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Palavra do leitor

Não temas por temer

"A vida humana não se resume aos instintos, aos impulsos e aos apetites, porque nos eleva a sermos seres de escolhas e de decisões morais, com uma inata percepção de fazer o que é certo e se desviar do errado; do errado de fazer do outro em algo, em uma coisa, em um mero meio para nossos deleites, nossos interesses e nossas convicções. Agora, embora tenhamos alcançado incontestáveis avanços e transformações de ordem científica e técnica, estamos diante de cenários marcados por uma entrega as fantasias e aos delírios e isto nos remete a sermos instintos, impulsos e apetites’’.

Texto de Isaías 41: 10 - "Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a destra da minha justiça. "

As eleições acabaram, por aqui, em nosso país, após um período de tensões e hostilidades, dos mais variados campos. Nessa linha de constatações feitas, com o aceno de uma parte se direcionar a ser uma oposição ferrenha e, agora, a outra deverá enfrentar tais situações, indiscutivelmente. Em meio ao que nos espera, daqui adiante, o receio bate à porta, os acontecimentos dos próximos quatro anos, embora as previsões de término de ano farão suas especulações, não é mesmo. Sem sombra de dúvida, considero um dos motivos de inquietações, por parte de quem alentava uma outra diretriz, se assenta numa sensação de desamparo e de impotência, como se não pudesse regular os rumos dos acontecimentos. Devo dizer, como o tenho feito, o quanto não temos controle sobre tudo, o quanto nem tudo o que acontece é por nossa causa, o quanto faltou do outro lado e para onde todas essas situações querem nos levar.

É bem verdade, muitos oraram, certo, muitos jejuaram, certo, muitos fizeram promessas, certo, e parece ter havido uma inclinação de Deus para atender ou permitir o ascender do outro lado. Sinceramente, o receio sempre mexe e remexe diretamente com uma certeza, ou seja, a certeza de nossas fragilidades, de nossas vulnerabilidades, de nossas debilidades e de que nossa jornada com o Deus Ser Humano Jesus Cristo não se restringe a este ou aquele movimento, dentro do tempo e espaço. Evidentemente, durante quatro anos, trilhamos por entrechoques, para lá e cá, com ataques ferozes tanto de um quanto de outro lado, com o cenário endêmico de uma pandemia, com os interesses acima da integridade e da decência. Decerto, muitos se encontram como desalentados e até traídos por Deus, como abandonados e deixados à própria sorte. Diametralmente oposto, não somos marionetes, não somos ventríloquos, não somos adestrados, não somos caricaturas de cartas marcadas, somos filhos e filhas das notícias criativas para não abrir mão de verdades objetivas, do conhecimento libertador, da esperança que nos motiva e orienta a ir adiante, mesmo diante dos receios.

Dou mais uma pinçada, os receios como parte de quem está na vida, com suas perdas, com suas tragédias, com seus dissabores e, enquanto estivermos, por aqui, apresenta-se como as linhas e entrelinhas por onde escreveremos nossas andanças, deixaremos nossas pegadas, formaremos nossos legados. Não por menos, o texto de Isaías, ora em comento, de maneira alguma veem, até nós, como uma caixinha de perguntas e respostas, como um mágico com sua varinha e seu chapéu, com previsões convenientes. Sim e sim, encontramos ânimo, encontramos o vamos lá, encontramos o não se envergonhar, por causa das quedas, encontramos o abraço de alento, encontramos a paixão para não perder de vista a intensidade e veracidade pela vida, encontramos porções diárias do avivamento da Cruz do Ressurreto, encontramos a oração que anos aproxima uns aos outros, que nos faz estar presente na realidade do outro, que nos faz vivenciarmos a sabedoria para estar com o outro, a santidade para ser benéfico ao outro.

Ademais, os receios não saíram dos roteiros da vida e, ao nosso lado, podemos ponderar com o Deus sem dedos de julgamento e, desavergonhadamente, comprometido a nos ajudar e quanto temer, ir ao coração-útero do evangelho, despir-se e permitir ser despido para um novo momento de leitura da realidade e da sua realidade.
São Paulo - SP
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