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Palavra do leitor

Não matarás, depende do ponto de vista!

Na última quarta - feira, em 02 de Fevereiro de 2011, pude comprovar, novamente, a daninha tedência do ser humano a efeito de regurgitar a vida.

De maneira mais específica, os episódios de um jovem, nos seus vinte e dois anos, em função de não aceitar as solicitações dos genitores para conseguir um emprego, decidiu, então, assassiná-los. Sem dó nem piedade, esfaqueou-os. Não batassem tamanha bestialidade, procurou conjecturar a ocorrência de um roubo e, de tal modo, pudesse justificar as duas mortes.

Lastimavelmente, o desrespeito ao próximo foi adiante, a revelação de uma jovem que estrangulou uma menina de seis anos. Para efetuar esse ato macabro, utilizou os cadarços de um tênis.

Vale dizer, diante desses acontecimentos, mormente nos choquem, a tendência será culminarem no esquecimento.

Mesmo assim, parto para uma observação sobre a ausência, cada vez maior, de respulsa e rejeição no tocante a pauperização da vida. Nisto, pouco ou nada importa, senão a prevalência dos ditos meus interesses, meus anseios, meus intentos e só.

É bem verdade, essas duas histórias macabras e insanas retratam a concreção de uma espécie de jogos mortais da vida real. Nessa mesma linha de raciocínio, escrutino a supressão inexorável do próximo, seja dentro de uma dimensão coletiva (as cenas de genocídio na Líbia, por exemplo), comunitária e individual.

Deveras, percebo uma aguda crise de valores éticos norteadores do ser humano. Diga - se de passagem, tornamo - nos partícipes de uma cultura reificadora, ou seja, portamo - nos como objetos e tratamos o próximo, segundo a mesma vertente.

Não para por aqui, aceitamos de bom grado a forma de vida utilitária, relativista e individualista. Eis a tônica de uma contextualidade permeada e plasmada por esferas sociais, econômicas, políticas, culturais, tecnológicas e religiosas, cujo discurso do sucesso dita as regras. Destarte, estamos diante de uma pós - modernidade, sem um lastro axiológico a fim de traçar direções adequadas ao ser humano.

Afinal de contas, somos bombardeados, afanosamente, para ir em direção a satisfação pessoal. Indo ao mandamento ''não matarás'', parece que tem sido acrescido o requisito - ''depende do ponto de vista''.

Sem titubear, avançamos nessa elucubração, não matarás a um estado dantesco de concebe a vida como algo de pouca monta. Assim sendo, os homicídios pueris representam a ponta do iceberg.

Digo isso, em decorrência de que as pessoas vitimadas pelas enchentes configuram também uma incursão ao não matarás. De todas essas análises, indo ao pêndulo da história, deparamo - nos com a postura referente a resposta da por Caim - ''sou eu responsável pelo meu irmão''.

A grosso modo, deveríamos inquirir como cristão:

- Sou eu responsável por promover e ressoar a esperança, a justiça, a paz, a alegria, ou seja, utopias possíveis e perceptíveis no cotidiano?

- Devo, então, responder por um evangelho fomentado e arraigadona comunhão espiriutal e humana?

Aliás, enquanto trilharmos por uma dimensão evangelical adaptada ao meu foro íntimo, os infortúnios que estão ao nosso lado não passaram de uma mera leitura. Dou mais uma pincelada sobre esse período de perda de sentido e encararmos as agruras dessa vida, mas sem nada a ser feito.

A guisa dessas palavras, o amor de muitos se esfriariam, conforme as palavras de Jesus. Mesmo diante dessa sentença imperativa, a Igreja deve ser o reduto por onde as pessoas desfrutem do resgate da dignidade do ser (comprometido e compromissado com o próximo).

Isto implica vivermos a mais autêntica e portentosa manifestação dos milagres. Em outras palavras, a capacidade parar dizer não a um sistema voltado a nos levar ao conformismo.

Diametralmente oposto, somos chamados para os outros, sermos sal e luz no movimento e na mudança da história de cada dia (por meio do discipulado, do serviço e da tolerância). Por conseqüência, sem nos vermos como acima do bem e do mal, portadores da verdade única totalitária, se estivéssemos munidos de uma autoridade para incluir ou excluir.

Sumamente, não matarás o próximo no seu direito e dever de uma inter – relação aberta, franqueada, transparente e sincera com Deus. Nota – se, não matarás o papel de participar e see engajar na irradição do Reino de justiça, de paz e alegria. Portanto, não matarás o próximo, independentemente do ponto de vista, no seu direito e dever de ser imagem e semelhança do viver, de Cristo.
São Paulo - SP
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