Nesta cadeira de rodas eu não me assento!

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Eu creio em Deus, mas nesta cadeira de rodas eu não me assento!

Já faz alguns dias que uma jovem da nossa comunidade nos contou um fato um tanto cômico que me fez dar boas gargalhadas. Ela nos disse que estava em um hospital aqui da nossa cidade, e presenciou um jovem bastante enfermo sendo atendido por uma das enfermeiras daquela casa. Ele estava muito debilitado a ponto de mal conseguir ficar de pé; por falta de leitos naquele hospital que estava lotado de doentes, com toda gentileza aquela enfermeira conseguiu uma cadeira de rodas para o paciente, mas a reação dele foi de total desprezo e ignorância à cadeira e a boa vontade da enfermeira. Ele começou a reclamar dizendo que aquela cadeira tinha sido providenciada pelo diabo para amaldiçoar a sua vida e que de maneira nenhuma ele se assentaria nela. Pois se isto acontecesse ele poderia ficar aleijado, então ele começou a usar aqueles chargões que conhecemos bem:

O sangue de Jesus tem poder!
Tá repreendido satanás, eu não vou ficar aleijado!
Esta maldição não vai me atingir!
Em nome de Jesus eu não vou me assentar nesta cadeira!

Tente agora imaginar aquela cena: O hospital lotado, aquele doente-crente ou melhor aquele crente-doente, irado, expulsando os "demônios"que segundo ele, está usando a enfermeira e esta por sua vez tentando de alguma maneira viabilizar o atendimento daquele rapaz. Este episódio poderia até servir de inspiração para o ator Steve Martim protagonista do filme Fé Demais Não Cheira Bem.

Seria de fato cômico se não fosse trágico, mas esta é a qualidade de fé que está sendo vivida, praticada e propagada em tantas "Igrejas". A enorme interrogação que surge na minha mente é: Que qualidade de fé é esta?

Que qualidade de fé é esta, que crer em Deus e no seu grande poder, mas que tem medo de se assentar em uma cadeira de rodas? Neste caso o Deus que é maior que qualquer enfermidade perde para a cadeira de rodas.

Que qualidade de fé é esta, tão desprovida de gentileza e gratidão, que diz acreditar no amor de Deus, mas que não consegue perceber este amor na atitude de preocupação, de bondade e de cuidado de uma enfermeira que prontamente diz: Eu te ajudo!

Que qualidade de fé é esta, que ousa e que se agiganta nos templos, mas que se acovarda nos corredores dos hospitais?

Que qualidade de fé é esta, que não é capaz de crer que enfermidades no corpo quase sempre são permitidas por Deus para nos curar das enfermidades da alma?

Crendo naquele que é maior do que qualquer cadeira de rodas, a certeza que tenho é que se aquele jovem conhecesse a voz de Jesus, ele ouviria o mestre dizendo:

Levanta-te, toma a cadeira de rodas, vem e segue-me!

prfernandolacerda.blogspot.com

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Opinião do leitor