Palavra do leitor
- 22 de setembro de 2009
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Não sei lidar com Deus (Parte final)
"Voltar para Deus, voltar-se para Deus, uma angustiante rota de dor e dúvidas." Parte final da carta de Magno Aquino ao rev. Edson Alves.
Ainda me sinto interno, foi uma experiência sem precedentes: ser um interno de um centro de recuperação de mendigos.
Agora é voltar, pra onde, e como voltar pastor? Insisto que ser crente deveria ser fácil, já que é fácil pra quem nasce crente; penso nisso o tempo todo; nascendo crente poderia estar em qualquer lugar que quisesse e seria um homem feliz, não aqui à cata duma fé construída a ferro e fogo; e perdi como se perde um jogo de pôquer, sem perceber. Não herdei a minha fé. E comunhão é coisa que deve existir só na minha cabeça; queria falar muita coisa pra Deus, se falasse eu melhoraria muito. Sararia até.
Não entendo de comunhão, leio a Bíblia e concluo, objetivamente concluo; permanecer longe das armas, e das drogas, e do roubo e da violência e do passado, essa, pastor é a religião que aprendi na Bíblia; têm mais coisas, eu sei, mas quando lembro o que Deus já fez de bom, contento-me com o que tenho e me calo, pedir mais alguma coisa pode piorar a situação.
Olho aquele dia pastor Edson, quando levantei a mão e me lembro das seis paradas por overdose de “artani” moído e PCP e penso que só fui lá à frente por puro desespero, só por não ter mais a quem recorrer, só por entender que eu “já era”, por estar cansado demais daquela vida toda, cansado pra continuar fugindo e me jogando por aí, na esperança de que uma hora qualquer alguma coisa acontecesse, nem precisava ser boa de verdade, não tão ruim com de costume já seria lucro.
Não havia um sentimento bom ou nobre em minha decisão de ser crente; igual às pessoas que decidem nobremente seguir o Evangelho; só desespero, só cansaço pra apresentar lá na frente, nada que prestasse ou chamasse a atenção de Deus; mãos sujas e um coração pesado, oferta de Caim. Quem quer isso? Deus não haveria de querer.
Tem um versículo que diz: “Quero trazer à memória aquilo que me pode dar esperança.” A dimensão desse desejo é enorme, amplia-me, sinto certa alegria pensando. Esperança é uma palavra que tento evitar, há um peso, uma ilusão nessa palavra, mas termino por “tropeçar” nela todo o tempo: versículo, música, artigos, textos devocionais, até na pregação o pr. Arnaldo destaca a esperança, além da sua carta pastor; “receitando” o salmo 40.
Ainda agorinha eu parei de escrever esta carta, hora do culto e adivinha o texto do sermão? Salmo 40... Irritou-me a princípio, mas depois me concentrei e sem motivo aparente me alegrei ouvindo sobre confiança; não foi assim me alegrar sobremaneira, me senti bem. Leio o salmo repetidamente, mudo de versão e sempre a mesma coisa, parece ter vida própria (é só um jeito de falar), pois cada parte me toca, é esse o termo, me toca, incomoda, perturba; é desconfortável e conforta (viiiich!).
Penso, quando leio, que uma hora será minha hora de ser o protagonista do salmo 40 (to pirando né?), Ele vai se inclinar pra mim e finalmente vai me ouvir o clamor, e olha que eu tenho clamado pra dedéu; ouvir é sinônimo de atender. A outra parte já foi, a que fala do poço de lama e perdição, Ele já me tirou desse poço maldito, então, Ele é fiel pra terminar o que começou, não é assim? Ou eu me agarro nisso ou morro. Tô tentando praticar a esperança. Se der errado deu.
Aí fica a parte de firmar os meus pés sobre a Rocha, me firmar os passos; pra depois chegar à parte visceral: “Me pôs nos lábios uma nova canção!”, nessa parte sem Ele não vai dar, cântico novo vem do coração, mas vem antes do coração d’Ele. Canção do céu, aloprei de vez. Mas é assim que as coisas estão nesse momento na minha cabeça, é um processo, pois a boca fala do que o coração está cheio; nova canção só pode sair de coração novo, mas não posso me reconverter. Mas posso pedir arrego, posso dizer que se pra Ele tiver tudo bem que eu quero tentar de novo. Do jeito d’Ele.
Ta entendendo pastor? A resposta pode vir pela palavra, novo coração; a partir daí as coisas podem se encaixar; Deus entra com a boa vontade de resolver as coisas, Ele tem boa vontade, Ele não vai me deixar com esperança pra depois me largar na mão, vai?
Fica faltando resolver o problema da fé, mas não é falta total de fé não, é só fé pequena, fé sem prática, mas deve servir pra começar, precisa servir, é o que tenho. Meio que do nada eu me vejo animado, esperançoso até, como se uma coisa boa estivesse a ponto de acontecer pastor. Eu não vou me animar demais pra não parecer falta de reverência, mas Ele olhou na minha direção, tenho certeza que olhou.
Obs: O restante da carta é entre o autor e Deus, o artigo foi baseado no manuscrito, mas o pastor tem a carta original com data de postagem; "quase" completa.
