Palavra do leitor
- 15 de setembro de 2009
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Não sei lidar com Deus (2ª parte)
Segunda parte da carta que Magno aquino escreveu para o seu pastor,rev. Edson, abrindo a sua alma, revelando os seus medos e declarando-se confuso a respeito do perdão e do amor de Deus.
Já não sofro os "grandes pecados" de blasfêmia, violência e roubo e sangue, ou mortes; amedrontam-me os miúdos, com cara de ingênuos, mas que ferem, desapontam deixando um gosto ruim na boca das pessoas da igreja que lutam consigo mesmas pra não me odiarem mais. Passo horas, dias gasto na improdutiva tarefa de listar nomes e ofensas; se me deprimo só de lembrar, fico imaginando o que vai pela cabeça das pessoas. Angustio-me; minhas cólicas pioram de tanto pensar nisso. Sofro pra dedéu, é sério, sofro.
Por quanto tempo um crente pode ouvir mentiras, ofensas, insultos e perdoar, e estender a mão, e sorrir e ajudar de novo como se ajudasse pela primeira vez, e até saudar com a paz do Senhor?! Escrevo intermináveis cartas com pedidos de perdão, pedidos sinceros; por prudência não as envio, as pessoas certamente sofrerão segunda vez por se lembrarem o quão vil me portei. Se bem que de onde vim tem um ditado: “Quem bate esquece, quem apanha não esquece.”
Orei e jejuei nos últimos dias; nunca me aborreci tanto. Pensei que orando e jejuando encontraria Deus em dias melhores, mais atencioso tal; qual nada! Até o Domingos que me tratava bem me escamou por ninharias. Por causa de um interno folgado o pr. Arnaldo me disse poucas e boas! E parece que todos os internos têm um plano pra me atazanar. Porque as pessoas jejuam? Nada de bom acontece durante o jejum.
Com o Senhor Espírito Santo as coisas vão bem; na oração até falei: “Meu velho novo amigo, Senhor Espírito Santo...” Quando falo com Ele, e tenho conversado com Ele nas madrugadas, eu sempre O trato por Senhor Espírito Santo, bem formal; é Deus. Ainda não consigo orar por mim, mas aprendo que orar pelas pessoas é uma forma de presenteá-las, poupá-las, protegê-las com a presença constante do Senhor; como não é pra mim mesmo disparo pedindo, peço lá pra casa, pra sua casa pastor e pra casa do Paulo. Orar pelas pessoas tem essa vantagem, Ele ouve, e atende.
Não sei se estou mais perto de Deus; certo é que passo muito tempo pensando em Deus, é quase uma convivência; sinto-me tranqüilo às vezes, sinto-me quase filho, tipo assim, o pastor deve sentir isso por inteiro; mas nunca fui lá grande coisa como filho, nem pra mamãe, nem pra Deus. Na boa pastor, sei que não sou a ovelha dos sonhos de ninguém, nem do senhor, sem grilo, sei quem sou.
Obedecer me submeter, acatar as ordens docemente, é o que o Paulo me propôs, anotei tudo; mas obedecer do jeito que ele quer, isso leva tempo; gasto tempo considerável pra me organizar mentalmente e obedecer todo mundo aqui e em silêncio, sem questionar; tarefa espinhosa pra um sujeito que passou a vida desobedecendo a mãe, o mundo, o pastor, a Igreja. Sou interno da Missão Vida, eu obedeço, não preciso gostar de obedecer, só tenho que obedecer, mesmo com muita raiva, ainda assim, obedeço, aqui funciona assim; mesmo quando eu não gostar vai continuar funcionando desse jeito, então me calo de vez, me submeto. Tem hora que sou muito infeliz aqui na Missão Vida, não é toda hora, mas tem hora que é difícil demais da conta ser interno e ficar.
Dª Eunice falou que é possível levar a vida inteira pra começar a aprender a obedecer (ela ligou, no celular do pr. Arnaldo, putzgrila! Alegrou o meu dia!). Dª Álmen disse que a disciplina pode me fazer um sujeito feliz, eu falo sujeito, mas Dª Álmen não chamaria alguém de sujeito. Dª Noeme, também numa carta disse que Deus vai atender as minhas necessidades, pois eu ponho-me e a minha fé a serviço dos irmãos; ela falou assim, ela é uma mulher santa e só fala coisa boa, até de mim. Paulo e Lúcia, unânimes: “Minha vida muda quando as atitudes mudarem.” Sempre à queima-roupa.
Aí pastor, o senhor disse que eu reúno todas as condições pra não estar vivo. Todo mundo ta certo, até Dª Noeme com o negócio lá da fé a serviço dos irmãos, afinal eu oro por eles né? A dificuldade maior mesmo é com Deus, é complicado tratar as coisas com Ele, e não tem escape, cedo ou tarde terei que despregar os olhos do chão, e olhar pra Ele; o difícil rev. Edson é que Ele ta sempre desapontado; e eu não consigo, não posso fazer nada pra mudar isso, imagine o desespero pastor!
Até me preparo pra dizer alguma coisa boa, mas já tem sempre uma pá de coisa que não presta que fiz, falei, pensei; aí trava tudo. Saio de cena, olho pro chão. Eu queria mesmo era uma chance de orar direito, fazer tudo direito.
