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Palavra do leitor

No tempo do mimeógrafo

O mimeógrafo teve larga utilização como meio barato de produção de cópias de textos, sobretudo nas escolas. Essa máquina, inventada no início do século XX, continuou praticamente o mesmo até a década de oitenta, quando surgiram máquinas computadorizadas que, utilizando o mesmo princípio básico, mas com grande melhora na qualidade da impressão, fizeram os mimeógrafos virarem peças de museu.

Nesse tempo, o crente era distribuidor de panfleto; orador em calçada de mercado; evangelista de porta em porta. A prática, veio ate pouco tempo. E, teve larga utilização com êxito no evangelismo. Os crentes batizavam seus convertidos, nos riachos às margens das estradas. E, andavam em comboio, de ônibus ou de trem; fazendo as refeições nas casas das pessoas hospitaleiras, onde aproveitavam o ensejo para evangelizar a família e os vizinhos.

Era um meio prosaico e eficaz de fazer crescer o Reino de Deus, sobretudo nos interiores onde não havia igrejas implantadas, o nome de Jesus ficava enraizados nos lares através da sua personalidade espiritual e amorosa.

Esses crentes, brotados dos missionários estrangeiros, foram os baluartes das igrejas, ate que surgiram os pastores advindos dos seminaristas teológicos, hoje aprimorados em psicologia que utilizando o mesmo princípio básico, mas com aparência de marqueteiros, andando em carros enormes, aliados a grandes estruturas palacianas. E, com vultuosidade na forma de pregar, manobram as massas com propósito alienados às suas denominações; e, classificaram os empoeirados crentes evangelistas, em leigos, colocando-os como peças de museu nos últimos bancos das igrejas.

As maquinas computadorizadas, não são relacionadas de forma alguma, como sendo um aperfeiçoamento do velho e simples mimeógrafo. Isso para não afetaria o seu estilo futurístico. Da mesma forma, o religioso moderno, freqüentador do (único) culto dominical, insiste ser identificado como “cristão”, para nunca ser confundido com aquele impertinente e inconveniente crente (pobre), de paletó surrado; acirrado em sua fé, que de bíblia na mão, articulava provérbios num batido português de sotaque.

O mimeógrafo, foi um importante meio para a produção de panfletos “subversivos” naqueles “Anos de Chumbo”. Também o crente, de microfone na mão e a Bíblia na outra, pregando em frente aos mercados e feiras, foi um importante mensageiro aos pecadores para sua possível salvação; e, ao mesmo tempo, um árbitro que não se calava frente aos opressores.

Mas apesar do mimeógrafo ter sido substituído pelas megas máquinas futurísticas, há quem diga que em certos lugares desse Brasil varonil, ainda se ver alguns desses dinossauros do mundo gráfico, assolando o ambiente com sua marca inconfundível de cheiro de álcool, fazendo valer as duplicações dos formulários, inclusive em cores diferentes, mostrando ainda, todo seu potencial.

De tal modo, em algum lugar, ainda haveremos de ver aquele crente, que, de gravata amassada, e mangas arregaçadas, andando a pé, sem cartão de crédito, sem salário, sem lugar para dormir; multiplicando seu fruto em trinta, sessenta ou até cem vezes (Mt. 13:23), tão somente, com o potencial da sua velha Bíblia, que mais parecia uma agenda. Aleluia!

PS - Vejam aqui os lendários crentes desses tempos museubatistadosertao.org/batis_pion.html
Sao Luis - MT
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