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Palavra do leitor

Não somos apenas números!

"Os que aceitaram a mensagem foram batizados, e naquele dia houve um acréscimo de cerca de três mil pessoas." (Atos 2.40)

Após o discurso inflamado do apóstolo Pedro após a vinda do Espírito Santo no dia de Pentecostes, o historiador Lucas registra um extraordinário número de conversões a Cristo – três mil pessoas! Um número impressionante para a primeira mensagem evangelística de um dos seguidores íntimos do nazareno crucificado 50 dias antes. O registro bíblico-histórico nos informa que a multidão reunida em Jerusalém naquele dia estava composta por judeus, devotos, vindos de todas as nações do mundo. E sabemos que o grau de devoção religiosa de um judeu, especialmente naquela época, era extremo, além do fato de que o Gólgota ainda estava com as manchas de sangue do Jesus que eles clamaram pela crucificação. Isso é impressionante: multidões de judeus, devotos, passaram a acreditar no Cristo que antes rejeitavam, pelo poder da mensagem de um simples pescador da Galiléia, cheio do Espírito Santo. Mas os números não pararam por aí, pois “o Senhor lhes acrescentava diariamente os que iam sendo salvos” (Atos 2.47). Pois bem, o crescimento numérico da Igreja primitiva demonstrava o poder de Deus impactando o mundo através da vida dos apóstolos, para os quais não apenas importava os números impressionantes de pessoas que se somavam a eles, mas principalmente a salvação delas, pois sabiam que por elas Jesus havia morrido. É por isso que se dedicavam com afinco à oração e ao ministério da Palavra (Atos 6.4).

Já li o artigo de um escritor que disse ser o cristianismo a religião da indiferença. Ele alegava que são multidões e mais multidões que, desde o Pentecostes até os dias atuais, professaram fé em Jesus. E questionava: será que esse Jesus existe e sabe que essas milhões de pessoas existem também? Eu responderia a esse defensor da “indiferença” que, em primeiro lugar, a vinda e a vida de Jesus não são uma farsa. Jesus Cristo de Nazaré verdadeiramente viveu nesta terra, foi gerado no ventre de Maria, cresceu numa cidade humilde, reuniu um grupo de discípulos e pregou o Reino dos céus dos 30 aos 33 anos, sendo com esta idade preso e crucificado pelas verdades que pregava, as quais os líderes religiosos judeus não podiam suportar. Os historiadores e arqueólogos tem descoberto a cada dia mais e mais evidências do Jesus histórico. Em segundo lugar, responderia que a ressurreição de Jesus não é uma farsa. A mentira que os religiosos judeus inventaram (que o corpo de Jesus havia sido roubado pelos seus seguidores) não teve forças para impedir que a verdade prevalecesse, assim como aquela pesada pedra não pode segurar Jesus no túmulo comprado por José de Arimatéia. Jesus realmente ressuscitou e isso foi confirmado por muitas testemunhas que ouviram suas palavras, viram as marcas dos cravos e presenciaram seu retorno ao Pai, cheio de glória e poder. Se você for a Jerusalém irá ver o túmulo vazio onde Jesus ficou por apenas três dias. Aleluia! Em terceiro lugar, responderia que os documentos bíblicos não são uma farsa. As descobertas dos rolos nas cavernas de Qunram - contendo os manuscritos antiguíssimos de partes da Bíblia Sagrada, inclusive de alguns Evangelhos - impressionou arqueólogos e historiadores do mundo todo. Também os relatos registrados por Lucas causam admiração entre os historiadores pela precisão histórica.

Diante das evidências, é incontestável a verdade de que Jesus é real, que está vivo e que aquilo que foi registrado acerca dele é a mais pura verdade, digna de toda aceitação. Então, o colega escritor está errado e posso afirmar com segurança que nós, cristãos sinceros, não somos apenas números sem importância que seguem e acreditam numa coisa sem sentido. Não mesmo, amigos leitores. Nós seguimos ao Cristo verdadeiro e pessoal, transcendente (está acima de tudo e todos), mas ao mesmo tempo imanente (está no meio de nós). Ele mesmo disse: “eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos”. Não devemos nos sentir como um “grão de areia” sem valor algum no meio da multidão. Jesus nos vê e sabe quem somos, particularmente. Quando esteve na terra caminhou com seus discípulos, foi gentil com as mulheres, abraçou as criancinhas, dialogou com os desprezados, tocou nos leprosos, foi censurado por ser amigo de publicanos e pecadores e pediu ao Pai perdão para os seus inimigos.

Definitivamente, o cristianismo não é a religião da indiferença. Jesus declarou-nos o seu amor e elevou-nos a condição de seus amigos: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos (...) Já não os chamo servos, porque os servos não sabem o que o seu senhor faz. Em vez disso eu os tenho chamado amigos, porque tudo que ouvi de meu Pai lhes tornei conhecido” (João 15.13-15). Lembro-me de uma das aulas de meu inesquecível professor de Evangelhos no seminário, quando afirmou: “O cristianismo é diferente de todas as religiões, pois enquanto estas demonstram a busca do homem por Deus, aquele representa Deus em busca do homem”. Tal afirmativa encontra base nos textos de João 15.16: “Vocês não me escolheram, mas eu os escolhi...”, e de João 3.16: “Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereçam, mas tenha a vida eterna”. Portanto, irmãos, não somos apenas números no Reino de Deus, simplesmente mais um na multidão, unidades contadas nos sensos religiosos que mostram a quantidade de cristãos no mundo. Somos muito mais do que números. Nós sabemos quem é Jesus e Ele sabe quem somos, e além disso se compadece das nossas fraquezas (Hebreus 4.15), e vive sempre para interceder por nós (Hebreus 7.25).

Nota: Todas as referências bíblicas mencionadas nesse artigo foram extraídas da NVI (Nova Versão Internacional).
São Bernardo Do Campo - SP
Textos publicados: 43 [ver]
Site: http://www.crencaevivencia.blogspot.com.br
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