Ninguém dá o que não tem

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Desde que faço parte do universo evangélico, há um paradoxo que me deixa absolutamente perplexa. Por um lado, me deparo com igrejas que "brotam" do nada, cujos pretensos líderes pregam suas próprias convicções. Durante o culto sempre é citado algum versículo, lido na Bíblia que adorna o púlpito. Mas a leitura é apenas ponto de partida para uma viagem totalmente alheia aos ensinamentos. Tais delírios vão provocando cisões, que multiplicam as denominações, sempre umas contra as outras - e não há o menor controle de um órgão que supervisione tais iniciativas, fornecendo um alvará que garantiria a seriedade do novo templo. E a mídia anuncia: pedófilo abre uma igreja e se faz passar por pastor; tudo é projeção pessoal, sede de poder, rivalidade, sob a afirmativa solene: Em nome de Jesus! Só então Ele é lembrado, com mais vigor quando se trata de abençoar dízimos e ofertas.

Entre os pentecostais, neo-pentecostais, tradicionais - e sabe Deus o que mais, surgem as campanhas do desvario, que pouco se diferenciam de rituais de umbanda: velas, rosas, água, mantos, toalhas... Os católicos têm a CNBB que, em coesão, mantém um olho na missa e outro no padre. E nós? Quantas são as nossas federações e confederações?

Por outro lado, ante todo esse caos, uma preocupação é comum: MISSÕES. Todos querem fazer, patrocinar, criar, organizar, compactuar e verbos outros, com as Missões.

Quando olho para essa imensa bagunça, lembro-me de um ditado antigo, que ouvia de minha avó: ninguém dá o que não tem. Antes de "missionar", deveríamos arrumar a casa.

Paz em Deus.

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Opinião do leitor