(Ex-interno do centro de recuperação de mendigos - Missão Vida)
www.mvida.org.br conheça-nos.
www.sola-scriptura.com O prazer da leitura bíblica!
Ainda me sinto interno, foi uma experiência sem precedentes: ser um interno de um centro de recuperação de mendigos.
Agora é voltar, pra onde, e como voltar pastor? Insisto que ser crente deveria ser fácil, já que é fácil pra quem nasce crente; penso nisso o tempo todo; nascendo crente poderia estar em qualquer lugar que quisesse e seria um homem feliz, não aqui à cata duma fé construída a ferro e fogo; e perdi como se perde um jogo de pôquer, sem perceber. Não herdei a minha fé. E comunhão é coisa que deve existir só na minha cabeça; queria falar muita coisa pra Deus, se falasse eu melhoraria muito. Sararia até.
Não entendo de comunhão, leio a Bíblia e concluo, objetivamente concluo; permanecer longe das armas, e das drogas, e do roubo e da violência e do passado, essa, pastor é a religião que aprendi na Bíblia; têm mais coisas, eu sei, mas quando lembro o que Deus já fez de bom, contento-me com o que tenho e me calo, pedir mais alguma coisa pode piorar a situação.
Olho aquele dia pastor Edson, quando levantei a mão e me lembro das seis paradas por overdose de “artani” moído e PCP e penso que só fui lá à frente por puro desespero, só por não ter mais a quem recorrer, só por entender que eu “já era”, por estar cansado demais daquela vida toda, cansado pra continuar fugindo e me jogando por aí, na esperança de que uma hora qualquer alguma coisa acontecesse, nem precisava ser boa de verdade, não tão ruim com de costume já seria lucro.
Não havia um sentimento bom ou nobre em minha decisão de ser crente; igual às pessoas que decidem nobremente seguir o Evangelho; só desespero, só cansaço pra apresentar lá na frente, nada que prestasse ou chamasse a atenção de Deus; mãos sujas e um coração pesado, oferta de Caim. Quem quer isso? Deus não haveria de querer.
Tem um versículo que diz: “Quero trazer à memória aquilo que me pode dar esperança.” A dimensão desse desejo é enorme, amplia-me, sinto certa alegria pensando. Esperança é uma palavra que tento evitar, há um peso, uma ilusão nessa palavra, mas termino por “tropeçar” nela todo o tempo: versículo, música, artigos, textos devocionais, até na pregação o pr. Arnaldo destaca a esperança, além da sua carta pastor; “receitando” o salmo 40.
Ainda agorinha eu parei de escrever esta carta, hora do culto e adivinha o texto do sermão? Salmo 40... Irritou-me a princípio, mas depois me concentrei e sem motivo aparente me alegrei ouvindo sobre confiança; não foi assim me alegrar sobremaneira, me senti bem. Leio o salmo repetidamente, mudo de versão e sempre a mesma coisa, parece ter vida própria (é só um jeito de falar), pois cada parte me toca, é esse o termo, me toca, incomoda, perturba; é desconfortável e conforta (viiiich!).
Penso, quando leio, que uma hora será minha hora de ser o protagonista do salmo 40 (to pirando né?), Ele vai se inclinar pra mim e finalmente vai me ouvir o clamor, e olha que eu tenho clamado pra dedéu; ouvir é sinônimo de atender. A outra parte já foi, a que fala do poço de lama e perdição, Ele já me tirou desse poço maldito, então, Ele é fiel pra terminar o que começou, não é assim? Ou eu me agarro nisso ou morro. Tô tentando praticar a esperança. Se der errado deu.
Aí fica a parte de firmar os meus pés sobre a Rocha, me firmar os passos; pra depois chegar à parte visceral: “Me pôs nos lábios uma nova canção!”, nessa parte sem Ele não vai dar, cântico novo vem do coração, mas vem antes do coração d’Ele. Canção do céu, aloprei de vez. Mas é assim que as coisas estão nesse momento na minha cabeça, é um processo, pois a boca fala do que o coração está cheio; nova canção só pode sair de coração novo, mas não posso me reconverter. Mas posso pedir arrego, posso dizer que se pra Ele tiver tudo bem que eu quero tentar de novo. Do jeito d’Ele.
Ta entendendo pastor? A resposta pode vir pela palavra, novo coração; a partir daí as coisas podem se encaixar; Deus entra com a boa vontade de resolver as coisas, Ele tem boa vontade, Ele não vai me deixar com esperança pra depois me largar na mão, vai?
Fica faltando resolver o problema da fé, mas não é falta total de fé não, é só fé pequena, fé sem prática, mas deve servir pra começar, precisa servir, é o que tenho. Meio que do nada eu me vejo animado, esperançoso até, como se uma coisa boa estivesse a ponto de acontecer pastor. Eu não vou me animar demais pra não parecer falta de reverência, mas Ele olhou na minha direção, tenho certeza que olhou.
Obs: O restante da carta é entre o autor e Deus, o artigo foi baseado no manuscrito, mas o pastor tem a carta original com data de postagem; "quase" completa.
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