Nem direita, nem esquerda

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É inútil tentar achar nossas vertentes políticas em Jesus. Inútil tentar achar nele nossos traços, senão traços dele em nós. Ele não é de direita, nem de esquerda, pois não veio ao mundo fazer movimentos políticos ou sociais, mas antes, e acima de tudo, resgatar para si sua criação. Eu sou o que eu sou, foi assim que Deus se apresentou a Moisés, e assim é Cristo: o sujeito e o verbo.

A primeira pessoa do discurso, na mais absoluta singularidade, escolheu não identificar-se com um verbo transitivo para que nenhum objeto o complementasse, embora pudesse muito bem dizer-se eu faço, eu tenho, eu sei. Deus escolheu definir-se apenas pelo verbo e sem nenhum predicativo que se suceda, pois não há adjetivo capaz de caracterizá-lo ou qualificá-lo. Ele é somente verbo e, curiosamente, gramaticalmente um verbo de ligação.

Quando fez-se menor que anjos e habitou entre nós, não deixou de forma alguma esta sua essência divina, mas fez questão de, então, identificar-se por predicativos muito bem definidos pelos artigos: EU SOU O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA. E como o artigo definido sempre exige a especificidade do substantivo, ele mesmo a dá ao complementar: NINGUÉM VEM AO PAI, SENÃO POR MIM, portanto, o único caminho, a única verdade e a única vida. Por isso Paulo o apresenta aos colossenses como o reconciliador de todas as coisas, pois Jesus é mesmo O VERBO, e sempre de ligação, pois é o próprio Deus.

De direita ou de esquerda, nós é que insistimos em ser míopes e em olhar para Jesus reduzindo-o a movimentos, comportamentos e condutas sociais que o alinhe a nós, em vez de nós a ele, ainda dizendo ao seu respeito tratar-se de João Batista; de Elias; Jeremias ou um dos profetas. Não! Jesus É o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.

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Opinião do leitor