curiosamente os recursos públicos deixaram de ser destinados para a manutenção de um bem tão importante. Talvez o mais doloroso de tudo, tenha sido o fato de que não houve comoção alguma, exceto entre um pequeno número de intelectuais, artistas e pessoas bem informadas. Os próprios funcionários utilizavam os seus recursos pessoais para ajudar na preservação do patrimônio. Isto é parte da tragédia nacional, onde corrupção, negligência e falta cultura tem resultado em tragédias anunciadas. Mencionamos este fato poderia ter sido qualquer outro, não faltam fatos tristes a mencionar no Brasil.
O que dizer? Não consigo fazer nada por agora, a não ser me identificar com a dor dos que sofrem simbólica, material e espiritualmente diante destas tragédias. Não consigo comparar de maneira grosseira a dor sentida, nestas diferentes dimensões. Existem camadas, e mais camadas de realidades concretas, históricas e simbólicas a serem consideradas aqui.
Mas, por hora, me identifico com todos que em alguma frente estão de fato comprometidos com a superação destas realidades. Devo reconhecer que me constrange o fato de que Catedrais mobilizem mais recursos do que a ajuda humanitária e a reconstrução de países inteiros. Isto não quer dizer que não deveriam ser mobilizados recursos para a reconstrução de Notre Dame, mas sim, que deveríamos redimensionar o real valor da vida humana, pois pessoas valem mais do que a sua produção simbólica e material.
Se ao menos conseguirmos exercer compaixão diante da dor humana, a nossa disposição já terá sido grande relevância.
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dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.
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