Quem sabe receber um olhar de aprovação.
Continua...
(ex-interno do centro de recuperação de mendigos – Missão Vida)
www.mvida.org.br Conheça-nos!
www.sola-scriptura.com O prazer da leitura bíblica!
Já não sofro os "grandes pecados" de blasfêmia, violência e roubo e sangue, ou mortes; amedrontam-me os miúdos, com cara de ingênuos, mas que ferem, desapontam deixando um gosto ruim na boca das pessoas da igreja que lutam consigo mesmas pra não me odiarem mais. Passo horas, dias gasto na improdutiva tarefa de listar nomes e ofensas; se me deprimo só de lembrar, fico imaginando o que vai pela cabeça das pessoas. Angustio-me; minhas cólicas pioram de tanto pensar nisso. Sofro pra dedéu, é sério, sofro.
Por quanto tempo um crente pode ouvir mentiras, ofensas, insultos e perdoar, e estender a mão, e sorrir e ajudar de novo como se ajudasse pela primeira vez, e até saudar com a paz do Senhor?! Escrevo intermináveis cartas com pedidos de perdão, pedidos sinceros; por prudência não as envio, as pessoas certamente sofrerão segunda vez por se lembrarem o quão vil me portei. Se bem que de onde vim tem um ditado: “Quem bate esquece, quem apanha não esquece.”
Orei e jejuei nos últimos dias; nunca me aborreci tanto. Pensei que orando e jejuando encontraria Deus em dias melhores, mais atencioso tal; qual nada! Até o Domingos que me tratava bem me escamou por ninharias. Por causa de um interno folgado o pr. Arnaldo me disse poucas e boas! E parece que todos os internos têm um plano pra me atazanar. Porque as pessoas jejuam? Nada de bom acontece durante o jejum.
Com o Senhor Espírito Santo as coisas vão bem; na oração até falei: “Meu velho novo amigo, Senhor Espírito Santo...” Quando falo com Ele, e tenho conversado com Ele nas madrugadas, eu sempre O trato por Senhor Espírito Santo, bem formal; é Deus. Ainda não consigo orar por mim, mas aprendo que orar pelas pessoas é uma forma de presenteá-las, poupá-las, protegê-las com a presença constante do Senhor; como não é pra mim mesmo disparo pedindo, peço lá pra casa, pra sua casa pastor e pra casa do Paulo. Orar pelas pessoas tem essa vantagem, Ele ouve, e atende.
Não sei se estou mais perto de Deus; certo é que passo muito tempo pensando em Deus, é quase uma convivência; sinto-me tranqüilo às vezes, sinto-me quase filho, tipo assim, o pastor deve sentir isso por inteiro; mas nunca fui lá grande coisa como filho, nem pra mamãe, nem pra Deus. Na boa pastor, sei que não sou a ovelha dos sonhos de ninguém, nem do senhor, sem grilo, sei quem sou.
Obedecer me submeter, acatar as ordens docemente, é o que o Paulo me propôs, anotei tudo; mas obedecer do jeito que ele quer, isso leva tempo; gasto tempo considerável pra me organizar mentalmente e obedecer todo mundo aqui e em silêncio, sem questionar; tarefa espinhosa pra um sujeito que passou a vida desobedecendo a mãe, o mundo, o pastor, a Igreja. Sou interno da Missão Vida, eu obedeço, não preciso gostar de obedecer, só tenho que obedecer, mesmo com muita raiva, ainda assim, obedeço, aqui funciona assim; mesmo quando eu não gostar vai continuar funcionando desse jeito, então me calo de vez, me submeto. Tem hora que sou muito infeliz aqui na Missão Vida, não é toda hora, mas tem hora que é difícil demais da conta ser interno e ficar.
Dª Eunice falou que é possível levar a vida inteira pra começar a aprender a obedecer (ela ligou, no celular do pr. Arnaldo, putzgrila! Alegrou o meu dia!). Dª Álmen disse que a disciplina pode me fazer um sujeito feliz, eu falo sujeito, mas Dª Álmen não chamaria alguém de sujeito. Dª Noeme, também numa carta disse que Deus vai atender as minhas necessidades, pois eu ponho-me e a minha fé a serviço dos irmãos; ela falou assim, ela é uma mulher santa e só fala coisa boa, até de mim. Paulo e Lúcia, unânimes: “Minha vida muda quando as atitudes mudarem.” Sempre à queima-roupa.
Aí pastor, o senhor disse que eu reúno todas as condições pra não estar vivo. Todo mundo ta certo, até Dª Noeme com o negócio lá da fé a serviço dos irmãos, afinal eu oro por eles né? A dificuldade maior mesmo é com Deus, é complicado tratar as coisas com Ele, e não tem escape, cedo ou tarde terei que despregar os olhos do chão, e olhar pra Ele; o difícil rev. Edson é que Ele ta sempre desapontado; e eu não consigo, não posso fazer nada pra mudar isso, imagine o desespero pastor!
Até me preparo pra dizer alguma coisa boa, mas já tem sempre uma pá de coisa que não presta que fiz, falei, pensei; aí trava tudo. Saio de cena, olho pro chão. Eu queria mesmo era uma chance de orar direito, fazer tudo direito.
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